Nova edição da Revista: Felipe Borim Villen fala sobre o objetivo de aproximação do BNDES com os investidores institucionais*

*Edição n° 452 (maio e junho de 2024) da Revista da Previdência Complementar – publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp e UniAbrapp.

 

Entrevista com Felipe Borim Villen, por Martha Elizabeth Corazza

O momento vivido pelo Brasil é particularmente positivo para a retomada dos investimentos em infraestrutura e para desenvolver o financiamento de projetos por meio do mercado de capitais. Uma nova realidade que já está refletida na agenda de operações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2023 e no primeiro trimestre de 2024. Na análise feita pelo Superintendente de Infraestrutura do BNDES, Felipe Borim Villen à Revista da Previdência Complementar, transparece o objetivo de aproximação com os investidores institucionais, notadamente os fundos de pensão, assim como o papel do Banco como parceiro dos diversos players do mercado para expandir o financiamento com recursos e garantias públicos e privados em diversos setores. Confira a seguir:

 

Como foram os desembolsos do BNDES para infraestrutura em 2023 e qual é a estimativa de desembolsos para projetos ligados à área em 2024?

Felipe Borim Villen – O momento é muito bom para a retomada da atividade econômica em diversos setores, especialmente em infraestrutura, que registrou um aumento de 20% no total de investimentos feitos no ano passado. No BNDES, em 2023, os desembolsos feitos nessa área cresceram 14% em relação a 2022. Foram R$ 48 bilhões destinados a projetos de infraestrutura, o maior registrado em oito anos. Nos anos de 2014 e 2015, esses volumes haviam caído expressivamente e agora estão voltando ao topo, o que acompanha o movimento de expansão de financiamento para os investimentos na economia brasileira como um todo. A atuação do Banco em infraestrutura tem mantido forte correlação com esse crescimento econômico.

 

O perfil de atuação do BNDES tem refletido mudanças importantes em relação ao financiamento da infraestrutura. De que modo têm sido desenvolvidas as parcerias com agentes do mercado e quais os resultados que o Banco considera mais relevantes até o presente momento?

Felipe Borim Villen – Ao longo dos anos, esse papel sofreu diversas mudanças e veio se aperfeiçoando. Mais recentemente, o BNDES tem trabalhado para além do financiamento direto das operações, agora com foco também na estruturação dos projetos. Estruturamos, por exemplo, os principais leilões na área de saneamento e estamos também expandindo a nossa maneira de atuar, com parcerias que usam debêntures como um dos principais instrumentos de financiamento. Aí participamos não só como coordenadores das emissões, mas como investidores, buscando dividir riscos e fazer co-investimento, além de oferecer garantias. Tudo isso gera um leque muito grande de atuação para alavancar os recursos necessários sem tirar o espaço do mercado como financiador.

 

Nesse contexto, quais são os setores prioritários para o crescimento das operações este ano?

Felipe Borim Villen – No setor de saneamento, as operações foram e seguem muito fortes, mas o crescimento em infraestrutura tem ocorrido de forma generalizada, impulsionando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), porque essa expansão é transversal, ela acontece em diversos setores ao mesmo tempo. Em mobilidade, por exemplo, o governo federal tem feito um esforço muito grande e deveremos ter movimentos importantes nas próximas semanas. A agenda de concessões prevê um total de R$ 100 bilhões que estão no pipeline de leilões de rodovias, e o leilão realizado em abril deste ano mostrou um número grande de interessados. Em ferrovias também deveremos ter crescimento, e na área de energia, o Brasil é um dos países que estão mais bem posicionados para expandir projetos. Então, o momento é alvissareiro. Em 2023, as nossas operações foram muito fortes em saneamento, até pelo grande projeto do BNDES nessa área, bem como em mobilidade e em rodovias. Em 2024, estamos trabalhando para continuar a expandir nossa atuação e há previsão de aumentar em mais 20% ou 30% as operações de infraestrutura.

 

Como o Banco vê a participação de grandes investidores institucionais brasileiros, em especial as Entidades Fechadas de Previdência Complementar, nesse programa de parcerias? Quais são as expectativas?

Felipe Borim Villen – Há uma expectativa muito alta agora com as mudanças no mercado de debêntures de infraestrutura. Aqui no Brasil, os fundos de pensão acabaram não seguindo o caminho de outros países, e sua participação em investimentos de infraestrutura ainda é quase nula, mas a realidade é que o País precisa investir R$ 200 milhões a mais a cada ano, então a necessidade de obter funding é muito grande. Seria positivo utilizar as novas debêntures porque é um caminho que se abre, temos discutido como incentivar mais os fundos de pensão a seguirem esse caminho, mas sabemos que não haverá uma “virada de chave” rápida, que aconteça de maneira muito expressiva.

(Continua…)

 

Clique aqui para ler a entrevista completa na íntegra

Shares
Share This
Rolar para cima