45º CBPP: Investir na economia da longevidade é “vacina” contra os seus riscos

Os impactos da crescente longevidade para os sistemas de previdência foram abordados na palestra “Economia da Longevidade e as Oportunidades para os Fundos de Pensão Brasileiros”, apresentada no 45º Congresso Brasileiro de Previdência Privada (CBPP)O maior evento mundial do setor tem sua realização nos dias 16, 17 e 18 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Moderado por Patrícia Cunegundes Guimarães, Gerente de Comunicação Institucional do Postalis, o painel trouxe reflexões sobre como os fundos de pensão precisam adaptar sua visão e identificar oportunidades. Segundo ela, “não podemos mais olhar para o envelhecimento e longevidade apenas do ponto de vista atuarial”.

O palestrante Vagner Lacerda Ribeiro, consultor, professor e doutor em Gerontologia, destacou a importância de trazer o tema da longevidade para o centro das decisões estratégicas das EFPC. “Estamos, de certa forma, inovando ao discutir esse tema, graças à iniciativa da Abrapp em promover essa agenda”, disse.

O professor traçou um panorama histórico que explica o aumento da expectativa de vida mundial, que passou pela superação de pandemias como a peste bubônica, gripe espanhola e covid-19, até o impacto positivo de inovações como vacinas, saneamento básico e fertilizantes artificiais. Esses avanços foram significativos para o aumento da população e a segurança alimentar. Ele contextualizou que a expectativa de vida no Brasil já superou a média global, embora o país ainda esteja defasado em 50 anos em relação a nações como o Japão.

Na apresentação, Ribeiro abordou o impacto econômico do envelhecimento populacional, que se reflete diretamente no déficit previdenciário. Para isso, contextualizou que, globalmente, o déficit dos sistemas de previdência em 2015 era de US$ 70 trilhões e pode atingir US$ 400 trilhões até 2050. Para o Brasil, a projeção é alarmante: até 2060, a relação entre contribuintes e aposentados cairá para menos de uma pessoa contribuinte por aposentado.

Com isso, se torna emergente a necessidade de inovação no setor previdenciário, principalmente diante de outro dado, oriundo de um estudo da Mercer, que indica que 72% dos brasileiros não acumulam recursos suficientes para garantir uma aposentadoria digna.

Oportunidades

Se de um lado o aumento da longevidade é  fator de risco para os sistemas previdenciários, visto que a possibilidade de viver mais coloca em xeque a sustentabilidade dos benefícios; por outro, esse fator de risco pode ser usado como uma oportunidade para criar produtos e serviços inovadores, especialmente voltados para o mercado crescente de pessoas acima de 60 anos.

“Ao transformar o risco de longevidade em um antídoto, adotamos a mesma lógica da vacina, que constrói a defesa a partir do que causa a morte, o antígeno”, compara Ribeiro.

As oportunidades estão na economia da longevidade, que, segundo ele, representa um mercado pouco explorado e em crescimento. Globalmente, pessoas com mais de 50 anos já são responsáveis por 42% do consumo, e o impacto econômico desse grupo deve crescer ainda mais até 2030. Setores como gerontecnologia, saúde, telemedicina, turismo e mercado imobiliário são diretamente influenciados por esse segmento populacional.

O palestrante apresentou também o conceito de “sênior living”, modelos habitacionais voltados para a população idosa que estão em crescimento em países como Estados Unidos e Canadá, e que podem ser explorados no Brasil por EFPC. Esses modelos incluem desde moradias independentes até ambientes com assistência contínua.

“No Brasil, a implementação de soluções como o financiamento de projetos de moradias seniores pelos fundos de pensão pode representar uma nova fonte de renda e uma contribuição importante para enfrentar o envelhecimento populacional”, disse. Além disso, Ribeiro mencionou o potencial de programas de incentivo ao trabalho para pessoas acima de 50 anos, que em 2060 representarão 32% da força de trabalho.

O professor terminou a apresentação encorajando os fundos de pensão a adotarem uma visão mais proativa, integrando a agenda da longevidade nas suas estratégias de longo prazo, de modo a garantir não apenas a sustentabilidade financeira, mas também impacto positivo na vida de seus participantes e na sociedade como um todo. “No Brasil, temos competência para inovar e nos tornarmos referência na economia da longevidade”, finalizou.

Sobre o 45º CBPP – Realizado nos dias 16, 17 e 18 de outubro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo, o congresso conta com uma rica programação, trazendo temas, palestras e provocações que visam despertar ideias inovadoras e ajudar a superar os desafios do mercado na atualidade.

Clique aqui para mais informações.

O 45º CBPP é uma realização da Abrapp, UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Patrocínio Diamante: Evertec + Sinquia, Itajubá Investimentos AI. Patrocínio Ouro: Aditus, Aon, BB Asset, BNP Paribas Asset Management, Bradesco Asset Management, Galápagos Capital, Genial Investimentos, HMC Capital, Itaú Investidores Institucionais, MAG Seguros, Safra, Santander Asset Management, Spectra Investments, SulAmérica Investimentos, XP. Patrocínio Prata: ASA, AZ Quest, Fator Seguradora, Mapfre Investimentos, MarketAxess, Matera, Navi Capital, PFM Consultoria e Sistemas, Principal Asset Management, Trígono Capital, Velt Partners, Vinci Partners. Patrocínio Bronze: Anbima, Apoena, Carbyne Investimentos, Consepro, Constância Investimentos, Maps + Data A, Fram Capital, HSI, Inter, Investira, Marsche, Mestra Informática, Mirae Asset, Opportunity, Patrimonial Gestão de Recursos, Polo Capital Management, Porto Asset, PRI, PRP Soluções Contábeis, Real Investor, Rev Corretora de Seguros, RJI Investimentos, Tivio Capital, Wedan.

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