Diversificação em renda variável e vantagens do Pix pautam discussões do primeiro dia de Seminário

A parte da tarde do primeiro dia do 9º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC trouxe uma discussão de extrema relevância diante do momento atual de busca por maior diversificação dos portfólios das fundações. Com 700 participantes, o evento online e ao vivo iniciou nesta quinta-feira 15 de outubro. Confira a palestra de abertura e os primeiros painéis do dia.

Diversificação em Renda Variável

Lucas Ferraz Nóbrega, Diretor Presidente da Fundação Libertas, moderou o painel que tratou Estratégias para Diversificação em Renda Variável, composto por gestores especializados que destacaram diferentes estratégias de alocação de investimentos no segmento. No painel, Alexandre Sabanai, Gestor dos Fundos de Ações da Perfin Asset Management, abordou as as perspectivas para o índice Bovespa, destacando o período de crise devido à pandemia de COVID-19 e já as perspectivas de recuperação. “Passamos meses atípicos este ano, entre março e abril, mas tivemos um retorno surpreendente nessa retomada devido a um processo de injeção de liquidez global e de expansão monetária ao longo da principais economias desenvolvidas”.

No Brasil, Sabanai citou o processo de endividamento para que se pudesse dispor de liquidez e propiciar, tanto às pessoas físicas quanto jurídicas uma espécie de expansão monetária vinda de um lado de maior endividamento do governo. “De certa forma, temos o lado negativo, que é o fiscal, mas tem o lado positivo, que trouxe um colchão de liquidez para que muitas das pequenas e médias empresas não quebrassem. Essa liquidez é um pilar importante”.

A expectativa de normalização da atividade, conforme se tenha a disponibilidade de uma vacina, levou ao mercado um ponto relevante que precifica os ativos, destacou Sabanai. “Além disso, temos as eleições americanas e, passando as eleições, o grande pilar de importância se dará em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que deixou de ficar no radar devido à pandemia, mas deve voltar a ser discutido”. Ele destacou que houve uma perspectiva de um cenário mais conservador para a bolsa brasileira nesse período, e esse cenário permanece em torno dos 120 mil pontos, e não mais do que isso. “Vemos dois setores com peso grande no índice Bovespa, com riscos razoáveis: o setor de bancos, que representa praticamente 30% do índice; e o de commodities, que tem um peso de 25% no índice. Os demais setores compõem um bloco mais otimista”, destacou.

Segundo Sabanai, há ainda dois novos fatores de análise de risco na bolsa, incorporados no final de 2018, ligados aos aspectos sociais e ambientais, compondo o índice ASG e se tornando mais explicitados junto à governança. “Passamos a dar notas relacionadas a esses itens”, disse. “Temos um bom processo de screening desses critérios incorporados”. Ele salientou que os aspetos ASG devem ser olhados de forma mais ampla, incluindo iniciativas nas gestoras, destacando as ações que a Perfin realiza dentro desses aspectos. “O ASG deve fugir um pouco do óbvio, olhando as iniciativas que as próprias gestoras estão tomando”.

Fatores – Em seguida, Rodrigo Pereira Maranhão, Sócio e Gestor da Kadima Asset Management, abordou o investimento em fatores, ou factor investing. “Fatores são características que, no longo prazo, explicam, pelo menos parcialmente, a diferença de retornos entre ativos, no caso, ações, de longo prazo. Assim, você pode gerar retornos acima do benchmark no longo prazo. São comuns as evidências que os fatores funcionam no mundo inteiro”, destacou.

Segundo ele, há uma série de fatores tendendo a remunerar o investidor no longo prazo, e no factor investing o papel do gestor é gerar essa exposição de forma sistemática. “É possível dividir as ações em grupos sob a métrica de fatores e medir o resultado no longo prazo. Os quatro grandes tipos de fatores são momento, valor, risco e qualidade”, disse Rodrigo, ressaltando que é importante tomar cuidado com a sobreposição de fatores. “Temos muitas possibilidade de combinar fatores, avaliando qual momento do ciclo econômico se deve entrar, tentando mapear qual fator vai performar melhor no futuro e tentando encontrar uma asset allocation efetiva entre os fatores”.

Em alguns momentos, Rodrigo explicou que um fator que tem o melhor retorno pode ter um risco muito grande. “Quando temos uma exposição alvo, tentamos minimizar os riscos colocando pesos entre fatores. Tendo calculada a exposição de cada fator, podemos otimizar a carteira de forma a minimizar os riscos que no longo prazo não vão gerar retorno extra, mas ao mesmo tempo, ter uma exposição-alvo a riscos que me remuneram no longo prazo”, destacou.

Nova economia – Iniciando uma abordagem sobe nova economia, Pablo Riveroll, Head de Gestão de Renda Variável Brasil e Latam da Schroders, falou sobre a velha e a nova bolsa brasileira dentro de um viés ASG e quantitativo. “Falarei de três pontos são parte dos nossos processos de investimentos e essenciais. O primeiro deles é a nova economia”. Segundo ele, a nova economia gera crescimento, impacto, lucratividade e sustentabilidade, empresas inovadoras estão mudando a forma de consumo no Brasil.

“Dentro desse grupo de nova economia, temos ainda saúde a custos mais acessíveis, acesso a internet a saneamento, e muitas empresas estão retirando barreiras de entrada de novos negócios para diminuir preços. Muitos modelos de negócios no Brasil tem um dinamismo forte, mas é importante saber selecioná-los e investir”, destacou Riveroll. Ele ressaltou que na bolsa brasileira há uma exposição pequena a essa nova economia.

Segundo ele, com o uso big data, ou análise de dados, há maior convicção em relação às teses de investimento. “O acesso a dados é fundamental competitivamente entre os gestores”. No modelo quantitativo de alocação e controle de risco, Riveroll demonstrou como são selecionados países, por exemplo, na composição do portfólio de um fundo de investimento. “Em vez de otimização, é usada uma abordagem de alocação simples, do pior para o melhor”.

Na abordagem ASG em escala global, a visão de Riveroll sobre sustentabilidade está direcionada a retornos. “Buscamos boa gestão e bons fundamentos do negócio usando duas ferramentas principais: a primeira incorpora todos os dados em termos de relatórios e mede controvérsias; e a outra faz uma análise de portfólios que incorpora custos e benefícios gerados para a economia”, complementou.

Pix e Revolução nos Meios de Pagamento

O último painel do dia contou com uma apresentação sobre um tema que está em pauta no momento, diante da avalanche de inovações nos meios de pagamento do Brasil: o Pix. “O processo de pagamentos faz parte do dia a dia das entidades e dos participantes, e isso impacta diretamente nosso sistema”, disse Luiz Paulo Brasizza, Diretor de Investimentos da Volkswagen Previdência Privada e Diretor Vice-Presidente da Abrapp, moderador o painel. “Temos que tratar isso inclusive pensando na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), pois trataremos de dados extremamente importantes”, destacou. “Certamente teremos que adequar nosso sistemas à essa nova realidade”, ressaltou Brasizza.

Angelo J. Mont’alverne Duarte, Chefe do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, destacou todo o processo de mudança do sistema financeiro até se chegar no Pix, que é um projeto do BC junto ao setor privado. “O Banco Central iniciou, recentemente uma série de projetos que estão ficando maduros nesses últimos anos para se ter um sistema financeiro mais eficiente. O Pix é um dos principais, mas há outros, como open banking, que está em andamento”, disse. “O objetivo é trazer mais eficiência e mais competição também, viabilizando que instituições financeiras consigam competir em escala menor”.

Ele explicou qual é o contexto do novo ecossistema de meios de pagamento. “Apesar da digitalização ser forte, com transferências bancárias e cartões, havia lacunas, e uma delas era o tempo em que as transações se dão. Em vários desses meios de pagamento, com cartões, boletos e transferências, há uma demora para que recursos sejam transferidos do pagador ao recebedor”, citou, falando ainda sobre o desenho mais enxuto do Pix em que instituições se conectam a essa plataforma sem intermediários. “Por fim, o papel moeda, ainda muito utilizado no Brasil, é um meio de pagamento ineficiente e muito caro. Qualquer redução do papel moeda trará um retorno à sociedade muito grande”.

Angelo citou as sete características que tornam o Pix único: velocidade, disponibilidade, segurança, conveniência, multiplicidade de casos de uso, informações agregadas, e ambiente aberto. “No Pix, os recursos transitam de uma conta para outra em poucos segundos”, disse. “Além disso, o Pix é um sistema construído do zero, sem legado, e traz uma série de características de segurança modernas”. Os casos de uso abrangem tanto pagamentos de governo quanto outros tipos de pagamento. O ambiente aberto permite ainda que um leque maior de instituições possam operar nesse novo meio de pagamento. “Já temos 980 instituições em processos de adesão ao Pix”.

O Banco Central vê a questão tecnológica como indutor de inovação, bancarização e competição, sem perder de vista a estabilidade do sistema, gestão prudencial e sigilo bancário, ressaltou Angelo. “A LGPD é mais uma camada que se põe à respeito dos dados pessoais”, complementou. O Pix estará em funcionamento pleno a partir do dia 16 de novembro.

Inovação – Em seguida, dois representantes do Hupp, hub da previdência privada organizado pela Abrapp e Conecta em parceria com a LM Ventures, fizeram apresentações sobre suas soluções em meios de pagamento: Piero Contezini, CEO e Fundador da Asaas, e Lucca Freire, Sócio da Trampolin.

A Asaas atua como instituição financeira com um atendimento que permite o pequeno cliente consiga acessar serviços financeiros que antes não teria acesso. O principal objetivo da Asaas é simplificar a cobrança de empresas por meio de automatização e disponibilização links, além de personalizar faturas de cobrança e oferecer meios de pagamento, que será facilitado com Pix, dando maior acesso a população que não é bancarizada. “O Asaas tem uma visão de tornar o recebimento de dinheiro algo muito fácil, de forma automática”, explicou Piero Contezini.

Já a Trampolin, plataforma de banking que fornece infraestrutura tecnológica para empresas que querem oferecer serviços financeiros aos seus usuários finais, oferece suporte técnico para quem quer construir e escalar experiências financeiras aos seus clientes, de APIs ao regulatório, oferecendo estruturas white label. “O banking é um complemento para a previdência. É uma grande oportunidade de abrir portfólio de produtos e serviços para os clientes da previdência privada”, disse Lucca Freire.

Rodada de Negócios – Com apresentações de cases e produtos, durante uma hora, os participantes do evento tiveram oportunidade de ver pitches de gestores e empresas especializadas em 20 estandes virtuais da área de exposições do centro de eventos online. Os pitches comerciais ocorreram simultaneamente, com duração de 15 minutos cada. Veja o tema de cada pitch:

 

  • XP INVESTIMENTOS » Como proteger capital em um ambiente que exige maior alocação em risco?
  • CAPTALYS ASSET MANAGEMENT » Fundos de Investimento da CAPTALYS em PRIVATE DEBT
  • CA INDOSUEZ WEALTH MANAGEMENT » Crédito Privado e suas oportunidades
  • KADIMA ASSET MANAGEMENT » Conhecendo os pioneiros da gestão quantitativa no Brasil
  • SULAMÉRICA INVESTIMENTOS » ESG e oportunidades que transformam: Fundo Total Impacto
  • VINCI PARTNERS » A Construção de Fofs Utilizando um FIA como Consolidador
  • AVIVA INVESTORS » AVIVA – ESG na Gestão Ativa de Crédito
  • SCHRODERS » ESG na gestão de Investimentos em Ações
  • PERFIN INVESTIMENTOS » A euforia dos IPOs
  • SPARTA INVESTIMENTOS » Renda Fixa pós fixada ou atrelada à Inflação? Na Sparta temos ambas soluções, venha conhecer.
  • CLEARBRIDGE » Como escolher a estratégia de Renda Variável Global mais adequada a entidade de Previdência Complementar
  • J.P. MORGAN ASSET MANAGEMENT » Diversificação global: essencial para seus resultados
  • TAG INVESTIMENTOS » O que você tem feito com a gestão estratégica da sua carteira?
  • BNP PARIBAS ASSET MANAGEMENT » Importando soluções de investimentos ao redor do mundo
  • MAG INVESTIMENTOS » Estratégias Globais Sustentáveis em Ações da Aegon Asset – O Portfólio Sustentável de Alta Convicção!
  • INDIE CAPITAL » Filosofia Indie de Investimentos
  • I9 ADVISORY » Outsourced Chief Investment Officer: gestão de recursos alinhada ao passivo atuarial e objetivos de retorno
  • FRANKLIN TEMPLETON » Investindo em inovação no exterior e em crédito no Brasil
  • MAUA CAPITAL » Geração de Alpha em Mandatos Enquadrados
  • STEP STONE GROUP » Por quê Private Equity?

Ainda dá tempo de participar da Rodada de Negócios que acontecerá nesta sexta-feira, dia 16 de outubro, programada para iniciar a partir das 10h20. Cada pitch tem lotação máxima; se programe com antecedência.

Acompanhe a cobertura do evento no Blog Abrapp em Foco.

O 9º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. O evento conta com patrocínio Black da XP Investimentos; Ouro da Aditus, Aviva Investors, BNP Paribas Asset Management, Indosuez Wealth Management, Captalys, ClearBridge Investments, Hancock Asset Management Brasil, Indie Capital, J.P. Morgan Asset Management, Kadima Asset Management, MAG Investimentos, Perfin Asset Management, Schroders, Sparta Fundos de Investimento, Sulamérica Investimentos, TAG Investimentos, Vinci Partners; Bronze da Franklin Templeton, i9Advisory Consultoria Financeira, Mauá Capital, StepStone; e apoio da ARX.

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