42º CBPP: A inovação acelera o transporte rodoviário

Ao redor de 100 milhões de brasileiros, portanto, perto da metade da população do País, simplesmente não teriam na sua grande maioria renda para adquirir passagens de avião, razão pela qual o transporte rodoviário adquire uma importância central em suas vidas. E ainda mais se surge um aplicativo capaz, nos últimos 3 anos, de reduzir em 50% o valor cobrado pelas empresas tradicionais. Daí porque atraiu tanta atenção a Palestra Técnica 29, no último dia 22 de outubro  do 42º Congresso Brasileiro da Previdência Complementar, onde Marcelo Abritta, CEO e Fundador da Buser, expôs o que a seu ver são os motivos que explicam o êxito de sua empresa na tarefa de reinventar a experiência de se viajar de ônibus, replicando nas estradas a revolução que a Uber e a 99 fizeram no asfalto das cidades.

Uma das razões, como se viu na palestra técnica voltada para o tema “Impacto Social na Diversificação de Portfólio: Como a Inovação pode Transformar o Setor Logística e a Mobilidade Brasileira”, são os valores mais baixos cobrados dos passageiros e que, segundo Abritta, já proporcionam uma economia por ano que totaliza nada menos de R$ 1 bilhão. “Somos a ponta S (Social)  do fenômeno ESG”, comentou.

O dragão que a Buser enfrenta, parece que com sucesso, é o modelo de concessão de linhas através do qual uma empresa concessionária explora o serviço de transporte intermunicipal, ligando com exclusividade uma cidade a outra. Já a plataforma pratica o que se chama de “fretamento seletivo”, pelo qual empresas de aluguel de ônibus regulamente autorizadas são contratadas para uma viagem, cujo custo é rateado e assim diluído entre passageiros interessados em locomover-se até aquele destino.

Com a passagem do tempo a Buser aprimorou a sua operação e passou a trabalhar não apenas com ônibus, mas também micro ônibus e vans.

Criada a competição, as próprias concessionárias monopolistas estariam tratando de melhorar os seus serviços de diferentes formas. “Este é um benefício indireto que a Buser está trazendo ao mercado”, notou Abritta, no que parece ser mais uma prova de que a inovação pode vencer a acomodação.

Se não explica tudo, a tal acomodação ajuda a entender porque tantas décadas de apego a um modelo de transporte criaram visões e práticas arraigadas, capazes de colocar não poucas pedras no caminho da Uber, que no início tornou-se alvo das agências reguladoras estaduais. A plataforma de Abritta teve que brigar na Justiça  e o que permitiu avançar foram as vitórias conseguidas junto a juízes e tribunais nos estados. Ele não arrisca um número, mas em pelo menos metade do País a reação à novidade arrefeceu o suficiente para motivar uma razoável dose de otimismo. São concretos os avanços conseguidos nas legislações de vários estados.

Pode parecer até pouco numa época em que o e-commerce bate recordes, mas talvez não seja tanto assim, considerando o tradicionalismo do setor. Hoje, 20% das passagens no País já são compradas pela internet, contra a metade disso há 1 ano. O restante ainda fica por conta dos guichês das companhias nas rodoviárias.

O exemplo alemão   –   O potencial pode ser enorme. Basta ver o que aconteceu na Europa, observa Abritta, segundo quem em apenas 5 anos a malha rodoviária alemã tornou-se maior do que a ferroviária. Além da Alemanha, França e Reino Unido estudam regular melhor o novo modelo.

Atualmente a Buser se utiliza em média de 700 veículos (ônibus, micro ônibus e vans), número que nos feriados chega perto de dobrar, sendo todos pertencentes a mais de uma centena de empresas parceiras. Estas últimas são atraídas não só pelo que faturam com o aluguel e prestação de serviços, mas também pela chance de participarem da compra compartilhada de ônibus, pneus e combustível, entre outros itens, o que permite ganhar escala e cortar custos.

E, como o ponto de apoio da Buser em muitas cidades menores fica fora das rodoviárias, muitas delas deterioradas, a chegada da plataforma acaba movimentando o comércio local e gerando mais oportunidades de ganhos.

Guilherme Sousa, sócio da Itajubá Investimentos, salientou que ainda são em grande maioria estrangeiros os investidores em fundos que vem participando dessa revolução, mas disse acreditar que isso deve mudar em breve, diante dos ganhos que podem ser potencialmente auferidos.

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