O quanto ainda os juros terão que subir no exterior para domar a inflação e, em consequência, o tamanho do tombo que a economia global irá tomar em 2023, eis o que torna mais incerto o cenário para os investidores nos próximos meses. O contraponto a isso é o sentimento que se vai generalizando de que o Brasil, pelo contrário, inspira razoável confiança, apesar do quadro fiscal e das eleições.
Esse foi o cenário descrito pelos três expositores da palestra técnica voltada para o tema “Quais Oportunidades uma Nova Política Econômica Traria para a Renda Variável e Crédito Privado?”. A palestra foi realizada no terceiro e último dia do 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada nesta sexta-feira, 21 de outubro.
Um dos que ofereceu respostas foi Bruno Funchal, CEO da Bradesco Asset Management e para quem “o país está de fato um pouco melhor”, resultado especialmente de sua dianteira na briga contra a inflação. Globalmente o que se vê são autoridades monetárias ameaçando subir muito os juros, enquanto no caso brasileiro a expectativa é que a Selic permaneça algum tempo onde está e não demore a começar a cair.
Em resumo, os brasileiros começam a deixar as incertezas de lado, provavelmente até mesmo no campo político, onde o segundo turno das eleições está bem próximo, o que deverá permitir que se conheça em breve a política econômica e a equipe que irá desenvolvê-la.
“Independentemente dos aspectos político e fiscal, o Brasil fez a sua lição de casa. E o resultado disso é que os investidores estrangeiros já dão claras demonstrações de que confiam no Brasil como um dos principais destaque em 2023”, explicou Rodrigo Santoro Geraldes, Head de Análise e Gestão de Renda Variável da Bradesco Asset Management.
Rodrigo afirmou que as empresas brasileiras estão “sólidas”, favorecidas até mesmo por uma redução no endividamento proporcionada em boa parte pela substancial elevação da receita com as commodities. Com os ativos brasileiros razoavelmente descontados, é esperado que a Bolsa reaja tão logo a Selic comece a ser reduzida. “A B3 nos parece atualmente bastante barata”, disse.
Ana Luísa Rodela, CFA, Superintendente de Análise e Gestão de Crédito da Bradesco Asset Management, começou lembrando que o mercado de crédito privado se ampliou bastante no ano passado, a oferta acompanhou e isso permitiu, inclusive, a consolidação de um segmento secundário. O ingresso das tesourarias dos bancos reforçou essa tendência, que no entender de Ana deverá manter-se em 2023.
De toda forma, com a elevação dos juros recomenda-se cautela aos investidores. Segundo a análise do Bradesco, porém, como as empresas estão bem, não são esperados problemas generalizados.
“Se houver problemas de pagamento, serão provavelmente pontuais”, comentou ela. O investidor terá de ser apenas mais cauteloso, no sentido de fazer uma análise criteriosa dos ativos. “Mas a verdade é que o retorno dessa classe de ativos continua atraente. Por isso mesmo precisa figurar no portfólio em 2023”, concluiu.
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O 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada é uma realização da Abrapp, com apoio de ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta. Patrocínio diamante: BB Asset Management, BTG Pactual, Credit Suisse e Sinqia. Patrocínio ouro: Aditus, BNP Paribas Asset Management, Bradesco, BV Asset, Galapagos Capital, Gama Investimentos, Giant Steps Capital, Itajubá, Itaú, MAG, Mercer, Safra, Santander Asset Management, Spectra Investiments, Sul América Investimentos e XP. Patrocínio prata: AZ Quest, Bahia Asset Management, Banco Pan, BlackRock, Brasil Capital, FuturoTech, Global X, GTIS Partners, JGP, J.P. Morgan Asset Management, Maps + Data A, Market Axess, M Square, Patria, Plural Gestão, Schroders, Trígono Capital, uFund e Vinci Partners. Patrocínio bronze: Anbima, Apoena, Carbyne Investimentos, Claritas, Constância Investimentos, Daycoval, Fator, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Método Investimentos, PRP, Quantum, RJI Investimentos, Venko Investimentos e Trust Solutions.
(Por Jorge Wahl)
