Cenário macroeconômico e diversificação no exterior são destaques de webinar sobre investimentos

As perspectivas do cenário macroeconômico externo e doméstico e a importância da diversificação no exterior foram temas abordados em live realizada pelo BNP Paribas Asset Management e o Daycoval Asset Management nesta quarta-feira, 24 de fevereiro, com apoio da Abrapp. A live permanece disponível no canal da Abrapp no YouTube.

Na abertura do evento online, o Diretor Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins, lembrou que a gestão de ativos e de investimentos tem sido um grande desafio dos profissionais e estrategistas do segmento, em especial no momento que o mundo vem atravessando, de pandemia. “No final de 2019, tivemos um excelente momento com a reforma da previdência, e estávamos colhendo os frutos em uma grande janela de oportunidades para o nosso segmento. Tivemos uma melhora fiscal e vínhamos de uma recuperação econômica. Era um momento ímpar, e o sistema também vivia um grande momento, superavitário, com solvência de mais de 100%, e de repente veio a pandemia”, disse.

Segundo ele, com resiliência, solidez e muito profissionalismo, as Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) conseguiram fechar o ano de 2020 batendo metas, apesar das dificuldades e incertezas. “As entidades fizeram sua lição de casa e tiveram essa recuperação, que podemos chamar de rápida, retornando a números de um momento pré-crise. E agora, daqui pra frente? Eu entendo que o segmento vem em um ciclo virtuoso e estamos conseguindo cumprir a missão de fazer a previdência complementar proteger o maior número de pessoas e chegar ao maior número de trabalhadores”.

Luís Ricardo citou planos família, fundos instituídos e previdência complementar de servidores públicos como cases de sucesso e que abrem ainda mais as possibilidade de crescimento do segmento. O Diretor Presidente da Abrapp destacou ainda que o segmento está preparado para alavancar a macroeconomia e financiar projetos de infraestrutura, fomentando a poupança de longo prazo. “Nesse momento, precisamos de políticas públicas para incrementar essa poupança de longo prazo”.


Diversificação –
Luís Ricardo reiterou que mesmo diante dos desafios do segmento, as estratégias traçadas nas políticas de investimento das EFPC, sempre adequadas e prestigiando o longo prazo, continuam indicando os melhores caminhos para o sistema. “As entidades terão que correr mais risco”, destacou, salientando que diversificação e alternativas de investimento continuam sendo palavras de ordem. “Temos que buscar a revisão da Resolução CMN nº 4.661”, disse, citando a necessidade de buscar, na norma, a ampliação do limite de investimentos no exterior, entre outras mudanças que estão em pauta.

Diante do comportamento da inflação e, consequentemente, das taxas de juros no Brasil, os investimentos no exterior estão cada vez mais em evidência dentro das fundações, conforme destacou o Diretor responsável pela área de Investimentos da Abrapp, Sergio Wilson Ferraz Fontes, que também é Diretor Presidente da Fundação Real Grandeza. “O grande motor para interesse maior de investidores, especialmente as EFPC, para investimentos no exterior foi esse cenário de juros, que estão muito baixos, até negativos”, disse, lembrando que quando as taxas de juros estavam altas, as entidades conseguiam cumprir com suas metas com mais facilidade sem necessidade de correr risco, mas esse cenário já não é mais o mesmo. Segundo ele, o investimento no exterior veio para ficar justamente para que as entidades possam fazer portfólios mais diversificados, melhorando o grau de risco em suas carteiras.

Exterior – Para o Head de Fundos de Fundo do BNP Paribas, Tiago Bellodi Costa Cesar, o investimento no exterior é importante, precisa ser feito, e a discussão agora é como deve ser executado. “É necessário equilibrar o portfólio para uma gestão de risco”. Ele explicou o processo de investimentos realizado pela gestora, que coloca a diligência como essencial para mitigar riscos. “Para que a gente olhe o investimento no exterior da mesma forma que olhamos os investimentos domésticos, precisamos de apoio”, disse, destacando que a gestora conta uma empresa dedicada à análise do risco internacional.

Segundo ele, há 10 anos, quando se iniciou a discussão de investimentos no exterior, havia poucas opções disponíveis no mercado. “Nos últimos 2 anos, houve um crescimento exponencial da oferta de fundos”, reiterou, sendo que estão mapeados dentro do escopo de fundos de fundos do BNP Paribas 47 fundos renda fixa e multimercado global, somando um patrimônio de R$ 5,8 bilhões; 55 fundos de renda variável sem hedge cambial, com patrimônio de R$ 12,6 bilhões; e 40 fundos de renda variável internacional com hedge cambial, totalizando R$ 7,3 bilhões em patrimônio.

Tiago Bellodi explicou ainda que o BNP Paribas Asset Management cobre todo o espectro de renda fixa e renda variável no mundo todo, além de ativos como ETFs, multiativos, entre outros. “Selecionamos e escolhemos os gestores com rigor e disciplina para começar a montar o portfólio de acordo com o perfil do cliente”, ressaltou, destacando que a macroalocação é o ponto de partida, e por isso é importante saber qual o panorama macroeconômico local e externo.

Para ele, o câmbio é um ponto importante na leitura do cenário, montando, assim, o portfólio de ativos com ou sem proteção cambial, dependendo do objetivo do investidor. “Quando falamos em fundos com perfil de renda fixa ou multimercados, costumamos trabalhar com hedge cambial por conta da volatilidade”, disse. Já na parte de ações, depende do portfólio do cliente, que pode adotar o dólar como amortecedor em uma carteira que tem zero exposição em dólar. “Já em portfólios maduros, compramos um fundo de bolsa global com câmbio travado, pois estamos olhando o retorno absoluto em reais no fator de risco da renda variável”, explicou, reforçando que essa é uma discussão feita cliente a cliente, sem ter uma solução única para todos.

Bellodi apresentou ainda exemplos de alocação em comparação com o benchmark de uma EFPC, calibrando a visão para cada classe de ativos. “A decisão do câmbio é tratada como parte do benchmark”. Ele reiterou que, em geral, as vantagens imediatas de aplicar em fundos no exterior são o custo mais competitivo, a parte operacional simplificada, e maior liquidez à carteira.

Cenário macro – Levando ao público um panorama do cenário macroeconômico tanto externo quanto doméstico, o Economista do Banco Daycoval, Rafael Gonçalves Cardoso, destacou o processos de imunização da Covid-19 pelo mundo, levando uma visão sobre países que estão mais avançados, e o impacto disso na recuperação da crise e retomada de confiança dos consumidores.

Outro ponto determinante na recuperação da economia global, segundo Rafael, é o estímulo fiscal dos Estados Unidos, que está discutindo a aprovação de um pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, fazendo com que o PIB do país possa crescer cerca de 5% até 2022.

Já no cenário brasileiro, pela dificuldade do avanço no processo de imunização, o ritmo de recuperação deve ser mais lento. Rafael destacou que o cenário externo favorável e em recuperação cíclica é um contraponto em relação ao cenário doméstico, implicando em fatores limitadores do ritmo de crescimento do PIB do país. Com isso, a expectativa do Daycoval é que o crescimento da economia brasileira para 2021 seja de 3,1%.

Outros fatores que impactam a recuperação do Brasil são a taxa de câmbio; o encaminhamento de reformas pelo governo; o impacto fiscal; e a inflação, que tende a caminhar próximo à meta, podendo ser um problema relevante, a menos que não haja o andamento das reformas. O cenário base do Daycoval contempla uma normalização da taxa de juros, com um início de alta gradual pelo Banco Central em março, levando a taxa Selic a 3,75% no final de 2021, condicionando, assim, os juros baixos à continuidade das reformas.

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