Artigo: O desempenho dos fundos de pensão em 2021 e a expectativa para o encerramento de 2022 – por Sara Marques*

Sara Marques

Entramos no último trimestre de 2022 e, com ele, começamos a avaliar a performance das carteiras de fundos de pensão e previdência complementar. Ao contrário de 2021, quando a dificuldade em superar a inflação e os indicadores como CDI foram uma característica marcante na maioria das carteiras, o cenário para investimentos em 2022 foi amenizado por uma série de fatores. Desconsiderando que os resultados das eleições podem trazer muita volatilidade para os últimos três meses do ano, alguns pontos podem ser enfatizados.

O primeiro fator que merece destaque – e que deve influenciar a performance dos fundos este ano – é a trajetória de alta das taxas de juros básica da economia. No começo de 2021, a Selic estava em 2,00% ao ano, subindo para 9,25% em dezembro do ano passado. O IPCA acumulado em 12 meses, por sua vez, encerrou janeiro de 2021 em 4,55%, superando 10% em dezembro do ano passado. Soma-se a este contexto, um Ibovespa extremamente volátil. Apesar de ter atingido a máxima histórica em julho de 2021, o principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo fechou o ano com uma perda de -11,93%.

Diante deste contexto, e com base em um levantamento que realizamos junto a 144 fundos, podemos afirmar que 2021 foi um ano muito difícil para os fundos de pensão. Os planos classificados como de benefício definido (BD), que seguem uma estratégia específica, apresentaram as melhores performances. Neste caso, por serem modelos que investem, principalmente, em NTN-B marcados na curva, estes Planos BD conseguiram superar a inflação e atingiram um retorno médio de 11,36%, mas essa não é uma estratégia que pode ser copiada pelos Planos de outras modalidades.

Já no grupo de planos Contribuição Definida (CD), por exemplo, vimos performances distintas de acordo com o perfil do plano – conservador, moderado ou arrojado. No ano passado, pela amostra analisada, a média de alocação foi de aproximadamente 75,5% em renda fixa; 9% em operações estruturadas; 3,5% em investimentos no exterior; 1,5% em imóveis e 1,5% em operações dos participantes. Entre todas as classes de ativos, a renda variável foi a que apresentou a queda mais expressiva em 2021, de 10,87%, enquanto os investimentos no exterior tiveram a melhor performance, com 23,34%, refletindo principalmente a variação cambial.

Vale destacar que, apesar de a estratégia de renda variável ter sido a maior detratora de 2021, os fundos de pensão conseguiram ter melhor desempenho do que o Ibovespa, que, como mencionado acima, fechou o ano com variação negativa superior a 11%.

Ao contrário dos fundos BDs que seguiam estratégica específica, no caso dos fundos CDs, as carteiras classificadas como perfil conservador, com a alocação de 100% em renda fixa, 52% não atingiram a variação do CDI. Ou seja, mesmo com foco em renda fixa, estes fundos não registaram uma estratégia vencedora. Isso acontece porque, mesmo na renda fixa, temos perfis de papéis muito diferentes, com riscos e retornos distintos.

Já este ano, ao contrário de 2021, além de os juros estarem em 13,75%, o mercado de ações acumula desempenho positivo de 5,46%. Apesar de não ter mais retornado aos 130 mil pontos de meados de 2021, o Ibovespa se mantém acima dos 104 mil pontos, no fechamento de 2021.

Obviamente, a performance de cada fundo em 2022 dependerá da estratégia adotada pelo gestor e pelos objetivos de longo prazo do fundo. Que o contexto está mais favorável, com papéis mais rentáveis, não há dúvida. Porém, o melhor desempenho é aquele que atende o objetivo e grau de risco acertado com os participantes.

Independente de uma carteira mais focada em papéis de renda fixa, ativos de renda variável ou investimento no exterior, o principal é entregar o que o participante espera e comunicá-lo sempre dos resultados obtidos. Se o resultado é positivo ou negativo, dependerá de qual objetivo estamos perseguindo.

* Sara Marques é Diretora da Área de Consultoria, da LUZ Soluções Financeiras

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