43º CBPP: Gestores analisam investimentos no exterior em cenário de crise

Entre os preços dos ativos nos mercados brasileiro e no Exterior há uma diferença em média entre 30% e 40% e só isso já basta para fazerem surgir oportunidades de investimentos, especialmente para quem pensa acima de 12 ou 24 meses e a prazos até mais longos. Apesar disso, os expositores da palestra técnica “Onde Investir em 2023 e a Importância dos Investimentos Internacionais” concordaram que ainda não parece ter chegado o momento de se elevar as alocações no mundo, tantas são as incertezas que vigoram. A palestra foi realizada no primeiro dia do 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP), nesta quarta-feira, 19 de outubro.

O ambiente externo mostra-se especialmente atrativo, notou Gabriela Santos, Estrategista de Mercados Globais, J.P. Morgan Asset Management. Explicou que embora a inflação média de 8% ao ano esteja em seu nível mais alto em 40 anos, a tendência que se observa parece ser de um crescente controle, com os índices ao menos próximos das metas.  Algo que retira um pouco da incerteza, recomendando apenas que se fique apenas mais atento ao grau de fragilidade das empresas.

E sem jamais perder de vista a renda fixa, continuou Gabriela, pois no mundo temos atualmente juros em seu nível mais alto em pelo menos uma década, configurando uma oportunidade que não merece ser perdida. E sem tampouco esquecer, prosseguiu ela, que os ganhos potenciais de se investir quando o panorama não vai tão bem assim são muito maiores, algo historicamente entre 5 e 6 vezes mais, do que quando se entra comprando quando o cenário é muito positivo. Enfim, o risco, se bem calculado, costuma potencializar os retornos.

Giuliano De Marchi, CEO para América Latina, J.P. Morgan Asset Management, recomendou aos fundos de pensão algo diferente do “tudo ou nada”. Reconheceram que ainda não parece ter chegado o momento do retorno ao mercado global, respeitando assim as incertezas, mas enfatizaram muito que estrategicamente as alocações globais não devem deixar de figurar completamente da política da entidade em nenhum momento. Em resumo, deve-se seguir uma estratégia de permanência constante, ainda que reduzida em respeito à necessária cautela.

Jorge Simino Júnior, Diretor de Investimentos e Patrimônio da Vivest, concordou vivamente que esse não é de fato o melhor momento, tendo relatado que o clima foi fortemente pessimista na reunião do FMI na semana passada. Traduzindo, a recessão global é muito provável e os seus efeitos idem, inclusive sobre as economias emergentes.

“Na Vivest entendemos que a alocação no exterior é por certo uma questão estratégica, mas sem ser estática”, comentou Simino, lembrando ter no ano passado vendido ao redor de 90% de sua posição no mercado global. 

Simino ainda vai esperar para voltar a comprar, seguindo a lógica de que ao aguardar poderá até pagar mais caro no futuro, mas o fará com mais segurança e isso a seu ver é o mais importante.

Maior diversificação  –  Com o mesmo tema de investimentos no exterior, a palestra técnica “Relevância da Alocação Global”, apresentou outro enfoque em relação à apresentação anterior. A palestra foi construída a partir das experiências de gestores internacionais oferecidos aos investidores brasileiros pela divisão de Third Party Distribution do BTG Pactual.

Phylipe Corsini, Sócio responsável pelo canal institucional da divisão do BTG Pactual, explicou que já são 15 gestores internacionais e 4 nacionais operando dentro desse conceito de complementaridade, permitindo assim uma cobertura mais abrangente das opções oferecidas pelo mercado. E o que menos falta no mercado internacional é opção, especialmente se analisarmos a partir das poucas escolhas oferecidas pela Bolsa e pela renda fixa brasileiras.

Isso fez com que um dos pontos mais sublinhados pelos expositores fosse exatamente o quanto o investidor brasileiro interessado em diversificar ganha ao investir lá fora. Eduardo Waib, CFA Sales Executive, EMEA & LatAm Intermediary, observou que, na renda fixa, as escolhas podem ser feitas entre um número muito maior de empresas, mas também entre uma quantidade maior de setores da economia e  de tendências que estão sendo observadas. E o mesmo acontece na renda fixa.

E esse maior número de opções encontradas lá fora revela-se importante também quando se pensa no conceito de paridade de risco, quando se combina ativos com diferentes perfis de volatilidade. Mas, para se fazer essa combinação de forma eficaz, é imprescindível que se tenha ativos em número suficiente.

Max Widmer, Gerente de Portfólio de Clientes, explica que esses cuidados são particularmente importantes no caso dos fundos de pensão, muitos dos quais ainda não investiram no exterior e onde as decisões passam por comitês de investimento.

Stephan von Hartenstein, Diretor da MFS International Ltd, lembrou os três conceitos fundamentais que devem orientar os investimentos no exterior: ao gestor deve ser dado sempre um prazo maior para que os resultados apareçam,  a maior diversificação possível  e maior complexidade do ambiente de riscos.

No seu entender, o melhor momento de se investir globalmente pode até não ser agora, mas há um aspecto favorável que não deve ser esquecido. Se por um lado a recessão em 2023 é bastante provável, por outro lado ela deve ser mais longa, mas menos severa, segundo acreditam muitos economistas. Essa corrente mais confiante argumenta com os relativamente bons números das empresas, o baixo desemprego e a confiança do investidor.

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O 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada é uma realização da Abrapp, com apoio de ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta. Patrocínio diamante: BB Asset Management, BTG Pactual, Credit Suisse e Sinqia. Patrocínio ouro: Aditus, BNP Paribas Asset Management, Bradesco, BV Asset, Galapagos Capital, Gama Investimentos, Giant Steps Capital, Itajubá, Itaú, MAG, Mercer, Safra, Santander Asset Management, Spectra Investiments, Sul América Investimentos e XP. Patrocínio prata: AZ Quest, Bahia Asset Management, Banco Pan, BlackRock, Brasil Capital, FuturoTech, Global X, GTIS Partners, JGP, J.P. Morgan Asset Management, Maps + Data A, Market Axess, M Square, Patria, Plural Gestão, Schroders, Trígono Capital, uFund e Vinci Partners. Patrocínio bronze: Anbima, Apoena, Carbyne Investimentos, Claritas, Constância Investimentos, Daycoval, Fator, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Método Investimentos, PRP, Quantum, RJI Investimentos, Venko Investimentos e Trust Solutions.

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