É opinião corrente que vivemos hoje em uma época de grande incerteza, tantos são os desafios e a enorme pressão para que sejam superados. O lado bom foi ver que há formas nem tão custosas assim ou difíceis de responder a isso, conforme ficou claro na quarta e última plenária do 43º CBPP, intitulada “Gestão 4.0”, realizada na sexta-feira, 21 de outubro. Os três expositores, Luiz Cláudio Parzianello, Especialista em Agilidade de Negócios (Business Agility) e Agile Business Ownership, Raphael Lassance, Expert e referência nacional em Growth Hacking e Ricardo Cappra, Expert em data driven management e referência em cultura analítica, deixaram claro que tudo depende muito mais da atitude que permite fazer as escolhas certas.
A plenária girou em sua maior parte em torno do pensamento e das práticas em volta do “Growth hacking”, que é uma maneira de se buscar o crescimento do negócio com base em ações construídas a partir de propostas e experimentos. Ou seja, o líder ou alguém na equipe têm uma ideia e, no lugar da organização embarcar imediatamente nela e verter investimentos para isso, realiza uma fase prévia de testes, sem que isso exija recursos volumosos. Detalhe: o ambiente de dados compartilhados no qual vivemos imersos, facilita e muito a realização desses testes.
Parece simples e de fato é, mas nem por isso a ideia do “Growth” se disseminou muito até agora. No máximo 2% das organizações fazem mais de 10 testes por mês, informou Raphael.
Todas as ações das quais podem ser extraídas indicadores e métricas variadas favorecem o aprimoramento da ideia inicial. “Testando muito e o tempo todo se consegue validar crenças e, fazendo isso com a necessária rapidez, se perde pouco se a proposta não for boa”, assinalou Raphael. E com isso se consegue economia não só de dinheiro, mas também de tempo e energia, sem esquecer que se expõe menos a organização a custosas frustrações de expectativas.
Enfim, os testes são um banho de realidade, antes que a organização ingresse de fato em um projeto inaplicável, que terminará drenando da organização recursos de toda ordem. E não há motivos cabíveis para não se realizar tais experimentos com frequência, uma vez que tudo pode ser testado se utilizando nisso variadas metodologias bastante ágeis, explicou Raphael.
Cultura de dados favorece a experimentação – E o ambiente atual favorece cada vez mais a cultura de experimentar antes de implementar novas ideias. Mas, para se extrair o melhor, alertou o segundo expositor, Ricardo Cappra, mostra-se necessário antes de tudo desenvolver uma verdadeira cultura analítica nas organizações.
No passado até mesmo recente, trabalhar com dados era coisa de técnico, agora é de todos. Mesmo porque os dados chegam de todos os lados, até mesmo pelo aparelho celular, uma vez que são gerados automaticamente e disponibilizados em um movimento fluido e ágil.
“Vivemos uma profunda mudança comportamental, algo que nos transformou a todos em analistas de dados, alguns de nós até dotados de um melhor pensamento analítico”, disse Ricardo. Ele lembrou que foi uma transformação e tanto, considerando que não há tanto tempo vivíamos ainda tomando decisões em boa parte baseadas em nosso feeling e nos valendo de insights. Em resumo, uma efetiva revolução apoiada em quatro pilares aos quais o líder precisa conhecer e permanecer atento: as pessoas, os processos, as políticas e, por fim, as tecnologias disponíveis para dar o impulso.
Previu que em um futuro nada distante três fundamentos serão necessários para profissionais em geral, de qualquer área de atuação: pensamento analítico, habilidades analíticas e orientação por dados. A segunda aparece em estudo do World Economic Forum no topo das exigências que serão feitas pelo mercado de trabalho já em 2025.
Rapidez nas decisões – Luiz Cláudio, o terceiro expositor, sublinhou por sua vez o quanto os líderes são desafiados, após testar as ideias e analisar os dados, a tomar decisões rápidas, apesar das incertezas e da ansiedade que ela produz. A rapidez é essencial, mesmo que leve, se necessário, às decisões de cima para baixo. Isso é perdoável, caso se atenda ao que é realmente muito mais fundamental: o caminho a seguir precisa ser fiel à cultura organizacional. É também indispensável clareza por parte da gestão, que necessita da mesma forma saber operar modelos adaptativos.
Há mais a considerar, segundo Luiz: “Organizações que pretendem acelerar o crescimento e impactar positivamente todas as partes interessadas, não somente pelo uso de novas tecnologias, mas principalmente pela inovação dos modelos de gestão e liderança promovidos pela Business Agility”, disse. Elas precisam discutir sua estratégia no longo prazo, considerando o impacto provocado pelos avanços tecnológicos como habilitadores desse crescimento.
“Só que essa discussão irá depender diretamente da visão e engajamento da liderança com o estado futuro desejado para os seus negócios”, advertiu. Ao encerrar Luíz lembrou a frase do líder inglês Winston Churchill: “Estamos transformando o mundo mais rápido do que nós mesmos podemos nos transformar, e estamos aplicando no presente os hábitos do passado”.
E concluiu: “isso deve ser levado a sério por todo líder de negócio que estiver à frente das iniciativas estratégicas da organização”.
O 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP) foi realizado pela Abrapp, com apoio de ICSS, Sindapp, UniAbrapp e Conecta, nos dias 19, 20 e 21 de outubro, em formato híbrido (online e presencial em São Paulo). Com participação de mais de 5 mil pessoas, o evento contou com patrocínio diamante: BB Asset Management, BTG Pactual, Credit Suisse e Sinqia. Patrocínio ouro: Aditus, BNP Paribas Asset Management, Bradesco, BV Asset, Galapagos Capital, Gama Investimentos, Giant Steps Capital, Itajubá, Itaú, MAG, Mercer, Safra, Santander Asset Management, Spectra Investiments, Sul América Investimentos e XP. Patrocínio prata: AZ Quest, Bahia Asset Management, Banco Pan, BlackRock, Brasil Capital, FuturoTech, Global X, GTIS Partners, JGP, J.P. Morgan Asset Management, Maps + Data A, Market Axess, M Square, Patria, Plural Gestão, Schroders, Trígono Capital, uFund e Vinci Partners. Patrocínio bronze: Anbima, Apoena, Carbyne Investimentos, Claritas, Constância Investimentos, Daycoval, Fator, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Método Investimentos, PRP, Quantum, RJI Investimentos, Venko Investimentos e Trust Solutions.
(Jorge Wahl)