Jornal Tino Econômico: Aprenda a viver com menos do que você ganha*

Cristiano Verardo tem uma missão: ensinar jovens a desenvolver uma “atitude previdente” desde cedo. Diretor da Vexty, empresa de previdência privada, e autor do livro Previdência É Coisa de Família, ele trabalha, há mais de uma década, ajudando as pessoas a se preparar para o futuro, para o momento da aposentadoria. Natural de Porto Alegre e morador de São Paulo há 22 anos, Cristiano é pai de três filhas e usa histórias familiares para tornar o tema previdência mais acessível e interessante.

Nesta entrevista dada ao estudante João A., de 18 anos, aluno do 3º ano da Etec GV, ele explica por que é fundamental começar a pensar no futuro financeiro desde jovem, desmistifica a ideia de que investir é só para ricos e compartilha conselhos práticos que podem fazer toda a diferença na vida de um adolescente.

 

O que é essa “atitude previdente” sobre a qual você fala no livro?

Cristiano Verardo: Atitude é um conjunto de comportamentos que eu escolho para ter na minha vida. Você pode ter uma atitude mais agressiva no trânsito ou mais gentil. Pode ter uma atitude negligente, “deixa a vida me levar”, ou uma atitude previdente.

Atitude previdente é quando você escolhe ser cuidadoso, pensar antes, preparar-se. Não é só sobre aposentadoria, e sim sobre estar desperto para a vida. Por exemplo: você sabe que se ficar no celular, no fundão e não prestar atenção à aula, o fim da história vai ser ruim. Então você escolhe estudar. Isso é atitude previdente. Ela não te livra dos perrengues da vida, mas te protege dos que são evitáveis. Se você desenvolver isso agora, lá na frente vai ter mais opções, mais liberdade e menos aperto.

 

Qual a melhor idade para começar a se preocupar com aposentadoria?

Cristiano Verardo: O ideal seria começar hoje. Mas eu sei que isso nem sempre faz sentido na cabeça de alguém de 17, 18 anos. O importante é ir despertando para esse tema. Quando você começa a ganhar dinheiro de verdade, formar família, assumir responsabilidades, precisa estar mais atento. O problema é que o sistema público, como o INSS, não vai garantir uma aposentadoria boa para todo mundo. Então, quanto antes você entender isso e começar a se preparar, melhor. Não precisa ser com um plano no banco. Pode ser montar um negócio, investir, juntar para comprar um imóvel. Previdência é sobre futuro, não sobre produto.

 

Vale a pena guardar dinheiro mesmo ganhando pouco de mesada?

Cristiano Verardo: Eu acho que sim, um pouquinho, porque desenvolve o comportamento de poupança. Se você ganha 100 reais de mesada por mês e guarda 10 reais, vai ter 120 reais no fim do ano. O que faz com 120 reais? Quase nada. Ainda assim, aprender a viver com menos do que a gente ganha é difícil, mas essencial.

A gente compra o que não precisa com o dinheiro que não tem para se mostrar para quem a gente não gosta. Então, se você conseguir viver com menos do que ganha, já estará se educando a viver com menos. A vida vai te apresentar situações — desemprego, doença etc. — e você tem que se preparar.

 

O que você diria para alguém que pensa que investir é só coisa de rico?

Cristiano Verardo: Isso é preconceito. Claro que para investir, a gente precisa ter uma renda e gastar menos do que ganha. Mas guardar um pouco, do jeito que dá, já é o começo. Investir não é só para enriquecer, e sim para se proteger do consumo impulsivo, da instabilidade da vida. E, olha, eu sei que é difícil. A vida está cara. Mas não é impossível. E investir pode, sim, estar ao alcance de mais gente do que parece.

(Continua…)

*Entrevista publicada em 5 de agosto de 2025 no jornal Tino Econômico

Clique aqui para ler a entrevista completa na íntegra.

Shares
Share This
Rolar para cima