42º CBPP: Estratégias de crédito privado e renda variável são apresentadas nas palestras técnicas

Em um cenário cada vez mais desafiador nos mercados doméstico e internacional, os gestores apresentam estratégias de gestão ativa tanto de crédito privado quanto de renda variável para que as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) consigam retornos adequados para os investimentos de suas carteiras. 

Em uma das palestras técnicas realizadas nesta quinta-feira, 21 de outubro, terceiro dia do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Complementar, Marcelo Rabbat, Sócio e Head de Distribuição para Clientes Institucionais; e Gustavo Bezerra de Menezes Cortes, Sòcio da Área de Crédito, ambos da Vinci Partners, falaram da importância da utilização dos ativos de crédito no ALM das EFPC. Em outra apresentação técnica, Aquiles Mosca, Head Comercial, Marketing e Digital; e Marcos Kawakami, Head de Renda Variável, ambos da BNP Paribas Asset Management, abordaram os cenários para a renda variável. 

O perfil de longo prazo dos passivos das entidades fechadas pode ser utilizado a favor dos gestores para que se utilize os ativos de crédito de maneira mais interessante, explicou Marcelo Rabbat. “É preciso utilizar o perfil de longo prazo dos planos ao nosso favor para buscar ativos com bons spreads e riscos adequados para realizar o casamento do ativo com o passivo”, comentou. O gestor comentou que o mercado de crédito privado oferece oportunidades de retornos superiores se comparados com os títulos públicos. 

Rabbat explicou também que as recentes regulações da Previc e do Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC), em especial a Instrução nº 33/2020 e a Resolução n 37, limitaram a utilização dos títulos marcados na curva para a realização do ALM. E que isso abre espaço para maior utilização de outros ativos, como os de crédito. Ele alertou também para a importância do casamento do indexador dos ativos com o passivo dos planos. Um retorno em CDI mais 2,5% ao ano pode parecer atraente no momento atual, mas se houver aceleração da inflação, o retorno pode não garantir a superação da meta atuarial do plano. 

Gustavo Cortes mostrou um gráfico que indica que o índice IDA-IPCA registrou 295% de retorno desde 2010, superior ao IMA-B 5, que teve 264% de rentabilidade no mesmo período. “Investir em crédito no Brasil tem sido um bom negócio, com retorno acima dos títulos públicos. Isso estamos falando apenas do índice, mas se houver gestão ativa, é possível conseguir retornos ainda melhores”, disse. 

Quando se analisa o momento atual do mercado, é possível encontrar oportunidades bastante atraentes em ativos de crédito. É possível selecionar ativos com diferentes faixas de rating, muitos com baixo risco que são aderentes às políticas das EFPC. Esses ativos  oferecem níveis de taxas suficientes para superar as metas atuariais. “O momento atual traz boas oportunidades de investimentos em ativos de maior rating. Se houver apetite para alternativas mais estruturadas, os níveis de retorno podem ficar ainda mais interessantes”, comentou Gustavo Cortes.  

O mercado em 2021 tem apresentado maior pluralidade de emissores de debêntures. Há empresas que estão acessando o mercado pela primeira vez e outras que estão voltando a emitir papéis de crédito como alternativa de captação. Além das debêntures, há boas oportunidades também em FIDCs, CRIs e CRAs. O gestor da Vinci Partners recomendou a diversificação dos tipos de veículos, além da tradicional diversidade de emissores e setores. 

Spreads menores – Gustavo Cortes explicou que os spreads de crédito estão menores agora que no início da pandemia, mas mesmo assim, se estabilizaram em um patamar superior à média histórica. “É possível encontrar ativos com uma boa relação entre prêmios e risco, indexados ao IPCA. É um bom momento para entrar”, disse.

O gestor explicou ainda que é importante analisar o processo de investimento dos produtos de investimentos. É preciso analisar se a liquidez dos fundos está coerente com o prazo dos ativos. Ele recomendou ainda a utilização de critérios ASG (ambientais, sociais e de governança) para agregar valor ao portfólio e aos ativos de crédito, como um fator de mitigação de risco. 

Marcelo Rabbat lembrou que a crise de março de 2020 foi agravada por causa da estruturação inadequada de muitos fundos de investimentos. “É importante olhar se a estrutura do fundo está ajustada ao prazo dos ativos. Produtos com alta liquidez e ativos pouco líquidos custaram caro para os investidores”, disse Rabbat. 

Empresas em crescimento – Marcos Kawakami, da BNP Paribas Asset Management, apresentou palestra técnica com o tema “Renda variável: navegando nos diversos cenários”, na qual discorreu sobre as estratégias no mercado de ações. O gestor demonstrou a preferência da gestão da asset por ações de empresas em crescimento. O setor da empresa também é interessante que esteja em expansão, como por exemplo, do setor de e-commerce.  

“Estamos olhando para setores que estão em crescimento. Daí procuramos selecionar as melhores empresas do setor, que tenham uma boa gestão. São ativos com melhores perspectivas”, disse Kawakami. Outro tipo de empresas apreciadas pela asset são aquelas em processo de reestruturação e que também podem alcançar um bom nível de crescimento. Já as empresas mais maduras, que já atingiram o auge de crescimento, tendem a enfrentar fases de declínio, e não são tão interessantes para compor as carteiras dos fundos. 

Aquiles Mosca, também da BNP Paribas Asset Management, abordou o tema de maior incerteza política e fiscal para o país, se esse cenário era propício para um aumento da alocação em renda variável por parte dos investidores. Com o aumento da volatilidade do mercado, é importante reforçar o processo de seleção e monitoramento das ações. 

Kawakami apontou que é interessante selecionar ações de empresas que tradicionalmente já enfrentaram crises anteriores ou períodos de baixo crescimento da economia, mas que continuaram expandindo suas atividades. Daí a importância da gestão ativa no processo de investimento, que busca oportunidades mesmo em cenários de maior incerteza.  

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