A educação do futuro exige o desenvolvimento de uma série de habilidades, para as quais a atenção para aprender e reter novos conhecimentos é o ponto mais relevante. Com essa visão, foi apresentada a palestra “O Futuro da Educação e a Educação do Futuro”, que abriu o segundo dia do 3º Encontro Nacional de Gestão de Pessoas, iniciado em formato online na quarta-feira, 13 de setembro, com programação até sexta-feira, 15 de setembro. O painel foi moderado por Simone Castelão, Coordenadora-Titular do Comitê de Gestão de Pessoas da Abrapp.
A palestra foi conduzida por Reynaldo Gama, CEO da plataforma de educação corporativa HSM e do SingularityU-Brazil, escola de inovação do Vale do Silício. Ele iniciou a apresentação contextualizando a complexidade do cenário atual, com referências ao mundo Vuca, caracterizado por um período de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade; e ao mundo Bani, descrito como frágil, ansioso, não linear e incompreensível.
Diante do impacto crescente da Inteligência Artificial (IA), a sociedade vive um momento de mudanças velozes, que trazem a necessidade de atualização profissional constante. “Isso também traz ansiedade. Por isso, é preciso pensar no que faz sentido para cada um e para a indústria que atua. Muito se fala sobre o metaverso, e há uma certa frustração porque não decolou como se imaginava. É preciso entender a maturidade da tecnologia em cada ambiente de trabalho, porque não tem certo ou errado”, aconselhou.
Como educador, Gama expressou preocupação sobre como se manter relevante, criativo, original e com um repertório sólido nessa nova era. Para trazer algumas respostas, compartilhou alguns insights das Top 10 Habilidades Essenciais para 2025, divulgados pelo Fórum Econômico Mundial. Uma delas é manter o pensamento analítico e inovador para compreender os desafios atuais. Segundo ele, desde a pandemia a sociedade enfrenta problemas complexos, que não podem ser resolvidos por especialistas definitivos. “Saímos de um modelo 100% presencial para o 100% digital. Por isso, essa habilidade se soma a outras, como a criatividade e originalidade, para enfrentar a enxurrada de especialistas em ineditismo. Hoje os gurus surgem e desaparecem porque o mundo é perecível”, analisou.
Educação à prova de futuros
O palestrante também enfatizou a necessidade de entender e de ressignificar o futuro e em vez de lutar contra ele, reconhecendo que este é um período de mudanças constantes e velozes. Com base nesse contexto, Gama apresentou os quatro pilares para uma educação à prova de futuros. O primeiro pilar é o “Lifelong Learning” (aprendizado ao longo da vida), que define a capacidade de ser um aprendiz adaptável de forma permanente. O segundo é o “Learnability”, a habilidade de aprender continuamente, questionar, desaprender, reaprender e aprender novamente, ponto crucial para a educação do futuro. Para exemplificar, Gama compartilhou uma citação da professora e cientista cognitiva Poodja Agarwal: “Ensinar pode ser uma arte, mas aprender é uma ciência.” Segundo ele, essa é a habilidade mais desafiadora, diante da dificuldade que o ser humano pode ter de desaprender conceitos antigos e fixados.
O terceiro é o conceito de “Profissional Shaped”, a capacidade de ter diversas habilidades e adquirir autoridade em diversas áreas. “É interessante pegar um profissional que não é da sua área e trazer para o seu ambiente, para compartilhar perspectivas e experiências diferentes. A metodologia de squads tem essa proposta, às vezes reunindo profissionais de diferentes áreas para um projeto específico ou a resolução de um problema”, contou.
O quarto pilar aborda a importância das emoções e das histórias em um mundo orientado por dados, por meio do termo “Edutainment”, que é a educação movida pelo entretenimento. Ele compartilhou um exemplo de aprendizado fora da sala de aula, durante o festival The Town, ressaltando a necessidade de adaptar a educação às preferências individuais dos alunos.
Gama enfatizou que, na era da IA, a aprendizagem personalizada se tornará essencial, e os educadores não poderão adotar uma abordagem única. Ele introduziu o conceito de “Power Skills,” que envolve o pensamento crítico e a comparação entre o que a IA oferece e o que os seres humanos podem alcançar. Diante de tantos dados, a educação do futuro também deverá ter como ponto central a curadoria, que é importante para selecionar especialistas. Ele ressaltou a importância de adequar o formato de conteúdo apropriado, seja presencial ou online, dependendo dos objetivos de aprendizado e de networking. “Isso será essencial em um mundo no qual não existe mais escassez de informação, e sim uma escassez de atenção”, concluiu, citando o autor Seth Godin.
O 3º Encontro Nacional de Gestão de Pessoas é uma realização da Abrapp com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Ouro: LG Lugar de Gente – Sistemas Humanos e Walking The Talk. Patrocínio Bronze: Arual Turismo.