Artigo – Fundos de Investimentos em Participações: vale a pena serem explorados? – Por Renato Mazzola*

Após de mais de uma década da chegada de FIPs no Brasil, eles ainda causam preocupações a alguns investidores, enquanto muitos são grandes detentores de posições ganhadores na classe. Renato Mazzola, sócio do BTG Pactual e responsável pela classe de ativos no banco, explica a importância da classe e como navegar nela.

O que são FIPs?

FIPs são instrumentos de investimentos alternativos, que se baseiam na ideia de investir em empresas fechadas para gerar retorno aos seus investidores. É uma classe de ativos alternativa pois é uma oportunidade de investimento diferente de outras classes mais comuns e tradicionais de renda fixa (debêntures) e renda variável (ações).

Como você enxerga a trajetória dessa classe de investimentos no Brasil?

Vejo que o período entre 2009 e 2013 proporcionou alguns dos maiores crescimentos em empresas privadas no país, o que incentivou a criação de FIPs por gestores de todos os tipos. Entretanto, muitos desses FIPs não geraram retorno, principalmente pela má gestão, forte volatilidade macroeconômica e as vezes inclusive má fé de alguns gestores. Assim, sua reputação ficou dúbia. Enquanto as fundações e institutos que escolheram os gestores corretos gostam muito da classe, aqueles que erraram têm uma visão negativa. Problemas de governança nas estruturas dos fundos infelizmente resultaram na perda de patrimônio de diversos fundos de pensão e RPPS, que hoje, com razão, possuem forte receio da classe. Na nossa visão, isso ressalta a necessidade da escolha de bons gestores ao realizar investimentos em FIPs. Os investidores precisam saber diferenciais bons gestores de maus gestores, pois FIPs representam uma opção poderosa de diversificação e retornos acima do mercado que não deve ser subestimada. Nós, por exemplo, superamos todos os FIAs do mercado ao longo dos últimos 10 anos.

Qual a importância dessa classe de investimentos para investidores institucionais?

Há diversos motivos pelos quais esse tipo de investimento faz sentido para investidores institucionais. Alguns deles são: (1) alto potencial de retorno, (2) diversificação da carteira e (3) potencial de redução de volatilidade da carteira. Internacionalmente, a classe tem um papel muito forte no bolso de investidores internacionais, que chegaram a alocarem ˜30% de seus patrimônios em ativos equivalentes aos FIPs nos últimos anos. Tais investidores decidiram aumentar sua exposição a ativos alternativos, assumindo maior risco de iliquidez em troca de retornos mais elevados. No Brasil, vejo que nos anos de 2020 e 2021, diversos investidores institucionais não conseguiram bater suas metas de retorno, por estarem focados demais em renda fixa e ativos de bolsa, por exemplo. Pelo o que ouvimos de nossos clientes, as fundações que bateram a meta, conseguiram principalmente pela exposição com FIPs.

Como que os investidores institucionais podem se proteger de erros ao selecionar um FIP para investir?

O primeiro ponto a ser analisado é quem é a equipe responsável pela gestão do FIP. Quem são os profissionais, como se dividem, qual a experiência acadêmica e profissional e quanto tempo trabalham em conjunto. Um segundo ponto, qual o histórico de retornos da equipe. Quais investimentos deram certo, quais não deram e por quê, e capacidade de investir e desinvestir. Um terceiro, qual é a tese de investimentos do fundo proposto, quais são os riscos da estratégia e se essa estratégia já foi bem-sucedida no passado. Os investidores deverão analisar cuidadosamente os detalhes mencionados antes de realizar um investimento em FIPs. Vejo que hoje em dia há pouquíssimos gestores no Brasil que cumprem todos os requisitos acima – consigo contá-los em uma mão.

*Renato Mazzola, Sócio do BTG Pactual

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