Artigo: Educação financeira e previdenciária: desafios em prol do desenvolvimento econômico – Por Luís Ricardo Martins*

Luis Ricardo Martins

Consumo e poupança são dois fatores que estão intimamente ligados, pois impactam diretamente no bem-estar e satisfação pessoal dos indivíduos e, também, influenciam no desenvolvimento econômico de um país. Entretanto, cabe ao indivíduo decidir se prefere usufruir dos bens agora ou adiar o desejo de consumo para o futuro.

O brasileiro ainda é bastante conservador quando o assunto é investimentos. Segundo a pesquisa Raio X do Investidor da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 69% da população não guarda dinheiro e nem investe. Esse dilema é um velho conhecido e desafia o país sobre a implementação da cultura de aprendizagem, o desenvolvimento e a promoção da educação financeira e previdenciária já a partir da primeira infância.

Entre os trabalhadores ativos que responderam à pesquisa, 55% disseram que não pensam em se aposentar por causa da ociosidade ou porque não tem dinheiro para parar de trabalhar. E 46% acreditam que a suas despesas irão aumentar na aposentadoria.

Envelhecer com qualidade demanda poupança e planejamento financeiro. Essa percepção é a fonte das ações da Previdência Complementar Fechada para formação da poupança e o incremento da cultura previdenciária na sociedade. As certezas e as dúvidas acerca do futuro da previdência pública têm colocado a Abrapp a refletir sobre novas estratégias para atingir essa massa de trabalhadores que carecem de atenção, educação previdenciária e mecanismo financeiro para investirem os seus recursos.

O Plano Família, que permite a inclusão de parentes, é um exemplo bem-sucedido dessa remodelação da previdência complementar fechada. Criado no final de 2018, já soma mais de 35 planos em operação, reunindo cerca de 30 mil participantes.

Outro modelo disponibilizado pela Abrapp, o PrevSonho, permite investimentos a partir R$ 100,00 mês para realizar um sonho de mais longo prazo, como a universidade dos filhos, um intercâmbio etc.

A categoria Instituídos, ou setoriais, também desenvolvida com um conceito mais flexível, já conta com cerca de 650 mil participantes e R$ 15 bilhões em ativos.

Dessa forma, o sistema vai contribuindo para o desenvolvimento econômico do país, com uma representatividade importante no PIB (14%) e formando pessoas conscientes sobre a necessidade de poupar para o futuro.

Vale ressaltar que esses planos são oferecidos com taxas de administração e carregamento zeradas ou muito baixas. O baixo índice de rentabilidade da poupança também é uma barreira que influencia na decisão dos brasileiros sobre guardar dinheiro. O problema é que na dúvida, eles acabam não decidindo nada, fazendo prevalecer o consumo no curto prazo e prejudicando o bem-estar no longo prazo.

Esses exemplos só reforçam que a cultura da poupança, educação financeira e previdência tem que ser debatida no nível macro. É papel do governo incentivar isso e somar esforços com entidades engajadas com essa causa. Todos ganham, pois os reflexos serão sentidos no desenvolvimento econômico do Brasil.

*Luís Ricardo Martins, Diretor-Presidente da Abrapp

Artigo publicado originalmente no portal Citywire Brasil

Shares
Share This
Rolar para cima