*Edição n° 455 (novembro e dezembro de 2024) da Revista da Previdência Complementar – publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp e UniAbrapp.
Entrevista com Andrea Mottola e Suely Tonarque, por Débora Diniz
A população idosa está cada vez mais exposta a golpes financeiros e fraudes, um cenário alarmante explorado em detalhes no livro “Golpes Contra a Pessoa Idosa: Como se Prevenir – Os Desafios do Consumidor Idoso na Atualidade”. Andrea Mottola e Suely Tonarque, autoras da obra, reúnem suas experiências para lançar luz sobre esses problemas e propor soluções concretas. Andrea, advogada especializada na defesa dos direitos do consumidor e em casos de superendividamento e fraudes bancárias, trabalha ativamente com casos de abuso financeiro contra idosos. Suely, uma ativista sênior, conhece profundamente os desafios de sua geração e luta pela efetivação dos direitos da pessoa idosa em diversos espaços.
Para instituições como as Entidades Fechadas de Previdência Complementar, governo, familiares e a sociedade como um todo, o livro de Andrea e Suely serve como um alerta e uma chamada à ação. As autoras sugerem que as EFPCs desempenhem um papel ativo na educação financeira de seus beneficiários, oferecendo cursos e materiais que ajudem os idosos a identificar fraudes e proteger suas finanças. Por parte do governo, é preciso criar e fortalecer leis que protejam a população idosa de práticas como o assédio para contratação de produtos financeiros e juros abusivos em empréstimos consignados.
Os familiares, por sua vez, desempenham um papel fundamental no apoio emocional e na proteção dos idosos, ajudando a supervisionar contas bancárias e a orientar transações financeiras. Por fim, a sociedade como um todo deve se engajar na proteção dos idosos, promovendo campanhas de conscientização sobre os golpes mais comuns e desenvolvendo redes de apoio que estimulem o uso seguro da tecnologia e serviços financeiros.
Na entrevista a seguir, Andrea e Suely discutem o significado das histórias contadas no livro e como cada cidadão e instituição pode contribuir para garantir que a dignidade e a segurança dos idosos sejam respeitadas e protegidas. Confira a seguir:
O que motivou vocês a escreverem o livro?
Andrea Mottola: Esse projeto surgiu da nossa observação sobre como os idosos são alvos frequentes de golpes financeiros, um problema agravado durante a pandemia. No meu escritório, vi crescerem os casos de fraude, especialmente envolvendo consumidores idosos. Decidimos unir nossas experiências e conhecimentos para criar um livro que não só detalhasse os principais golpes, mas também trouxesse orientações preventivas. Nossa meta é tornar o idoso e a sociedade mais conscientes e preparados para enfrentar essa realidade.
Suely Tonarque: A ideia veio da minha experiência e observação. Trabalho com moda há muito tempo, mas, durante a pandemia, vi familiares e amigos sofrendo golpes. Isso me chamou atenção, e eu ficava atenta, observando como esses casos se repetiam. Decidi fazer lives e escrever o livro, colocando nele todas as histórias e golpes que vivi ou ouvi. Assim, fui construindo um material que considerava essencial, pois a sociedade está precisando muito desse tipo de informação.
Quais são os golpes mais comuns que vocês identificaram e como os idosos se tornam vítimas?
Andrea Mottola: Muitos dos golpes comuns contra idosos envolvem empréstimos consignados, especialmente fraudes onde um empréstimo é aprovado sem a autorização do idoso ou onde ele é convencido a assinar contratos sem plena consciência. Outros golpes incluem falsos pedidos de ajuda financeira por WhatsApp, onde golpistas se passam por parentes, e as fraudes bancárias, em que golpistas clonam números de centrais de atendimento para roubar dados. Esses golpes são sofisticados, e os idosos são alvos fáceis por não estarem totalmente familiarizados com os novos recursos tecnológicos e as modalidades de fraude que surgiram com a digitalização.
Como você vê o papel das Entidades Fechadas de Previdência Complementar na proteção dos assistidos?
Andrea Mottola: As Entidades Fechadas de Previdência Complementar podem e devem desempenhar um papel central na proteção desse público. Essas instituições têm acesso direto aos aposentados e pensionistas, então, podem liderar campanhas educativas para conscientizá-los sobre como se proteger contra golpes financeiros. Acredito que as entidades devem, com regularidade, comunicar informações claras e acessíveis aos seus participantes, utilizando uma linguagem simples e direta sobre os riscos de golpes e as principais precauções a serem adotadas. Além disso, as entidades podem atuar junto a bancos e órgãos reguladores para buscar melhorias nos mecanismos de segurança de suas plataformas digitais e no controle de dados sensíveis, para que estejam menos vulneráveis a acessos indevidos.
(Continua…)
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