Artigo – Reflexão sobre o Dia do Aposentado: planejar para a longevidade – Por Sandro Grando*

No dia 24 de janeiro, celebramos o Dia Nacional do Aposentado, uma data que homenageia os trabalhadores que contribuíram para o desenvolvimento do país e que, teoricamente, deveriam estar desfrutando de um merecido descanso. A origem dessa celebração remonta à assinatura da Lei Eloy Chaves, em 1923, que deu início à estruturação da Previdência Social no Brasil. Mas, passados mais de cem anos, ainda há muito a refletir sobre o papel e a condição dos aposentados em nossa sociedade.

Os aposentados representam um dos grupos mais relevantes para a economia do país. Por aqui, cerca de 23 milhões de brasileiros são atendidos pelo INSS, sendo que 95% deles recebem até dois salários mínimos. Para muitos, essa renda é essencial não apenas para sua subsistência, mas também para o sustento de suas famílias. Ademais, uma parcela significativa desses cidadãos segue no mercado de trabalho para complementar a renda, o que reflete a importância de sua contribuição ativa na economia.

Contudo, o aumento da longevidade e a queda na taxa de natalidade colocam o sistema previdenciário diante de desafios inéditos. Em 2000, apenas 8,7% da população brasileira tinha 60 anos ou mais. Em 2023, esse percentual quase dobrou, chegando a 15,6%. Projeções indicam que, em 2070, 37,8% dos brasileiros serão idosos, totalizando 75,3 milhões de pessoas. Essa mudança demográfica exige planejamento e soluções sustentáveis para garantir a dignidade das gerações futuras.

Não há como fugir da necessidade de políticas públicas que assegurem o bem-estar dos idosos, promovendo acesso à saúde, à moradia e à educação financeira e a previdência complementar desempenha um papel importante nesse cenário.

Ao promover o planejamento financeiro desde cedo, os planos de previdência complementar oferecem alternativas viáveis para financiar a longevidade e garantir maior tranquilidade no futuro. Com o aumento da expectativa de vida, pensar na aposentadoria vai além de poupar para os anos inativos. Trata-se de garantir a continuidade de um padrão de vida e a possibilidade de atender às necessidades que surgem com o envelhecimento.

É igualmente importante destacar que o envelhecimento populacional também traz oportunidades. O mercado de produtos e serviços voltados para a terceira idade cresce exponencialmente, gerando empregos e estimulando a inovação. Investir em tecnologias e soluções adaptadas às necessidades dos idosos é uma estratégia que beneficia toda a sociedade.

Nesse contexto, o Dia do Aposentado não deve ser apenas uma data comemorativa, mas um momento de reflexão sobre as políticas e iniciativas necessárias para que os trabalhadores do presente possam se tornar aposentados do futuro com dignidade e segurança. É um convite à sociedade, às empresas e ao governo para construir um Brasil que valorize aqueles que dedicaram sua vida ao país, assegurando que possam viver plenamente essa fase.

Ao reconhecer o impacto econômico e social dos aposentados, reforçamos a importância de prepará-los para os desafios e as oportunidades que a longevidade traz. Mais do que celebrar, é preciso agir para que a próxima geração de aposentados tenha mais motivos para comemorar. Afinal, um país que cuida de seus idosos está, inevitavelmente, cuidando de seu futuro.

*Sandro Grando é Diretor-Presidente da BB Previdência

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