42º CBPP: Avanços na medicina e IA podem tornar a Geração X uma das últimas a ter doenças relacionadas ao envelhecimento

“Inteligência artificial, automação e bem-estar na era da longevidade” foi o tema da terceira Insight Session do 42º Congresso Brasileiro de Previdência Privada, realizada na tarde desta quarta-feira (20). A sessão teve como palestrante Margaretta Colangelo, CEO da Jthereum Corporation e especialista em Tecnologia e Longevidade, que destacou as tendências globais em longevidade e seu impacto sobre saúde, estabilidade financeira e qualidade de vida.

Grandes tendências globais – Margaretta destacou o “tsunami prateado” uma das duas grandes tendências globais da longevidade. Ela informou que atualmente há 1 bilhão de pessoas aposentadas em todo o mundo, e esse número continuará aumentando. “Teremos cada vez mais pessoas idosas e isso vai colocar pressão nos sistemas de saúde e previdenciários e nas empresas seguradoras, em especial nos países com maior número de idosos”.

Outra tendência global é de grandes avanços na biomedicina. A especialista destacou que há muitas empresas trabalhando com tecnologias avanças e inteligência artificial para conceber maneiras de impedir que as pessoas adoeçam na velhice e possam ficar saudáveis por um período muito mais prolongado, tendo melhor qualidade de vida.

Valor econômico – Segundo Margaretta, chegou-se a uma encruzilhada: governos e empresas precisarão decidir se esse envelhecimento populacional – no qual haverá um número crescente de pessoas acima dos 100 anos –  será uma ameaça ou uma oportunidade de vários trilhões de dólares. Movimentos do mercado financeiro e crescimento de campos como a medicina da longevidade, aliados à IA, apontam para a segunda alternativa.

“Se as pessoas ainda tiverem muitos anos de saúde, terão mais tempo para acumular riqueza e poderão investir por um período mais longo de tempo e poderão se beneficiar desse acúmulo de riqueza”, notou Colangelo, ressaltando o valor econômico da abordagem desse envelhecimento populacional. Pesquisadores estimaram que se fosse possível criar intervenções que prolonguem a vida das pessoas, haveria uma economia de US$ 38 trilhões por ano, representando US$ 367 trilhões em uma década.

Mais anos com saúde, mais negócios – As pessoas da Geração X, por exemplo, possuem uma expectativa de viver 20 a 30 anos mais que as gerações anteriores. Esse dado ressalta a importância de se planejarem para esse “tempo extra”: muitas vão passar dos 100 anos, observou Margaretta. Para os negócios, isso representa 11 mil dias a mais de atividade financeira a aproveitar, oportunidade que decorre de pessoas vivendo mais anos e com saúde.

De olho nessas oportunidades, em 2021, foi lançado o primeiro hub financeiro de longevidade em GIFT City, a primeira cidade inteligente da Índia. Há um segundo hub em estudo para a América Latina, que deverá ser discutido em novembro na 1ª Cúpula para Longevidade, evento virtual a ser realizado em novembro, na Cidade do México.

Medicina da longevidade e IA – Segundo a palestrante, várias dessas inovações já estão em curso e os tratamentos que promovem a longevidade poderão ser acessados por um maior número de pessoas nos próximos 5 a 10 anos. É crescente o campo da medicina da longevidade, cujo foco não é o tratamento de doenças, mas como preveni-las ao longo do ciclo de vida do indivíduo para que elas possam ser evitadas. Será possível realizar intervenções que atuam de forma profunda, em nível de nano partículas, na programação e revitalização do sistema imunológico.

Intervenções precoces na fase de declínio gerado pelo envelhecimento, aos 30 anos de idade, por exemplo, poderão evitar que as pessoas desenvolvam câncer, Alzheimer, osteoporose, dentre outras doenças. “As pessoas poderão continuar vivendo como no pico da vida aos 80 anos”, notou Margaretta.

Futuro já chegou – Trata-se de uma forte quebra de paradigma, inclusive para os próprios indivíduos que ainda não têm a percepção de que viverão por tanto tempo. Os grandes beneficiados desses novos tratamentos, que tendem a se baratear ao longo do tempo e com a massificação do uso, serão as pessoas da Geração X. “Os pesquisadores já entenderam que é possível controlar aspectos do envelhecimento biológico. Esta talvez será a última geração que terá doenças relacionadas a esse aspecto”, destacou a especialista.

O uso da inteligência artificial possibilitará inovações como realizar tratamentos médicos customizados para os pacientes, bem como criar novos remédios especializados para tratamento de doenças – acelerando para dias ciclos de pesquisa da indústria farmacêutica que durariam anos. Isso possibilitará que as pessoas tenham acesso a tratamentos muito mais rapidamente.

Várias empresas com foco em longevidade já usam IA para desenvolver biomarcadores de longevidade que poderão ser usados pelas seguradoras para avaliar a idade biológica das pessoas (e não só a cronológica), o que possibilitará, por exemplo, que pessoas com melhor nível de saúde obtenham seguros mais baratos. Uma companhia desenvolveu um relógio que possibilita mensurar o envelhecimento psicológico de um indivíduo em sua saúde – provando a relação entre os impactos da saúde mental e física.

No Buck Institute for Aging, localizado nos Estados Unidos, há mais de 50 pesquisadores dedicados ao estudo da longevidade e das doenças relacionadas ao envelhecimento e o que as une. Inclusive, há pesquisas dedicadas sobre o envelhecimento feminino e como estender o período fértil das mulheres.

“A coisa mais importante a se fazer agora é ler pesquisas sobre longevidade e o que vem sendo realizado – se você conhecer o progresso que está em curso, certamente terá uma visão completamente diferente sobre seu próprio futuro e a forma como encara o envelhecimento”, arrematou a especialista.

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