Há muito admiradores de seu jornal, surpreendeu-nos o editorial estampado na edição do último sábado (3) sob o título “É absurda a MP que permite salário acima do teto”. Lamentamos que O GLOBO expresse uma opinião que distrai e afasta os seus leitores da verdadeira e fundamental missão dos fundos de pensão.
Os fundos de pensão são globalmente reconhecidos como uma das principais fontes permanentes de poupança estável de longo prazo, algo sabidamente imprescindível para a formação da renda futura dos aposentados e dos investimentos que fomentam a atividade econômica. No Mundo, especialmente as economias dos países mais desenvolvidos são as maiores beneficiárias dos mais de US$ 70 trilhões em reservas acumuladas pelos pension funds sediados nas nações que integram a OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.
Mais do que ignorar o enorme potencial dos benefícios que a poupança acumulada pelos fundos de pensão pode fazer pelo País e pelos trabalhadores brasileiros, o editorial parece desconhecer o seu caráter privado, já reconhecido há muito pela legislação e melhores práticas.
Esse caráter privado, que ninguém mais discute, é fundamental para que os fundos de pensão possam se movimentar em um mundo muito mais competitivo e orientado por rígidas métricas de eficiência e produtividade. De seus dirigentes são cobrados resultados em linha com os melhores, daí ser perfeitamente justa uma remuneração condizente com a praticada, por exemplo, nos mercados securitário e financeiro.
O sistema brasileiro de previdência complementar fechada exige elevado nível de profissionalização de seus gestores, que somado aos processos de certificação e habilitação de pessoas, requer formação, nível técnico e capacidade para gestão da poupança previdenciária de milhões de trabalhadores.
Prestamos tais esclarecimentos não apenas por valorizarmos o jornal e seus leitores, mas também no intuito de que futuros textos de O GLOBO possam melhor refletir o que de fato os fundos de pensão possam vir a significar, se fomentados como devem ser, para a Nação que estamos buscando construir.
Luís Ricardo Marcondes Martins – Diretor- Presidente da Abrapp