Artigo: A jornada ESG na Previdência Complementar – Por Kátia Levy*

A adoção de práticas ESG nas empresas brasileiras tornou-se uma urgência inadiável. Com a crescente conscientização global sobre as mudanças climáticas, a degradação ambiental e as desigualdades sociais, investidores e consumidores estão exigindo maior responsabilidade e transparência das empresas. Além disso, a pressão regulatória está aumentando, com governos e órgãos reguladores implementando normas mais rigorosas para garantir práticas sustentáveis e éticas. A integração dos critérios ESG não é apenas uma resposta às demandas externas, mas também uma estratégia vital para a mitigação de riscos e a construção de uma reputação sólida e confiável.

Quando olhamos para o segmento de previdência complementar, a governança é fortemente regulamentada por leis e normas que garantem a transparência, a ética e a responsabilidade na gestão dos fundos. Na prática, inclui a adoção de políticas claras de compliance, auditorias internas e externas, conselhos de administração independentes e a implementação de códigos de conduta, que garantem que os fundos de previdência complementar operem de maneira ética e transparente, protegendo os interesses dos participantes e seus beneficiários. No entanto, enquanto a governança já está solidamente incorporada na cultura do segmento devido à legislação rigorosa, os pilares ambiental e social ainda necessitam de atenção e desenvolvimento.

Sempre é importante, quando falamos em ESG, endereçar a discussão aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são um conjunto de 17 metas globais adotadas por todos os Estados Membros das Nações Unidas em 2015. Esses objetivos visam melhorar a qualidade de vida das pessoas, proteger o planeta e garantir a prosperidade para todos até 2030. Nesse contexto, o propósito da Previdência Complementar atende a metas de mais de um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável como, por exemplo, o Objetivo 3 Saúde e Bem-estar, ou o Objetivo 10 Redução das Desigualdades. Afinal, a segurança que o segmento proporciona para as pessoas 60+ o coloca no centro da discussão social sobre o envelhecimento da população com dignidade e bem-estar. Porém, não podemos nos contentar com isso. Precisamos avançar nas práticas que são o meio como alcançamos nossos resultados e perenidade.

Os investimentos verdes, por exemplo, representam uma oportunidade significativa para o segmento, alinhando-se aos critérios ESG e contribuindo para a sustentabilidade ambiental. Ao adotar investimentos verdes, os fundos de previdência complementar não apenas podem garantir retornos financeiros sustentáveis, mas também contribuir para um futuro mais verde e sustentável para todos. Alguns estudos indicam que esse tipo de investimento pode proporcionar retornos financeiros competitivos a longo prazo.

Digo isso por experiência própria no acompanhamento de fundos verdes da Braslight. Imagino que em breve, frente aos desafios da crise climática que se fazem cada vez mais presentes, esses investimentos deverão ser regulamentados através de políticas do setor. Afinal, os investidores institucionais têm altíssimo impacto como influenciadores de boas práticas ambientais.

O aspecto diversidade e inclusão precisa ser olhado com atenção nas práticas de recursos humanos do nosso mercado, garantindo que para além de gênero, raça e PCDs, sejamos capazes, por exemplo, de absorver mão-de-obra sênior, um dos desafios que o envelhecimento da população nos trará em breve. Por vocação, esse é um dos aspectos de diversidade no qual deveríamos nos concentrar como influenciadores do setor produtivo em geral. Quem sabe caiba a nós demonstrar o valor de equipes intergeracionais e nos tornarmos vitrines do sucesso desse modelo.

Na Braslight, em 2024, celebrando os 50 anos da Fundação, iniciamos nossa jornada ESG com o objetivo de adotar práticas que façam a diferença no mundo em que vivemos. Desde investimentos verdes até campanhas de solidariedade e treinamentos voltados para o desenvolvimento de competências futuras, estamos comprometidos com a missão de utilizar nosso potencial para influenciar as pessoas sobre sua responsabilidade individual e coletiva com o planeta.

*Kátia Levy é Gerente de Planejamento e Controles da Braslight

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