Os insights sobre as perspectivas para a bolsa brasileira e as oportunidades em um contexto econômico em evolução foram discutidos no primeiro painel do 13º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC, que acontece nos dias 26 e 27 de junho, das 9h às 18h, no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. Moderado por Antonio Carneiro Alves, Coordenador do Colégio de Coordenadores de Investimentos da Regional Sudeste da Abrapp, a apresentação teve como palestrantes Fernando Genta, Economista-chefe da XP Asset; e Marcos Peixoto, Gestor de Renda variável da XP Asset.
Os palestrantes avaliaram que existem oportunidades no mercado de ações. Com investidores mantendo excesso de caixa e uma exposição abaixo da previsto nesse ativo, o cenário técnico é favorável para alocações em renda variável. No entanto, há desafios políticos e econômicos, principalmente no que diz respeito às expectativas em relação à situação fiscal do país.
Marcos Peixoto disse que a performance da bolsa brasileira tem sido desafiadora em comparação com as bolsas globais. “O Brasil tem o pior desempenho entre as principais bolsas do mundo, perdendo mais de 25% no ano em relação aos mercados emergentes”, afirmou. Ele explicou que a saída de investidores estrangeiros da bolsa em 2024 foi influenciado não apenas pelo cenário local, mas também por temas como Inteligência Artificial, e o desempenho das bolsas em mercados desenvolvidos.
O gestor observou que a alocação em ações na indústria de fundos diminuiu de R$ 700 bilhões para menos de R$ 500 bilhões nos últimos anos, refletindo os intensos resgates em 2022 e 2023. “Por outro lado, as empresas domésticas estão sendo negociadas a preços historicamente baixos, criando um período desafiador para a gestão de investimentos. As estimativas de lucro estão mais positivas, com uma melhoria nos últimos seis meses. Há bons indicadores em termos de fundamentos, na relação entre o preço e lucro das empresas. O nível de alavancagem está confortável e abaixo dos níveis de 2015 e 2016″, explicou.
Do ponto de vista econômico, Fernando Genta destacou a necessidade de regulamentar pontos da reforma tributária, antes da discussão do arcabouço fiscal, devido à necessidade de uma estimativa precisa de arrecadação. Ele também mencionou que a prévia da inflação de maio está em torno de 3,5%, mas as expectativas do Boletim Focus indicam uma inflação de 4,4% em 2024 e 5,5% em 2025. Segundo ele, há economistas que acreditam que o Banco Central pode adotar um movimento de alta de juros, caso haja agravamento do cenário econômico. “O crescimento do PIB está previsto em 3% para este ano, porque a renda das famílias está mais alta. Esperamos um bom crescimento econômico no Brasil, mesmo com as adversidades ocorridas no Rio Grande do Sul”, concluiu.
O economista também analisou o cenário econômico de inflação e de emprego nos Estados Unidos. Segundo ele, as contratações continuam em ritmo superior ao período pré-pandemia, e o mercado está precificando um possível corte de juros em dezembro, embora a proximidade com as eleições presidenciais possa adiar essa decisão. “O FED evita mexer nos juros durante períodos eleitorais”, afirmou. Ele destacou que o cenário fiscal dos Estados Unidos sugere a manutenção dos juros elevados por mais tempo. Em relação ao Brasil, ele avalia que o desafio do governo é retomar o compromisso com o fiscal, após o crescimento das despesas ter sido maior do que o esperado. “Após a reforma da Previdência, os gastos se estabilizaram, mas a nova política do salário mínimo, que prevê reajuste pela inflação mais 3%, mudou essa dinâmica. O governo pode atingir o teto de gastos mais rapidamente, exigindo uma discussão acelerada sobre o arcabouço fiscal”, alerta.
O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. O evento conta com patrocínio Black: S&P Dow Jones, XP. Ouro: ASA, AZ Quest, BNP Paribas, Bradesco Asset, Carbyne Investimentos, Fator Soluções, Franklin Templeton, Galapagos Capital, HMC, Inter, Investo, Itajubá Investimentos, Perfin, Rio Bravo, Santander, Sparta, Sulamérica Investimentos, TAG Investimentos, Tarpon, Trigono Capital, Vinci Partners. Prata: BB Asset, Novus Capital, Porto Asset. Bronze: Aditus, ARX Investimentos, XTrackers, Itaú Asset, RJI Investimentos, V8 Capital, Safra. Apoio: Apoena, Bahia Asset, HSI, IAP – Itajubá Previdência, Marsche, Método, Pátria Investimentos.