Nova edição da Revista: Artigo sobre entidades fechadas, aposentadoria, propósito e a nova longevidade*

*Edição nº 457 da Revista da Previdência Complementar – uma publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp e UniAbrapp.

 

Por Ricardo Oliveira Neves e Eduardo Lamers

A Criação da Aposentadoria, 1889 – Todos estão falando sobre como estamos vivendo mais tempo atualmente. Isso certamente é uma boa notícia. Não apenas estamos vivendo mais, mas também desfrutamos de vidas mais saudáveis, incluindo bem-estar físico, mental e cognitivo. Essa conquista beneficia a humanidade globalmente. No entanto, os fundos de pensão, ao analisarem o aumento da expectativa de vida e seu impacto financeiro, rotularam isso como um “risco de longevidade”.

Se os 60 anos agora são considerados os novos 40, devemos ajustar nossa percepção sobre o que significa ser idoso, talvez reservando essa classificação para aqueles acima dos 80 anos? Devemos repensar a aposentadoria ou até mesmo reinventá-la? Afinal, a aposentadoria foi introduzida há quase um século como parte de uma ampla reforma social na Alemanha, iniciada por Otto von Bismarck em 1889. Desde então, a expectativa de vida aumentou quase 40 anos.

A Invenção dos Fundos de Pensão, 1950 – Agora, vamos considerar o dinheiro e como ele se relaciona com a aposentadoria. Para a maioria das pessoas, o suporte financeiro na velhice, quando se tornam vulneráveis e incapazes de trabalhar, vem de programas de seguridade social administrados pelo governo. Estes são principalmente financiados por um contrato intergeracional, no qual aqueles em idade ativa são obrigados a contribuir para um fundo público gerenciado pelo governo. Esse é o acordo social que sustenta a aposentadoria como um direito social.

O valor da pensão que uma pessoa aposentada recebe desse programa governamental depende de duas variáveis demográficas: o número de pessoas que contribuem durante sua vida ativa e a expectativa de vida dos aposentados. Com menos pessoas contribuindo e aposentados vivendo mais tempo, os governos precisam ajustar continuamente os parâmetros da aposentadoria — aumentando a idade de aposentadoria, reduzindo os benefícios e aumentando as contribuições. Como os economistas dizem, não existe almoço grátis.

Compreendendo isso, algumas empresas introduziram uma inovação moderna para incentivar os funcionários, sendo a General Motors a primeira a estabelecer um fundo de pensão em 1950. O conceito de fundos de pensão cresceu globalmente e beneficiou enormemente a geração Baby Boomer, nascida entre 1946 e 1964. O pensador em gestão Peter Drucker, um dos principais especialistas em tendências corporativas e econômicas, reconheceu isso cedo. Em seu livro seminal de 1976, “Revolução Invisível: Como o Socialismo invadiu os EUA”, ele analisou esse crescimento exponencial de riqueza representado pelos fundos de pensão. Em 1991, Drucker destacou ainda mais em seu livro “The Pension Fund Revolution”, observando: “A ascensão dos fundos de pensão como proprietários e credores dominantes representa uma das mudanças de poder mais surpreendentes da história econômica. Quatro décadas depois, os fundos de pensão controlam ativos totais de US$ 2,5 trilhões, divididos aproximadamente de forma igual entre ações e títulos de renda fixa. A demografia garante que esses ativos crescerão agressivamente por pelo menos mais dez anos.”

A Nova Riqueza das Nações Vinculada à Aposentadoria, 2024 – Então, onde está o dinheiro em 2024 para a aposentadoria com fundos de pensão? Essa é uma questão crucial porque, como Drucker observou, “o poder do credor é tão grande quanto o poder do proprietário — às vezes maior”.

Hoje, o total de ativos sob gestão pelos 500 maiores gestores de ativos do mundo atingiu US$ 128 trilhões até o final de 2023, segundo pesquisa do Thinking Ahead Institute, da WTW. Uma parte significativa desses ativos — aproximadamente US$ 55 trilhões, segundo estimativas de Nicolas Firzli, Diretor-Geral do World Pensions Council — vem dos fundos de pensão. Firzli chama isso de “a nova riqueza das nações”.

No entanto, a tendência demográfica conhecida como “pirâmide invertida” (com menos jovens e mais idosos) e o progresso da espécie humana em direção a vidas centenárias estão impulsionando a necessidade de mudanças sistêmicas e uma mudança de mentalidade entre indivíduos, sociedade, governos e empresas.

Os governos tentam enfrentar o desafio das mudanças demográficas fazendo reformas incrementais, como aumentar a idade de aposentadoria de tempos em tempos — um pouco como rearranjar as cadeiras no convés do Titanic. Enquanto isso, os gestores de ativos, encarregados de preservar os investimentos dos fundos de pensão, estão soando o alarme. Por exemplo, Larry Fink, CEO da BlackRock (que administra cerca de US$ 10 trilhões em ativos, metade dos quais vinculados a obrigações de aposentadoria), destacou em sua carta anual aos investidores que é hora de “repensar a aposentadoria”.

(Continua…)

 

Clique aqui para ler o artigo completo na íntegra.

Shares
Share This
Rolar para cima