Seminário de Investimentos nas EFPC: Renda variável, investimentos alternativos e alinhados ao ESG como opções inovadoras de diversificação

A aprovação do arcabouço fiscal e a expectativa de redução da taxa básica de juros, são notícias que já estão alterando o humor dos agentes do mercado financeiro. Uma reforma tributária, nesse contexto, é o impulso que falta para a recuperação e correção dos preços dos principais indicadores de mercado. A partir desse cenário, especialistas abordaram diferentes caminhos para a alocação das carteiras, passando por ativos de Renda Variável, Crédito Privado e Infraestrutura, além de tendências ESG, no painel “Diversificação de Investimentos: Opções Inovadoras – parte 1”, durante a 12ª edição do Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC. O evento acontece nos dias 27 e 28 de junho, das 9h às 18h, presencialmente no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo.

O painel foi moderado por Cleiton Pires, Coordenador Titular da Comissão Técnica Nordeste de Investimentos da Abrapp, e teve como palestrantes Walter Maciel, CEO da AZ Quest; João Uchoa Borges Filho, Product Specialist do BNP Paribas; e Carolina Maria Rocha Freitas, COO da Perfin.

Walter Maciel, da AZ Quest, apresentou sua visão para o cenário macroeconômico, que pode avançar bastante se houver uma Reforma Tributária. Os Estados Unidos devem ter um crescimento baixo e a China não deve fazer investimentos fortes em infraestrutura, com foco mais concentrado em commodities agrícolas. Na avaliação dele, o cenário para o Brasil é construtivo, e os preços devem se adequar à nova realidade após a definição do arcabouço fiscal.

Além disso, reformas microeconômicas, implementadas no governo anterior, trouxeram aumento de produtividade e crescimento potencial para o Brasil, sem o prejuízo de uma inflação mais elevada. “A relação preço/lucro da Bolsa está mais baixa do que durante a pandemia e vejo oportunidades. Trabalhamos com a perspectiva de juros em 9% no fim de 2024. Há oportunidades claras em um cenário com pouco risco de desvio”, avaliou.

Para Maciel, elas estão em Renda Variável, especialmente em small e mid caps, além de Fundos Imobiliários e Multimercados. O CEO da AZ Quest também observa oportunidades em infraestrutura, Fiagro e no crédito privado. “Tivemos uma ruptura, com o Governo Lula patinando no início do mandato, mas o plano é sólido e há contraponto do Congresso. Vamos observar uma inflexão nos próximos 24 meses”, analisou.

 

ESG é caminho sem volta

Além do cenário e dos preços descontados, outra alternativa de diversificação que passa por um momento de destaque é por meio de fundos com integração ESG. Quem abordou o tema foi João Uchoa Borges Filho, do BNP Paribas, que desde 2002 tem fundos socialmente responsáveis sob gestão. “O tamanho e importância que o ESG está tomando não tem volta. Nós temos um processo que busca verificar se as investidas estão seguindo o que estão reportando para evitar o greenwashing”, afirmou.

Com esse diferencial, o BNP Paribas, conta com uma equipe de 27 pessoas para formatar o conceito ESG e como isso será colocado em prática na gestão, com a fiscalização dos ativos. O processo de análise passa por um comitê de alocação e outro de sustentabilidade, que é responsável por elaborar uma lista de empresas que podem ou não ser investidas no mercado local. Para o fundo internacional, há um filtro de empresas elaborado pelo centro de sustentabilidade, em Paris.

Borges Filho apresentou os fundos da gestora e suas estratégias, todos com o sufixo IS (Investimento Sustentável), da Anbima. Na classe Renda Fixa, há produtos com benchmark de inflação, que seguem o IMA-B, de infraestrutura com debêntures incentivadas, voltados tanto para pessoas físicas como para investidores institucionais. Outro fundo é o de crédito privado, que tem metade da carteira em ativos triplo A.

Na classe de ativos ações Brasil, ele destacou a estratégia de ações de valor e processos para evitar greenwashing. E o fundo de investimento no exterior pode alocar em ações globais, sob o conceito da anomalia da baixa volatilidade, o que proporciona maior retorno no longo prazo. O produto busca ações globais de empresas que desempenham atividades na transição energética, com foco em descarbonização (fontes de energia como eólica e hidrelétrica), digitalização (tecnologia que tornará possível o avanço da energia renovável) e descentralização (ligadas à infraestrutura de trânsito energética). “Acreditamos na energia renovável e é para onde o dinheiro deve caminhar. Hoje, há 45 empresas subavaliadas em razão dos juros altos nos Estados Unidos. O fundo não tem hedge e acompanha a variação do dólar”, concluiu.

 

Infraestrutura: iliquidez que gera retorno

A relevância do ESG e as oportunidades que surgem na mudança de cenário macroeconômico devem considerar uma diversificação em ativos de infraestrutura, na opinião de Carolina Maria Rocha Freitas, da Perfin, que tem R$ 27 bilhões sob gestão, dos quais R$ 8 bilhões em produtos de infraestrutura.

Segundo ela, este é um momento crucial para a classe de investimentos alternativos e o foco hoje se concentra em transição energética, saneamento e rodovias, com conservação de créditos em carbono. “Temos como parceiros grandes players de infraestrutura, o que traz um nível de segurança grande para a matriz de risco, além de agregação de valor. Nossos Fips estão hoje em quatro frentes: transmissão, energia, rodovias e saneamento. Temos uma equipe de 30 pessoas envolvias em todo o processo”, contou.

Segundo Carolina, o investimento em infraestrutura acaba sendo um porto seguro em um momento de forte volatilidade dos ativos, movida por tensões geopolíticas, e inflação global. Como são indexados à inflação, os fips garantem uma proteção em longo prazo, já que o próprio processo de transição energética será inflacionário. “Estar em ativos que têm essa proteção é importante, pois são concessões de 30 anos, com segurança jurídica nos contratos. A inclusão de infraestrutura nas carteiras tem contribuído com a relação risco e retorno. Na média a alocação dos institucionais neste ativo é de 15% no exterior contra pouco menos de 5% no Brasil. Existe espaço para crescimento tanto aqui como lá fora”, pontuou.

Ela destaca que é uma estratégia que traz iliquidez e retornos maiores, dada a previsibilidade de receita, que possibilita organização e planejamento, considerando todos os riscos. Os ativos com os quais trabalha têm, ainda, descorrelação com ações do setor de utilities, o que traz sentido em termos de diversificação.

O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Black: XP e S&P Dow Jones Indices; Patrocínio Ouro: AZ Quest, BNP Paribas, Bradesco Asset Management, BTG Pactual Asset Management, Carbyne Investimentos, DWS Xtrackers, Global X Etfs, Inter, Investo, Itajubá Investimentos, Kadima Asset Management, Perfin, Rio Bravo, Santander Asset Management, Schroders, Sparta, TAG Investimentos, Trígono Capital, Vinci Partners; Patrocínio Prata: BB Asset, Galapagos Capital, HMC Capital; Patrocínio Bronze: Aditus, ARX, Franklin Templeton, Indie Capital, MAG Investimentos, RJI Investimentos, SulAmérica; Apoio: Bahia Asset Management, BlackRock, Fator, Hashdex, Leblon Equities, Método Investimentos,Patria Investimentos, StepStone.

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