Artigo: Inteligência Artificial pode ser aplicada em previdência e revolucionar o mercado – por Renata Coutinho e Renata Tognozzi*

A Inteligência Artificial (IA) não é mais uma tecnologia do futuro: antes vista como algo muito distante, ela já faz parte da nossa rotina e já pode ser aplicada no mercado financeiro. No setor de previdência, essas tecnologias chegam para auxiliar as entidades: elas podem automatizar processos, oferecer mais segurança e possibilitar a tomada assertiva de decisões.

Embora seja vista como “futurista”, a Inteligência Artificial nasceu na década de 1950, período pós-Segunda Guerra Mundial, quando muitas pesquisas foram iniciadas utilizando tecnologia de ponta e as primeiras formas de inteligência artificial.

Em torno de 1980, surgiu o machine learning, que, em meados de 2010, evoluiu para o deep learning – leia mais sobre eles abaixo.

À medida que a tecnologia se desenvolveu, a população passou a aceitá-la e a abraçá-la. A internet é a principal responsável pela inclusão digital. Atualmente, 81% da população brasileira tem acesso à rede.

E a ideia de que o público idoso – um dos principais perfis de participantes de previdência – prefere os métodos analógicos vem se provando falsa: segundo levantamento da CNDL e do SPC Brasil, 97% dos idosos usavam a internet em 2021 – é um aumento de 42,6% em comparação a 2018.

Elas estão entre nós: As tecnologias que mudam (e ainda mudarão) nossa rotina

A Inteligência Artificial abre possibilidades para o desenvolvimento de novas tecnologias, que, por sua vez, prometem modificar nossa rotina e até a vida em sociedade.

O machine learning, processo no qual os computadores aprendem a reconhecer padrões e comportamentos com base em dados, é uma tecnologia bastante usada no setor financeiro. O deep learning dá um passo além: a máquina é capaz de aprender e também pode ensinar outras máquinas.

A blockchain também é uma tecnologia que já é bastante conhecida no mercado financeiro. Trata-se de um livro contábil, seguro e imutável, que faz o registro de operações e transações de moedas virtuais, como o bitcoin, por exemplo.

Mesmo na rotina pessoal, as tecnologias de Inteligência Artificial já começaram a mudar hábitos. A internet das coisas permite que objetos físicos (como eletrodomésticos) sejam conectados a softwares. Assim, uma geladeira, por exemplo, pode entender quais suprimentos estão faltando e fornecer uma lista de compras de supermercado.

Outras tecnologias que já estão presentes nos dias atuais são a realidade aumentada e a realidade virtual. A primeira expande o mundo físico, adicionando a ele camadas e informações digitais, como vídeos e sons. Um exemplo prático – e que virou febre, principalmente entre os jovens – é o jogo Pokémon Go. A realidade virtual, por sua vez, possibilita criar o seu próprio mundo.

Nessa mesma linha, chega o metaverso, que promete mudar o nosso dia a dia, a forma como nos relacionamos e até abre possibilidade de criação de novos empregos. Trata-se de uma tecnologia que cria um universo online: uma vivência em um espaço virtual, mas com influências da vida real, onde é possível trabalhar, conversar, ter encontros sociais e até adquirir bens materiais.

O metaverso possibilita a contratação de profissionais e o surgimento de novas carreiras, a exemplo dos engenheiros, que podem ser responsáveis por construir réplicas de cidades ou cidades completamente novas. Além disso, a tecnologia amplia a acessibilidade: pessoas que vivem no espectro autista, por exemplo, podem conviver socialmente no ambiente virtual antes de ter relações imersivas no mundo real.

A Inteligência Artificial na Previdência

Se a tecnologia chega para facilitar e até mudar a vida das pessoas, ela também pode ter influências benéficas no mercado de previdência. Já há exemplos de aplicação de Inteligência Artificial no setor.

O Japão, por exemplo, utiliza IA para tomada de decisões – o país tem o maior fundo de pensão do mundo, com US$ 1,5 trilhão em ativos. A tecnologia permite o monitoramento de performances de gestores, detecta e compara estilos de investimento e entrega os fundos de pensão que têm maiores chances de sucesso. Com esses dados em mãos, é possível tomar decisões muito mais assertivas em termos de investimento.

A IA também é aliada importante no cumprimento de obrigações legais. O chamado OCR (Optical Character Recognition) é uma ferramenta que, quando integrada à Inteligência Artificial, reconhece e checa caracteres de arquivos. A tarefa que, até então, ficava a cargo apenas de analistas humanos passa a ser realizada pela máquina: isso elimina a ocorrência de problemas corriqueiros no envio de informações e formulários, como campos não preenchidos e caracteres inválidos, e incidência de multas.

O combate às fraudes também ganha força com a tecnologia. A Liveness é uma IA usada no reconhecimento facial: ela fragmenta o rosto do usuário em milhares de pedaços e os interpreta um a um. Isso garante, por exemplo, que um fraudador não utilize fotografias para fazer um cadastro. A adoção dessa tecnologia reduz custos e tempo gasto com cartórios, além de oferecer muita segurança.

O Data Lake, por sua vez, auxilia as entidades de previdência na venda assertiva de planos. Ele compila dados de participantes, analisa perfis e identifica apetites de fundos de pensão – assim, é possível fazer ofertas personalizadas a cada perfil de cliente.

O futuro da previdência com IA

Um dos grandes desafios dos fundos de pensão é minimizar riscos e melhorar resultados. A Inteligência Artificial fornece ferramentas para que essa missão seja cumprida – e, no futuro, promete facilitar ainda mais o dia a dia das entidades de previdência.

Tudo indica que, em um futuro próximo, as instituições terão amplo acesso aos dados dos participantes. Atualmente, a Tábua Atuarial é coletiva: de maneira geral, sabemos data de nascimento, sexo, expectativa de vida no Brasil e possiblidade de invalidez e morte. Com apoio dessas tecnologias, a Tábua Atuarial poderá ser individual, com muito mais dados, como rotina de alimentação e de exercícios, histórico de doenças, de alergias e de vacinação, registros de exames periódicos, viagens e até horas de sono – informações que permitirão estimar a expectativa de vida de cada indivíduo.

Uma vez que os participantes autorizem o acesso a essas informações, as entidades terão um nível de assertividade nunca antes visto, pois, com base nos dados, poderão prever e projetar despesas – tanto a quantia, quanto o momento em que elas ocorrerão.

 

*Renata Coutinho, COO de Previdência na Sinqia e Renata Tognozzi, Especialista de Negócios na Sinqia

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