Artigo – EFPCs: incertezas e o dilema do longo prazo – Por *Guilherme Benites

Guilherme Benites

Em artigo publicado na edição desta quarta-feira, 15 de fevereiro, do Jornal Valor Econômico, o Sócio da Consultoria Aditus, Guilherme Benites, apresenta uma análise das previsões de alocação de recursos das entidades fechadas de previdência complementar para 2023. Em primeiro lugar, ele destaca o fato que as políticas de investimentos para esse ano foram elaboradas considerando um período de muita incerteza – notadamente, de setembro a dezembro de 2022.

Em segundo lugar, ele explicou que quanto mais se aproximava o final de 2022, maior era a expectativa do mercado por um juro real muito elevado em 2023. Essa é, claramente, mais uma variável que induz as EFPCs a adotarem alocações mais conservadoras. Em terceiro e último lugar, até o fechamento de outubro, havia uma expectativa muito positiva quanto ao atingimento das metas (atuariais ou gerenciais), que acabou não se concretizando em função do mau humor do mercado observado em novembro e em dezembro. Diante de tal cenário, Benites aponta que dificilmente as EFPCs buscarão maior risco este ano, se não as levar a diminuir a parcela de risco, como observado nos últimos exercícios.

Não há como olhar para essa realidade, diz Benites, sem pensar no dilema que as EFPCs enfrentam: o típico investidor de longo prazo é levado, pelo cenário ou pela forma com que é avaliado, a reduzir a sua exposição a risco justamente no momento em que tais posições estão há anos apresentando fraca performance e, dessa forma, correr o risco de perder a possibilidade de fazer um movimento contra-cíclico, que é justamente o maior benefício que o longo horizonte de investimentos proporciona.

Nesse contexto, o consultor diz que espera ver mais um ano de alocações mais conservadoras em praticamente todos os mandatos e segmentos. Na Renda Fixa, há mais espaço para NTN-Bs nas carteiras – nesse caso, especificamente para planos BD / CV, com marcação na curva e nos vértices intermediários. Para os planos CD, acredita que a alocação em caixa deve prevalecer, sobretudo depois de alguns eventos no mercado de crédito.

Na Renda Variável, a redução de risco deve ser acompanhada por diminuição do risco ativo das carteiras – redução da parcela de gestão ativa em detrimento da parcela de gestão passiva. Exterior deve sofrer alguma diminuição também, embora o ambiente externo esteja menos complexo do que estava há alguns meses. A exceção de alocação de risco deve ficar com os multimercados. Por conta da excelente performance em 2022 e de uma taxa de juro real ainda muito elevada, ele acredita que os fundos multimercados podem ser o “pé” no risco que as EFPCs manterão em 2023.

*Sócio da Consultoria Aditus

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