Artigo – Estratégias temáticas: Como diversificar sua carteira de investimentos em megatendências e teses seculares – por Rodrigo de Araújo*

Em nosso último artigo publicado na revista Abrapp, foi abordado como o uso de investimentos temáticos pode contribuir para uma melhora da relação de retorno e risco de uma carteira de ativos.

Passada a introdução no assunto, é valido aprofundar sobre como identificar, classificar e utilizar cada uma das megatendências contidas na estratégia de investimentos temáticos.

A seguir, os pontos abordados visam contribuir para um maior esclarecimento e aprofundamento do mundo de temáticos com o propósito de auxiliar na adoção de investimentos temáticos como parte importante de uma estratégia de investimento global, ajudando o investidor a posicionar seu portfólio para uma nova era.

Como identificar uma estratégia de temáticos?

De forma geral, podemos dizer que a estratégia de temáticos busca aproveitar as oportunidades em investimentos em megatendências e setores promissores que contribuam para que o investidor tenha um olhar para o futuro, como, por exemplo, temas disruptivos de novas tecnologias, mudanças das necessidades e no comportamento dos consumidores, assim como mudanças climáticas.

Do ponto de vista de estruturação da estratégia, é possível caracterizá-la como um processo que segue duas fases: (i) primeiramente, é necessário estabelecer um processo de identificação de tendências disruptivas por meio da combinação da análise fundamentalista e setorial (bottom-up), somada posteriormente (ii) a uma abordagem macroeconômica (top down) na escolha de ativos que podem se beneficiar da consolidação dessa tendência.

Nesse contexto, pode-se dizer que o investimento temático é uma estratégia de longo prazo, orientada para o crescimento, sem restrições geográficas ou classificações tradicionais de setores ou indústrias, e possui, como uma de suas principais características e vantagens, a baixa correlação com outras estratégias.

Como classificar uma estratégia de temáticos?

Visando ajudar os investidores na compreensão do mundo de temáticos e sua evolução ao longo dos anos, o time de pesquisa da Global X ETFs desenvolveu uma classificação que busca enquadrar os investimentos temáticos em 3 categorias: (1) Tecnologia Disruptiva, (2) Demografia & Pessoas e (3) Ambiente Físico.

A Tecnologia Disruptiva incorpora todos os avanços exponenciais relacionados ao segmento de tecnologia, ou seja, identifica oportunidades para investir em softwares, sistemas, redes e ferramentas que alimentam a inovação e impulsionam a nossa economia global para o século XXI. Temas relacionados a inteligência artificial, robótica, mídia social, cibersegurança, metaverso, internet das coisas, veículos autônomos, entre outros, estão contidos neste subgrupo.

Outra forma de observar o mundo de temáticos é por meio da classificação de Demografia & Pessoas, que contemplam teses que se beneficiam das alterações demográficas, mudanças de hábitos de consumo, ou estilo de vida da sociedade.  Temas relacionados ao envelhecimento da população, saúde e bem-estar, educação, comercio eletrônico, entre outros, fazem parte desta categoria.

Por fim, a classificação temática de Ambiente Físico contempla teses envolvidas na construção e manutenção de infraestruturas essenciais, incluindo energia, sistemas de água etc. Para citar alguns exemplos, participam deste subgrupo temas relacionados a energia solar, tecnologia limpa, água e energia eólica.

Como utilizar uma estratégia de temáticos?

Os investimentos temáticos são utilizados como instrumento de alocação que vai desde um posicionamento mais tático e oportunístico de um evento de mercado de curto prazo, até uma alocação estratégica como parte central do modelo de asset allocation de longo prazo.

Por apresentar uma característica de crescimento, sem restrições geográficas e baixa correlação com outras estratégias, a estratégia temática se posiciona dentro de uma carteira de investimento como fonte adicional de retorno e redução de risco.

De forma a exemplificar os atributos da estratégia temática, a seguir, será ilustrado alguns indicadores e métricas utilizadas na gestão de ativos, de forma a clarificar a contribuição de temáticos no portfólio do investidor.

Para tal, foi selecionado um tema de cada uma das 3 classificações de temáticos (conforme definidas acima) e, em seguida, apurado o coeficiente de correlação, índice beta e percentual da participação dos ativos que compõem o tema dentro de um índice amplo – MSCI All Country World Index1.

O tema selecionado dentro de classificação de Tecnologia Disruptiva foi cibersegurança2 já na parte de Demografia & Pessoas foi selecionado o tema de sequenciamento genético e biotecnologia3. Por fim, na parte de Ambiente Físico, a escolha foi o tema de tecnologia limpa4.

Abaixo, segue ilustração do resultado da análise.

Ao observar os resultados obtidos, é possível concluir que os temas selecionados – a título de exemplificação e meramente com conotação educacional – ajudam na melhor compreensão dos benefícios de se utilizar as estratégias temáticas na composição de uma carteira de investimentos, que, dentre esses principais benefícios, podemos citar (i) possibilidade de apresentar característica de crescimento, (ii) baixa correlação e (iii) reduzida participação de ativos dentro dos índices amplos, oferecendo ao investidor fonte adicional de retorno e melhor controle de gestão de risco para diferentes ambientes macroeconômicos.

 

*Rodrigo de Araújo, Estrategista-chefe de investimentos da Global X ETFs para América Latina

 

Para o estudo, foram utilizados os seguintes ativos financeiros:

1 – MXWD Index (MSCI All Country World Index) – índice que investe em mais de 2 mil empresas de todo o mundo, incluindo mercados emergentes e desenvolvidos.

2 – BUG US (Cibersegurança) – ETF que investe em empresas que possam se beneficiar da crescente adoção da segurança cibernética, cujo principal negócio é o desenvolvimento e gerenciamento de protocolos de segurança que impedem invasões e ataques a sistemas, redes, aplicativos, computadores e dispositivos móveis.

3 – GNOM US (Genômica e Biotecnologia) – ETF que investe em empresas que possam se beneficiar de novos avanços no campo da ciência genômica, como empresas envolvidas em edição de genes, sequenciamento genômico, medicina/terapia genética, genômica computacional e biotecnologia.

4 – CTEC US (Energia Limpa) – ETF que investe em empresas que possam se beneficiar da adoção crescente de tecnologias que inibam ou reduzam os impactos ambientais. Isso inclui empresas envolvidas na produção de energia renovável, armazenamento de energia, implementação de redes inteligentes, eficiência energética residencial/comercial e/ou produção e fornecimento de produtos e soluções para redução da poluição.

Este material é produzido exclusivamente para fins educacionais e informativos, e não deve ser considerado, de forma alguma, como recomendação de investimento e/ou produtos. Este material representa uma avaliação do ambiente de mercado em um momento específico e não pretende ser uma previsão de eventos futuros ou uma garantia de resultados futuros. Consulte um consultor financeiro ou profissional tributário para obter mais informações sobre seu investimento e/ou situação legal e fiscal.

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