No Brasil, o avanço dos planos de Contribuição Definida (CD) registraram crescimento populacional de quase 100% entre 2014 e 2023, contrastando com a retração de planos de Benefício Definido (BD) e Contribuição Variável (CV). A relevância para o segmento é abordada na monografia “Precisamos falar sobre os planos CD”, vencedora do 8º Prêmio Previc de Monografia, que conta com patrocínio da Abrapp e da UniAbrapp, além da parceria com a Fundação ANFIP de Estudos da Seguridade Social e a Anapar. Outras três monografias receberam menção honrosa – veja lista completa.
A solenidade de premiação ocorrerá durante o Abrapp Itinerante Regional Centro-Norte e Nordeste, encontro realizado no dia 26 de novembro, a partir das 14h, no Auditório da Ceres, em Brasília (DF). Saiba mais.
De autoria de Jair Ribeiro Pereira Filho, especialista em investimentos, CGA, ICSS, e COPPEAD pela PUC-RJ, a monografia também aborda um cenário marcado por uma transformação significativa: a ampliação do poder decisório dos participantes. “Eles passaram a escolher também sobre as aplicações financeiras com a expansão dos perfis de investimento a partir de 2018, no que chamamos de segunda onda de inovação dos planos CD”, afirma.
Os perfis de investimento no Brasil seguem duas modalidades principais de alocação: estilo de vida, que se baseia na tolerância a risco do participante, e ciclo de vida, que ajusta o portfólio de acordo com a idade. “Nossa pesquisa entre os maiores planos CD do país revelou que 11 dos 14 oferecem o produto (79%); outra pesquisa somente com EFPC que possuem perfis mostrou predomínio da modalidade estilo de vida (70%). Analisamos a política de investimento de um plano CD, com e sem perfis, utilizando três fatores de sucesso das estratégias. Um dos fatores é o prêmio de risco das ações sobre a renda fixa, vital para a diferenciação de risco dos perfis: o trabalho sugere que a efetividade dessa variável seja debatida pelo segmento de EFPC. Outras oito sugestões de melhoria são apresentadas no trabalho”, conta.
Inspiração para o tema
“Tenho estudado e mantenho grande interesse pelos planos CD, oportunidade para a qual não hesitei em desenvolver o trabalho e participar do concurso. Os planos CD são, provavelmente, a principal inovação na previdência complementar das últimas décadas, o que, por si só, é desafiador. O fato de ser o único tipo de plano que cresce no nosso país traz uma peculiaridade: atualmente 95% da população é formada por participantes ativos, mostrando que ainda não se tem uma experiência consolidada com aposentados e pensionistas.
O surgimento dos perfis é uma tentativa de permitir que o próprio participante decida qual o caminho a ser adotado nos investimentos. A maioria das EFPC oferece o produto e o crescimento vai continuar firme, esse é o futuro que os especialistas projetam. Para os assistidos, contudo, sugerimos que tenham um perfil específico porque não se encontram mais em fase de acumulação de capital.”
Relevância para o segmento
“Pensemos em termos estratégicos: será o retorno dos investimentos dos perfis suficiente para superar o aumento do custo financeiro da longevidade? Quando passa a receber a sua renda, o assistido não tem mais a parceria financeira do patrocinador ou do instituidor, e assume toda a responsabilidade frente aos riscos.
De forma apropriada, o segmento de previdência complementar fechada tem discutido bastante esse cenário, e a monografia se alinha a esse contexto com o objetivo de ser uma contribuição para o debate com conceitos, tais como o prêmio de risco da renda variável no país e a gestão de renda fixa, e com pesquisas em EFPC por meio de informações públicas.”
Conclusões e propostas
“Embora haja muito espaço para pesquisa e análises, nossas conclusões apontam para o amplo predomínio da alocação dos investimentos em renda fixa, seja pelo estilo conservador do brasileiro, seja para aproveitar as altas taxas de juros, mas com títulos de baixa duração, destoando do horizonte de longo prazo preconizado para a previdência complementar.
Apresentamos nove sugestões de melhoria: definição e diretrizes de perfis de investimento na legislação; estímulo aos temas ASG; perfil padrão de acordo com a idade; educação financeira e previdenciária mandatórias; avaliação do prêmio de risco da renda variável no país; perfil de investimento específico para o assistido; formalização de perfis nos regulamentos dos planos; formato da política de investimento e estatísticas oficiais de perfis de investimento.”