Artigo – Investimentos em 2022: foco no longo prazo – Por Leonardo Ozorio*, da LUZ Soluções Financeiras

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O ano de 2022 promete grandes emoções – e oscilações – nos mercados interno e externo. Muitas das variáveis já estão na mesa e, quando o assunto é decidir onde e como investir, a recomendação é clara: não se assuste com o curto prazo; as decisões de investimentos devem ser guiadas pelas expectativas – e objetivos – de longo prazo. Nos próximos meses, muitos fatores devem impactar o humor dos investidores e turbulências serão inevitáveis.

As surpresas podem vir tanto do cenário doméstico como do comportamento da economia global. Vale ressaltar que, a cada variante da COVID-19, novas incertezas surgem e podem comprometer qualquer estimativa. Assim, vamos considerar um cenário no qual a vacinação será suficiente para controlar os avanços do vírus e que não haja necessidade de um novo lockdown no Brasil ou em outros países com os quais mantemos relações próximas e relevantes. 

 

No campo doméstico, há fatores de atenção que envolvem tanto o lado político quanto o econômico. Teremos um ano de eleições presidenciais com bastante polarização e grandes discussões focadas em saúde e programas de transferência de renda. O discurso político, como sempre, também deve afetar o comportamento do real frente ao dólar.  Programas de transferência de renda e política monetária, por sua vez, estão diretamente ligados às principais dúvidas na esfera econômica, o que envolve questões fiscais, taxa de juros, inflação e o consumo das famílias.

O cenário mais provável sugere uma leve recuperação dos índices de atividade; um PIB positivo, mesmo que com baixos percentuais; juros no patamar de 11% a 12% ao ano; dólar cotado a R$ 5,55 no final de 2022 (para aqueles economistas que se arriscam nessa projeção) – mesmo com o sobe e desce esperado no período eleitoral -; e uma redução da pressão inflacionária para a casa de 4% e 5% ao ano. Os problemas inevitáveis deste caminho estão ligados ao controle da inflação e ao equilíbrio fiscal, mesmo com a PEC dos precatórios.

Muitos destes fatores que afetam o Brasil também podem ser observados na esfera global. Há uma pressão inflacionária em muitos países, dúvidas em torno de como as grandes economias irão caminhar com as políticas de transferência de renda, assim como uma tendência de polarização política em diversos países. Soma-se a este quadro questões geopolíticas que podem afetar a cotação de commodities importantes, o fato de a China já não crescer nos mesmos patamares e das oscilações nas taxas de câmbio. 

Para retomar a trajetória de crescimento, a dúvida está entre os países exportadores, que querem uma moeda mais desvalorizada para favorecer a balança comercial e a geração de divisas, assim como os importadores, que buscam uma moeda mais valorizada. Mais um ponto de atenção para 2022 diz respeito à possibilidade de um colapso climático e ambiental. As discussões em torno deste tema têm ganhado força e o mundo deve acompanhar o assunto de perto. 

Diante de tantas variáveis, a conclusão é que 2022 não é um ano indicado para se tomar muito risco: é um olho no peixe (rentabilidades) e outro no gato (riscos) A diversificação dos investimentos continua sendo a melhor pedida.  Diversificar, no entanto, demanda um trabalho de acompanhamento por parte de todo o investidor. No que se refere à renda fixa, há opções com bons retornos, sempre com foco em prazos mais longos. Podem surgir boas oportunidades tanto em fundos multimercados locais, investimentos no exterior e em títulos privados. Mas, todas as opções demandam atenção. Entre os fundos, é importante buscar bons gestores analisando com cuidado as teses de investimento. No mercado de crédito privado, especificamente, o custo de captação estará mais elevado e, dependendo de como caminhar o nível de atividade, é importante uma análise criteriosa para escolher onde investir. 

Observar os investimentos ASG – Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Governança Corporativa – na hora de investir também é uma tendência cada vez mais forte. Ressalto a importância da governança corporativa, que deve ser observada em todos os investimentos. No caso de empresas com programas ambientais e sociais, a recomendação é sempre analisar se, de fato, são programas efetivamente sustentáveis. 

Os investimentos de curto prazo estarão, sem dúvida, mais pressionados. Assim, o mais indicado é não fazer mudanças bruscas de carteira e focar no longo prazo. As oportunidades que surgem em ambientes mais voláteis devem ser analisadas com critério e com foco em aproveitar o rebound no longo prazo. Não se deixem assustar com os eventos de 2022. Eles passam e o mercado fica.

*Leonardo Ozorio é Diretor de Relações Institucionais da LUZ Soluções Financeiras. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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