42º CBPP: “Risco climático reformatará a economia global nas próximas décadas”, alerta Paul Bodnar

“ESG: Papel de Vanguarda dos Agentes Institucionais” foi o tema da quarta Insight Session do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, realizada na tarde desta quinta-feira (21). A sessão teve como palestrantes Paul Bodnar, Head Global de Investimentos Sustentáveis da BlackRock, que foi assessor especial do Presidente Obama, e Carlos Takahashi, Vice-Presidente da Anbima e Chairman da BlackRock no Brasil.

Brasil tem lugar especial – Em sua mensagem, Paul Bodnar tratou da evolução dos investimentos sustentáveis e os desafios para se fazer uma transição para uma economia “carbono zero”. Ele lembrou que o Brasil ocupa um lugar especial nos corações e mentes de pessoas em todo o mundo.

Além de ser uma terra de muita biodiversidade, o país sediou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio-92, o Earth Summit, que lançou as bases para a cooperação global sobre mudanças climáticas, levando ao Acordo de Paris, 20 anos depois.

Paul destacou que se observa o crescimento do interesse do setor financeiro por sustentabilidade na América Latina  e, em 2020, os investimentos sustentáveis na região chegaram a um ponto de inflexão. “Em todos os engajamentos com os clientes nos últimos 18 meses, a sustentabilidade tem sido um foco significativo, à medida que os fundos de pensão, gestores de ativos, todos procuram aprender e entender como incorporar fatores ESG em suas carteiras”.

Transição para a economia “carbono zero” – Segundo estimativas citadas pelo palestrante, a transição para uma economia “carbono zero” levará a 25% de ganho acumulado do PIB mundial até 2040, comparado a se nada for feito. “Por isso que a BlackRock, baseada no dever fiduciário, diz que fazer essa transição beneficiará nossos clientes”.

“O risco climático vai reformatar a economia global nas próximas décadas, quer seja bem ou mal gerenciado: seja através de um custo devastador ou através da mudança na forma como produzimos energia, transportamos bens, construímos e, provavelmente, uma combinação de tudo isso”, ressaltou o Head Global de Investimentos Sustentáveis da BlackRock.

Devagar é perder – Segundo Paul, estamos em um momento crucial: por um lado, o consenso global por trás da ambição de fazermos uma descarbonização nunca foi tão forte; metas de “carbono zero” surgem de governos para incluir empresas e instituições financeiras, e a transição está muito bem encaminhada em muitos setores e regiões. Entretanto, o ritmo de mudança a partir de agora é muito importante, ou seja, com que velocidade a economia global vai chegar ao “carbono zero”. Isso vai determinar os extremos climáticos e o aumento do nível de temperatura do planeta.

“Nessa transição, ir devagar é igual a perder. O mundo está muito atrasado em relação a atingirmos o carbono zero numa velocidade para evitarmos os piores efeitos das mudanças climáticas”, notou Paul. “Precisamos cortar as emissões globais pela metade até 2030 e chegarmos a carbono zero no futuro”, acrescentou o executivo. Acelerar essa transição exigirá investimentos, e os investidores já têm considerado as implicações dos riscos climáticos na precificação de ativos e em suas carteiras.

Papel dos investidores institucionais – Paul destacou ainda a importância dos investidores institucionais, ressaltando o compromisso da BlackRock em deslocar mais capital para essa transição “carbono zero” e auxiliar os investidores em estratégias que dão exposição à nova economia climática, integrando os riscos de sustentabilidade em seus portfólios, com tecnologia e análise de dados.

A BlackRock também atua como acionista ativo em nome de seus clientes, interagindo com mais de 1 mil empresas responsáveis por mais de 90% das emissões de carbono no mundo, perguntando como estão se preparando para prosperar em uma economia carbono zero, entregando retornos de longo prazo. A companhia contribuiu ainda com R$ 100 bilhões para o desenvolvimento de tecnologias de energia limpa.

Em complemento, Carlos Takahashi destacou que as entidades fechadas de previdência complementar no Brasil tiveram momentos de protagonismo relevantes para mover essa agenda, a exemplo da Previ, que foi uma das fundadoras do PRI – Principles for Responsible Investment, e foi seguida por várias outras EFPCs que já aderiram à iniciativa.

O Chairman da BlackRock no Brasil destacou o crescimento substancial da procura por investimentos sustentáveis no país, notando como exemplo que mais de 30% dos recursos investidos na plataforma de BDRs de ETFs, lançada pela companhia em novembro, são de ETFs relacionados a investimentos sustentáveis.

Os impactos das mudanças climáticas representam efetivos riscos de investimento, ou seja, cada vez mais são – e serão – precificados de forma benéfica ou punitiva para as empresas, ressaltou Carlos, acrescentando o importante papel dos investidores institucionais na seleção de gestores e papéis. “Quando olhamos para o longo prazo, e este é um setor com esse foco, devemos pensar em como ele pode contribuir para mover essa agenda de sustentabilidade, como outros têm feito e este também fez. Mas agora estamos com o desafio da urgência e da emergência”, completou.

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