Artigo: Quando a inflação é boa para a economia? – por Telêmaco Genovesi*

A inflação é e tem sido um fenômeno altamente debatido na economia. Mesmo o uso da palavra “inflação” tem significados diferentes em diversos contextos. Muitos economistas, empresários e políticos sustentam que níveis moderados de inflação são necessários para impulsionar o consumo, assumindo que níveis mais altos de gastos são cruciais para o crescimento econômico.

O Federal Reserve normalmente visa uma taxa anual de inflação para os EUA, acreditando que um nível de preços que aumenta lentamente mantém os negócios lucrativos e evita que os consumidores esperem por preços mais baixos antes de fazer compras. Há alguns, de fato, que acreditam que a função primária da inflação é prevenir a deflação.

Outros argumentam que a inflação é menos importante e até mesmo um obstáculo líquido para a economia. O aumento dos preços torna mais difícil economizar dinheiro, levando os indivíduos a se envolverem em estratégias de investimento mais arriscadas para aumentar ou mesmo manter sua riqueza. Alguns afirmam que a mesma beneficia algumas empresas ou indivíduos em detrimento de outros.

O que todos nós sabemos é que a inflação é frequentemente usada para descrever o impacto do aumento dos preços do petróleo ou dos alimentos na economia. Por exemplo, se o preço do petróleo passar de US$ 75 o barril para US$ 100 o barril, os preços dos insumos para as empresas aumentarão e os custos de transporte também e isso pode fazer com que muitos outros preços subam por consequência.

No entanto, a maioria dos economistas considera que a definição real de inflação é ligeiramente diferente. A inflação é uma função da oferta e demanda por dinheiro, o que significa que produzir relativamente mais dólares faz com que cada dólar se torne menos valioso, forçando o nível geral de preços a subir.

Quando a economia não está operando em capacidade, ou seja, quando não há mão de obra ou recursos utilizados, a inflação teoricamente ajuda a aumentar a produção. Mais dinheiro se traduz em mais gastos, o que equivale a mais demanda agregada. Mais demanda, por sua vez, aciona mais produção para atendê-la.

O economista John Maynard Keynes, por exemplo, acreditava que alguma inflação era necessária para prevenir o Paradoxo da Parcimônia. Esse paradoxo afirma que, se os preços ao consumidor caírem consistentemente porque o país está se tornando muito produtivo, os consumidores aprendem a adiar suas compras para esperar por um negócio melhor. O efeito líquido desse paradoxo é reduzir a demanda agregada, levando a menos produção, demissões e uma economia vacilante.

A inflação também torna mais fácil para os devedores, que pagam seus empréstimos com dinheiro menos valioso do que o dinheiro que tomaram emprestado. Isso incentiva a contração e concessão de empréstimos, o que novamente aumenta os gastos em todos os níveis.

Muitos acreditaram que existia uma relação inversa entre inflação e desemprego, e que o aumento do desemprego poderia ser combatido com o aumento da inflação. Essa relação foi definida na famosa curva de Phillips. A curva de Phillips foi um pouco desacreditada na década de 1970, quando os EUA experimentaram a estagflação.

Nos Estados Unidos, o Bureau of Labor Statistics (BLS) publica um relatório mensal sobre o Índice de Preços ao Consumidor (CPI). Esta é a medida padrão da inflação, baseada nos preços médios de uma cesta de bens de consumo.

Milton Friedman a descreveu como o resultado de “muito dinheiro perseguindo poucos bens”, revertendo em preços mais altos. Às vezes, a inflação pode ser o resultado de um aumento na oferta monetária devido aos gastos do governo. Também pode ser o resultado do aumento da demanda ou da escassez de bens de consumo. Após a pandemia do COVID-19, a inflação aumentou acentuadamente nos Estados Unidos, em grande parte devido a gargalos na cadeia de suprimentos e gastos emergenciais do governo, incluindo cheques de estímulo enviados às famílias.

No Brasil isso não foi diferente. Após uma inflação muito baixa, após a pandemia da COVID-19 a inflação brasileira voltou com força. Com isso, o Banco Central interveio elevando as taxas de juros básicas para conter essa disparada nos preços.

*Telêmaco Genovesi, Gestor de fundo imobiliário da Fator Administração de Recursos.

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