Seminário de Investimentos: Gestores e consultores analisam as perspectivas para o futuro próximo da Bolsa e a otimização do ALM

Com o tema “Cenário Brasil: Um Balanço do que Fica e o que Esperar do Futuro Próximo”, o Painel 2 (foto acima) do 11º Seminário de Gestão de Investimentos nas EFPCs tratou um assunto complexo em meio a um quadro de tantas incertezas como o atual. O que se viu foi um dos expositores mostrar-se francamente otimista, enquanto o outro revelava também uma perspectiva positiva, com a diferença de uma dose maior de cautela. No papel de moderador, Gustavo Campos Ottoni, Coordenador da Comissão Técnica Centro-Norte de Investimentos da Abrapp, encorajou o público a participar do debate e foi atendido. 

“Vejo o real contra o dólar muito mais perto de R$ 4 do que de R$ 6, resumiu Walter Maciel, CEO da AZ Quest. Por sua vez, para Tiago Berriel, Sócio e Estrategista de Macroeconomia e de Produtos da BTG Asset, disse que é forçoso reconhecer que o Brasil também tomou decisões acertadas nos últimos anos. Entre esses acertos está o de evitar um crescimento maior das despesas, por exemplo, com o funcionalismo, algo a seu ver nada fácil de conseguir. De positivo, ele notou também um crescimento do espaço ocupado pelo segmento privado. 

No seu modo de entender, no entanto, se o país vai vencer ou não os desafios que estão postos é algo que vai depender do aspecto fiscal e da inflação no momento mais alta e disseminada do que seria desejável. Os juros e os preços elevados vão jogar daqui para a frente contra a atividade econômica, que para surpresa um pouco geral permanece mais aquecida do que era esperado. Da mesma maneira como surpreendente está sendo a manutenção da relação dívida PIB em níveis abaixo de 80%, quando no ano passado muitos economistas projetavam a chegada e até a ultrapassagem dos 100%.

Ainda a  propósito desses percentuais, Berriel, mais otimista, chamou a atenção para o fato de que essa relação dívida PIB, que deveria chegar aos 100%, já está beirando os  78,5%, enquanto a dívida líquida fica abaixo dos 60%. “O brasileiro vive com a autoestima baixa desde 2012. Apesar disso, o quadro é muito melhor do que parece”, disse ele, convencido de que “o Brasil está muito perto de decolar”.

Berriel lembrou que no período de enfrentamento da pandemia o Brasil se endividou menos e cresceu mais que alguns países europeus. Nesse momento, o país parece à frente de algumas nações desenvolvidas em quesitos como o combate à inflação, sem esquecer que a Europa terá que fazer pesados investimentos na substituição do gás e petróleo atualmente fornecidos pela Rússia. A fronteira agrícola brasileira se mantém forte, o que é importante em um mundo desafiado pela desglobalização e pronto para uma nova era de alianças regionais, mesmo porque a carência de alimentos só pode favorecer os fornecedores de commodities.

Ele arrematou observando que “de fato o desafio fiscal existe, mas temos a nosso favor a certeza de que nenhum dos candidatos melhor posicionados nas pesquisas para as eleições presidenciais de outubro próximo será irresponsável, se eleito, até porque sabem que qualquer irresponsabilidade nesse aspecto conduzirá o país a uma crise”.

Cuidados na gestão –  Voltado para o tema “Política e Gestão de Investimentos: Como Otimizar o ALM”, o Painel 3 (foto acima) trouxe três expositores para tratar do casamento dos ativos e passivos das EFPC. Guilherme Benites, Sócio-Diretor da Aditus Consultoria Financeira, disse ser ainda cedo para as entidades abrirem mão de seu projeto de diversificar as alocações usando a renda variável. 

Francisca Brasileiro, Head Investment Solutions e Business Development da TAG Investimentos, notou que “nunca foi tão importante o gestor conseguir separar o conjuntural do estrutural”. Já Sérgio Blank fez uma detalhada apresentação sobre a abordagem quantitativa, enquanto Nayara Ferreira de Queiroz, Coordenadora Titular da Comissão Técnica Leste de Investimentos da Abrapp, chamava a atenção para a importância da gestão cuidar de perto do casamento entre ativos e passivos.

Segundo Francisca, é fundamental que os gestores prestem atenção a dois aspectos: de um lado, é importante que entendam que o maior ou menor sucesso em seus investimentos de risco é determinado não pelo momento da compra, a hora em que adquirem o ativo, e sim o instante em que o vendem, sendo isso ainda mais verdadeiro no caso daqueles voltados para o longo prazo. Por outro lado, é fundamental que tenham uma clara noção do quanto tempo serão capazes de suportar a cobrança por resultados. “O gestor pode seguir uma estratégia de longo prazo, mas a cobrança muitas vezes é no curto”, salientou. 

Francisca fez ainda algumas recomendações: devem separar o que é resultado momentâneo do que é tendência duradoura; o PL das ações brasileiras estão convidativo, mas é fato que a tolerância ao risco é baixa; e devemos permanecer na medida do possível fiéis às decisões tomadas lá atrás com foco no longo prazo.

Blank fez a defesa da gestão de investimentos segundo uma abordagem quantitativa. “O gestor poderá definir de maneira prévia como irá se portar diante de certas situações, com isso afastando o risco da subjetividade”, salientou, acrescentando que isso pode ser feito com maior ou menor grau de rigor. Já a automatização, prosseguiu, afasta o risco de se deixar de investir por medo e facilita a auditoria, ao mesmo tempo em que se alcança um maior número de operações e ativos monitorados e se consegue um controle de risco em real-time.

A abordagem quantitativa pode se ajustar perfeitamente ao mandato que lhe foi dado pela EFPC, ao mesmo tempo em que tudo favorece a transparência, com uma clara exposição dos modelos matemáticos empregados. 

Benites alertou para os malefícios que uma entrega total das entidades à renda fixa, leia-se  BTNs-B, não só por parte dos gestores mas também por opção dos participantes em seus perfis de investimento, poderá trazer para a estratégia de diversificação com olhar para o longo prazo. 

É cedo para isso, não só porque o mercado se move em ciclos e a fase atual um dia chegará ao seu fim, mas também porque as NTNs-B não são uma panaceia. Mesmo elas, que parecem tão atrativas, dependem do caso. Antes de decidir, o gestor precisará olhar para fatores como liquidez, duration, meta atuarial e custeio do plano, concluiu Benites.

Patrocinadores – O 11º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC continua nesta quinta-feira, 9 de junho – confira a programação completa. Essa iniciativa conta com o apoio de grandes parceiros, cujas soluções e principais canais de contato podem ser conferidos nesta página especial. O evento tem o Patrocínio Black da XP Investimentos. Patrocínio Ouro: Aditus, AZ Quest, BBDTVM, Black Rock, BNP Paribas, Bradesco Asset Management, BTG Asset, BTG Pactual, Captalys, Claritas, DWS, Itajubá, JP Morgan, Kadima, MAG, Perfin, S&P Dow Jones, Schroders, Sparta, Spectra, Tag Investimentos e Vinci Partners. Patrocínio Prata: Aviva Investors e Trígono Capital. Patrocínio Bronze: ARX Investimentos, Carbyne Investimentos, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Stepstone e Sul América Investimentos. Apoio: Fram Capital, Lis Capital, Pátria, RBR, SPX Capital e Trigger.

Haverá ainda a inovação da Rodada de Negócios. Serão 29 pitches de oportunidades para as EFPCs com especialistas que trarão insights sobre as oportunidades em cada classe, para seleção dos participantes do evento.

O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp, com o apoio institucional de UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. 

(Jorge Wahl)

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