Artigo – Inteligência Artificial: um caminho sem volta – por Marina Cunha*

Se até há pouco tempo, as soluções tecnológicas tinham como grande finalidade aumentar a eficiência e a produtividade, agora, a Inteligência Artificial (IA) vem para acrescentar neste time e começa a desenhar um novo horizonte. A cada dia, a tecnologia trilha novos caminhos e, com eles, surgem oportunidades inimagináveis. Apesar de ainda não sabermos ao certo onde estará – e se haverá – o destino final, sabemos sim que se trata de uma via de mão única, onde a possibilidade de se encontrar um retorno fica cada vez mais remota. E para o mercado e a realidade nas rotinas da previdência complementar, o cenário não é diferente.

Neste ano, a aprovação de projetos envolvendo IA no mercado de previdência direcionou os holofotes para o assunto. Selecionados pelo Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), os projetos serão desenvolvidos pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), nos próximos dois anos. De modo geral, o objetivo é aprimorar a coleta, conversão de dados sobre os investimentos diretos e indiretos, passivo, contábil dentre outras informações realizados pelas entidades fechadas, validando a aderência à legislação e identificando rapidamente, por exemplo, qualquer indício de operação atípica de maneira tempestiva.

Se avançarem como o planejado, os projetos contribuirão não somente para melhorar a segurança dos participantes e a transparência das operações, mas ajudarão a disseminar uma cultura de gestão de risco. Este é um fator essencial para uma gestão eficiente dos planos de benefícios. Em outras palavras, a IA pode ajudar a autarquia a supervisionar as entidades, desenvolvendo ainda mais este mercado, com um aculturamento de gestão de risco.

Estes são apenas os planos iniciais e, certamente, daqui dois anos, novas oportunidades devem surgir. As aplicações de IA avançam rapidamente e, apesar de não haver um consenso no que se refere aos pontos positivos e negativos desde novo horizonte, as pessoas já aguardam os crescentes impactos da IA em suas vidas.

Para se ter uma ideia desta expectativa , a Universidade de Stanford divulgou o relatório referente ao Índice de Inteligência Artificial 2024. Realizado a partir de diversas pesquisas e parcerias, uma delas realizada pelo Ipsos – um dos maiores centros de pesquisa do mundo -, o documento traz um comparativo ao longo dos anos e avalia a rápida taxa de avanço da IA em diferentes frentes. São considerados fatores como pesquisa e desenvolvimento até o desempenho técnico e ética, economia e educação, política e governança, entre outros.

Um número interessante revela que o percentual daqueles que pensam que a IA afetará dramaticamente suas vidas nos próximos três a cinco anos aumentou de 60% para 66% de 2022 para cá. A quantidade de pessoas que expressaram certa apreensão em direção a produtos e serviços de IA, no entanto,  também avançou 13 pontos percentuais, chegando a 52%. Ou seja, as pessoas aguardam por avanços mas, ao mesmo tempo, estão mais apreensivas com estas mudanças.

A pesquisa traz informações apuradas em 31 países e mostra realidades distintas, tanto geograficamente como a partir de gerações. As gerações Z e Y, por exemplo, estão mais inclinadas a concordar que a IA mudará a forma como eles realizam seu trabalho atualmente em comparação às gerações mais velhas, como a geração X e os baby boomers. Baseado nestas entrevistas, 66% da geração Z acreditam que IA provavelmente afetará seus empregos. Entre os entrevistados da geração boomer, este percentual cai para 46%.

Em relação a um possível impacto positivo da IA na economia de cada país, a pesquisa mostra um resultado mais otimista na América do Sul do que na Europa. No Brasil, por exemplo, 51% esperam um impacto positivo na economia. Na Peru, esse percentual cai para 46%; na Colombia, para 40%; e, no Chile, fica em 31%. Nos países europeus, estes percentuais são bem menores. Na França, o número cai para 24%; Espanha fica em 25%; e Alemanha aparece com somente 27%.

Apesar de se tratar de um tema relativamente incipiente e desafiador em diversas esferas, a IA é uma poderosa ferramenta e, se utilizada com sabedoria e coerência, pode proporcionar avanços significativos. O momento é de conhecer e investir em pesquisa e desenvolvimento em tecnologia, entender e explorar a IA para disponibilizar soluções que ajudem no desenvolvimento do mercado e no dia a dia das pessoas. Este é o caminho que observo sendo cada vez mais utilizado em diversas culturas, economia e mercados. E vale uma uma breve reflexão sobre o assunto: hoje, a IA de alguma forma já está inserida no seu dia a dia? Estamos prontos para estes avanços? O momento é propício para refletirmos.

 

*Marina Cunha é Consultora da área de Previdência da LUZ Soluções Financeiras

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