Brasileiro espera depender menos do INSS, mas pouco investe em Previdência

Realizada anualmente pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), a pesquisa Raio X do Investidor mostra que ainda é pequena a parcela da população que investe em previdência complementar para garantir o padrão de vida na longevidade.

Realizada no ano passado, com 5.818 pessoas acima de 16 anos, a sexta edição da pesquisa revela que apenas 2% dos entrevistados investiram nesse tipo de aplicação em 2022. Quando analisada somente a amostra pertencente às classes A e B, o percentual chega a 6%.

Apesar da queda no percentual de entrevistados que declararam a expectativa de não depender do INSS, que passou de 50% em 2021 para 44% em 2022, poucos investem para isso, e os resultados contrastam com as respostas de pessoas já aposentadas, cuja maioria afirmou ter o benefício social como principal meio de sustento (86%).

O estudo indica que em 2022, 38% dos entrevistados afirmaram ter conseguido guardar dinheiro para aplicar em produtos financeiros, percentual superior ao de 2021 (27%). Na hora de investir, a maioria escolheu a caderneta de poupança (26%), que segue no topo do ranking de preferência, como nos anos anteriores.

O meio principal para fazer aplicações foi o aplicativo de bancos, índice que passou de 33% em 2021 para 43% em 2022. Outro recorte da pesquisa também mostrou que a maior proporção de investidores no ano passado, ou 75% deles, pertencia às gerações millennials e X, aqueles que estão na faixa etária de 26 a 60 anos.

A pesquisa também levantou os objetivos financeiros dos entrevistados ao investir. Um terço afirmou que aplica em produtos financeiros para comprar a casa própria. Em seguida, 21% informaram que pretendem manter o dinheiro aplicado. Outros principais destinos para os recursos investidos são a compra de veículos (11%), viagens (11%) e aposentadoria (10%).

INSS: expectativa x realidade

Quando questionados sobre se têm ou já começaram uma reserva para a aposentadoria, 18% dos entrevistados responderam positivamente. Ainda é maior a parcela dos que não começaram a formar uma poupança de longo prazo, mas que têm a intenção de iniciar, 58% dos pesquisados. O levantamento mostra que 24% não têm reserva para a aposentadoria nem pretendem ter.

O estudo mostra que poucos se preparam para a aposentadoria. O fundo de previdência complementar também teve baixo índice de respostas como instrumento de formação de reserva para aposentadoria. Marcelo Billi, superintendente de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima, acredita que há um problema de posicionamento do produto previdência, além da complexidade de análise na hora de contratar, sobretudo em relação à escolha de regime tributário. “É preciso estudar, de forma qualitativa, como melhorar a percepção do público sobre o produto previdência”, afirmou, em conferência de apresentação dos resultados.

A maior parte da amostra, ou 60% dos entrevistados que ainda não se aposentaram pretendem fazê-lo com idade entre 50 e 69 anos. Do total, 8% responderam que não pensam em se aposentar e 18% não souberam responder.

Com a maioria dos pesquisados esperando viver com o benefício do INSS, apenas 19% disseram que a maior parte da renda virá do salário, pois pretendem continuar trabalhando. Apenas 9% relataram que terão complemento de renda por meio de aplicações financeiras e 4% de previdência privada.

A expectativa de que o INSS será a maior parte de todo o recurso disponível na aposentadoria foi menor entre as pessoas das classes A/B (35%), que esperam ter como fonte de renda no período o próprio salário (18%), as aplicações financeiras (17%) e a previdência privada (9%).

Essa resposta demonstra certo otimismo dos entrevistados das classes A e B em relação à dependência do INSS, já que entre os aposentados pesquisados, do mesmo estrato social, 88% disseram depender do benefício social. “A pesquisa mostra que é baixa a preparação dos entrevistados das classes A e B para obter fontes adicionais de renda no futuro, o que pode indicar um caminho de deterioração do padrão de vida nessa fase da vida”, analisou.

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