3º Encontro Inovação e Criação de Valor: Metaverso continua no radar e mudará a realidade do trabalho

Se entre 2020 e 2022 o metaverso foi considerado hype – palavra inglesa que expressa uma moda anunciada excessivamente pela mídia –, se tornou um conceito que veio para ficar e que deve permanecer no radar de todas as pessoas. Essa foi a tônica da palestra “O Metaverso Não Saiu do Radar (o Hype Sim)”, que marcou o encerramento do primeiro dia do 3º Encontro Nacional de Inovação & Criação de Valor, evento realizado pela Abrapp, que acontece nos dias 30 e 31 de agosto, e termina no dia 1º de setembro.

O moderador Marcelo Gomes, Coordenador do GT de Metaverso da Abrapp, contextualizou que o metaverso foi alvo de uma avalanche de informações nos últimos anos, com presença em importantes eventos voltados ao varejo. Ainda que o boom tenha passado, o conceito tem importante relevância na economia, futuro do trabalho e transformação do espaço de aprendizado.

Ele moderou a palestra de Ariane Reisier, Estrategista de Metaverso e Transformação Digital, que conduziu o tema a partir de questões sobre como o futuro é notado hoje, a percepção de realidade e o papel preponderante da indústria de games, que se tornou uma professora do que está por vir: o metaverso.

O trabalho no futuro, daqui a 10 anos

Embora seja difícil prever com exatidão, especialistas dizem que muitas atividades não existirão daqui a 10 anos. Segundo Ariane, a própria tecnologia tende a envelhecer e isso não é necessariamente ruim, já que a tendência é que humanos deixem de exercer atividades repetitivas, que podem ser automatizadas, e poderão dedicar o tempo para a criatividade, a estratégia e o pensamento. “Para quem não é criativo, vamos ter uma renda básica universal, algo sobre o qual as EFPC poderão trabalhar pois será um grande negócio no futuro”, afirmou.

Segundo a estrategista, a condução desse processo ocorrerá por meio da Inteligência Artificial (IA). Ela apresentou gráficos que mostram até que ponto a IA atuará em conjunto com humanos, dependendo dos graus de envolvimento de determinadas atividades com características como compaixão, empatia e simpatia. “É preciso que desde já todos se conectem com as máquinas para entender a Inteligência Artificial, a realidade aumentada, o bitcoin e demais recursos tecnológicos. Todos esses conceitos fazem parte do amontoado que representa o metaverso”, aconselhou.

 

Percepção de realidade: games

Ariane explicou o conceito de neurônio espelho que, na neurociência, mostra que a realidade não necessariamente é o que está materializado. A percepção da realidade envolve o que é ouvido, entendido e compreendido. “O cérebro não distingue a realidade da ficção. Ele é facilmente moldado à medida do que vê e acredita ser realidade. Por isso o game ganhou tanta importância”, explicou.

A relevância da indústria de games não ocorreu à toa. Para a estrategista, os games aumentam a capacidade de resposta de uma pessoa, e geram mais aprendizado por serem divertidos. “Além disso, promovem trabalho em equipe porque ninguém gosta de jogar sozinho. Estimulam a criatividade, atenção, memória visual e melhoram a estratégia e liderança, já que é preciso resolver algo em um espaço de tempo. Muitos jovens já falam outro idioma por causa dos games. Tudo isso ocorre porque é um processo lúdico, prazeroso e que favorece o pensamento crítico. Do mesmo jeito que o sol nasce todos os dias mostrando uma oportunidade de recomeço, o game também te dá outra vida quando você morre no jogo. Isso ensina a não desistir e a tentar novamente”, analisou.

 

E o metaverso? É tudo isso e mais um pouco

O metaverso é o conceito que interconecta todos os pontos explicados por Ariane. Um ambiente no qual a realidade é percebida, e é possível construir alguém que cada um gostaria de ser e não é, inclusive se mantendo com a mesma idade cronológica. Trata-se de uma realidade influenciada pela tecnologia e jogos modernos, que já são projetados para serem altamente imersivos e proporcionam uma experiência tão real aos jogadores como a própria vida. “É uma tendência já existente na indústria de games, na qual a realidade virtual e a realidade aumentada têm tornado a tecnologia mais acessível e popular, ampliando a possibilidade de interação entre as pessoas”, explica.

Dentro do universo do trabalho, o metaverso se comunica com a Inteligência Artificial e a automação, tecnologias que eliminarão tarefas repetitivas e permitirão que os humanos se concentrem em tarefas mais criativas e estratégicas. “Isso tem implicações para a percepção da realidade pelas pessoas. Essa tendência continuou se ampliando esse ano, com o boom do ChatGPT”, afirmou. No entanto, ela destacou que o metaverso e o trabalho podem se unir de maneiras inovadoras, já que as pessoas poderão colaborar em ambientes virtuais e isso cria uma nova camada de realidade que está intimamente ligada à interação social.

A conclusão é a de que o metaverso pode se tornar uma extensão da realidade para muitas pessoas, oferecendo ambientes onde trabalho, lazer e interações sociais se fundem. “A conexão entre realidade, games, IA e metaverso moldará significativamente a forma como percebemos e vivenciamos o mundo no futuro”, conclui.

O 3º Encontro Nacional de Inovação e Criação de Valor é uma realização da Abrapp com apoio da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Ouro: Sinqia.

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