Com o tema “Disruptura, Inovação e Tendências: Desafios e Oportunidades”, o evento que reúne o 25º EPINNE – Encontro dos Profissionais de Investimentos do Norte e Nordeste e o 23º EPB – Encontro dos Profissionais de Benefícios do Norte e Nordeste teve início nesta quinta-feira (18) e segue até sexta (19). A iniciativa é organizada pelas entidades AlepePrev, BandePrev, CompensaPrev e Fachesf, e conta com o apoio da Abrapp e da Conecta.
“Temos muito a compartilhar de conhecimentos e experiências vivenciadas nesses últimos 19 meses, antevendo o futuro que temos pela frente, bastante desafiador¨, ressaltou na sessão de abertura, Helder Falcão, Presidente da Fachesf e Coordenador do EPB. Luiz da Penha Souza, Coordenador do EPINNE, destacou a importância de as entidades revisitarem suas estratégias em meio às transformações do cenário econômico, com a oportunidade das discussões promovidas pelo evento, o que foi reforçado por José Fernandes, Diretor de Benefícios da Fachesf.
Nova história – O Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Martins, ressaltou o momento virtuoso das entidades fechadas de previdência complementar no painel de abertura “Os desafios do sistema de previdência privada no pós-pandemia”. “Arrisco dizer que estamos escrevendo o início de uma nova história no nosso segmento, atingindo o objetivo de fazer chegar uma previdência complementar, mais simples e flexível, para o novo perfil de trabalhador e o nativo digital”.
Luís Ricardo destacou a solidez e resiliência do setor, que conseguiu, em um curto espaço de tempo, recuperação fantástica no primeiro ano da pandemia de COVID-19, revertendo um déficit líquido em março de 2020, de mais de R$ 50 bilhões, para encerrar o ano com superávit agregado de R$ 8 bilhões. Tudo isso com o profissionalismo das entidades, muita comunicação com o participante e seguindo as estratégias de investimento de longo prazo.
Reinvenção e ousadia – Luís Ricardo ressaltou ainda a capacidade de reinvenção do sistema, que saiu de um cenário de estagnação, em 2017, para a retomada do crescimento em vertentes como os planos família, planos instituídos e a previdência complementar dos servidores públicos. Nesse sentido, destacou o engajamento das lideranças das entidades, a interlocução fina com o governo na busca pelo fomento, e a representatividade e a ousadia da Abrapp, que alterou seu estatuto para tornar-se uma facilitadora para as associadas criarem seus planos família, além de organizar iniciativas como o hackathon HackAPrev, a criação do Hupp! (primeiro hub de previdência complementar do Brasil) e da empresa Conecta, que oferece soluções focadas para as EFPCs em áreas como tecnologia, relacionamento e vendas, a exemplo da Central de Serviços.
“O momento atual continuará pedindo muita ousadia, inovação, revitalização e mudanças de mindset das lideranças”, disse Luís Ricardo, notando o papel dos líderes em incentivar os colaboradores das EFPCs a pensarem fora da caixa e desenvolverem a cultura comercial dentro do segmento. Nessa agenda de fomento, o Diretor-Presidente da Abrapp destacou ainda o CNPJ por Plano, a inclusão de propostas defendidas pela Associação no PL de harmonização entre entidades abertas e fechadas, os projetos de incentivos tributários no Congresso, a discussão sobre flexibilização do PGA no CNPC, dentre outros.
Novo modelo – Na sequência, o Superintendente Geral da Abrapp, Devanir Silva, realizou a palestra ¨O novo modelo da previdência complementar no Brasil¨. Devanir apresentou um breve panorama sobre a evolução da previdência complementar fechada, da década de 1970 aos dias atuais, e destacou: “É uma historia vitoriosa que nos orgulha, com mais de R$ 1 trilhão de patrimônio do sistema. E, como tenho dito, temos uma única certeza: o que nos trouxe ate aqui não nos levará adiante – porque tudo está mudando”.
A necessária alteração de mentalidade das lideranças, que permita às EFPCs repensarem seus modelos de negócios e posicionamentos, para navegar em um mundo BANI/FANI (Frágil, Ansioso, Não Linear e Incompreensível), também foi reforçada por Devanir. Ter visão estratégica e empreendedora, revogar a lei do SFA – “Sempre Foi Assim”, ter visão do novo fluxo de participantes e da entrega do legado, com agilidade e uso intensivo de tecnologia, foram alguns pontos destacados pelo Superintendente da Abrapp.
Nesse novo mundo, as organizações precisam estar focadas e serem ágeis, pois as janelas de oportunidades são curtas e é preciso aproveitá-las. Nesse sentido, cabe aos atores do sistema dar o primeiro passo, exortou Devanir: “Sejamos nós os agentes das mudanças: diretores, conselheiros, técnicos… Seremos nós os fomentadores da previdência, que terá vida longa em nosso país, com um novo e formoso ciclo de fomento”.
Visão da fiscalização – O Diretor Superintendente da Previc, Lucio Capelletto, apresentou em seguida um panorama (overview) sobre o sistema e os temas regulamentares em debate para as EFPC. Ao apresentar os grandes números (base setembro 2021), Lucio informou que a previdência complementar fechada no Brasil conta atualmente com 265 EFPCs em funcionamento, 1.108 planos e R$ 1,14 trilhão em ativos, abrangendo uma população de 7,9 milhões de pessoas e R$ 70 bilhões em benefícios pagos por ano.
Ainda há muito espaço para avançar, reforçou o Superintendente da Previc, ao observar que a previdência complementar corresponde a 26% do PIB do Brasil (aberta e fechada), enquanto na média dos países da OCDE essa proporção está em 91%. “Temos que pensar em como fomentar a previdência complementar e as alternativas disponíveis para buscarmos novos participantes e fazer o sistema crescer”, disse Capelletto. Ele destacou que o governo tem trabalhado em cima desse objetivo, por meio de Resoluções do CNPC, Instruções da Previc, e também na oportunidade de alterações nas Leis Complementares 108 e 109, em linha com o comando da Emenda Constitucional nº 103/2019, com propostas para ampliar a abrangência das EFPCs.
Capelletto destacou como perspectivas para o setor: a tendência do crescimento no número de participantes, mas redução no número de EFPCs com o processo de consolidação; a harmonização das regras aplicáveis ao regime de previdência complementar; a diversificação na alocação dos ativos; e o uso intensivo de tecnologia e incorporação de inovações, com a oferta de produtos e serviços melhores e mais adequados às necessidades dos participantes. “Vemos desafios pela frente e trabalhamos para o sistema ter crescimento sustentável, com funcionamento regular, e sempre maior eficiência”, completou o líder da Previc.
A programação do 25º EPINNE e do 23º EPB segue até sexta-feira (19).