Educação financeira ajuda EFPCs a ter êxito na adoção dos perfis de investimento e evitar movimentos bruscos na crise

Gilberto Stanzione, Diretor de Investimentos da Funpresp. Crédito: Arquivo da entidade.

A Funpresp implementou as opções de perfis de investimento para seus participantes em janeiro de 2020. Logo nos primeiros meses, o modelo passou por testes, em decorrência da crise financeira causada pela pandemia de COVID-19, conta o Diretor de Investimentos da entidade, Gilberto Stanzione.

“Campanhas educativas de introdução ao novo produto minimizaram o problema e tornaram a adesão uma experiência natural. Dessa forma, o retorno dos participantes foi e continua sendo muito positivo, até porque já existia demanda pelo produto dada a realidade distinta do universo de participantes”, conta Gilberto.

Na Previ, os perfis de investimento foram criados no Plano Previ Futuro em 2009. Segundo a Diretora de Planejamento, Paula Goto, o programa foi concebido para dar mais liberdade aos participantes, pois a futura renda de aposentadoria será fruto de escolhas feitas durante os anos de contribuição.

“Temos observado que, embora a escolha de um perfil de investimento seja um tema complexo para muitas pessoas, o engajamento dos participantes em relação ao programa de perfis de investimento vem aumentando ano a ano”, ressalta Paula.

Segundo a Diretora da Previ, mais de 30% dos participantes já efetuaram pelo menos uma migração de perfil. “O que pode parecer um número baixo, mas que já está acima das médias nacional e mundial, de acordo com estudos sobre o tema”.

Paula Goto, Diretora de Planejamento da Previ. Foto: Marcos André Pinto (750)

Educação ajuda a evitar movimentos bruscos – Outro teste para os perfis de investimento nas EFPCs foi o ano de 2021, que se mostrou extremamente desafiador para a economia brasileira.

Paula Goto destaca que em momentos de crise é importante chamar a atenção dos participantes para que evitem movimentos bruscos em suas reservas. Ainda em 2020, a entidade publicou uma matériaressaltando a necessidade de reflexão para a tomada de decisões relacionadas aos perfis em um momento de maior estresse do mercado. Em 2021, o acompanhamento das movimentações foi mantido. “Mesmo com a volatilidade observada em algumas classes de ativos, o número de migrações foi mais contido”.

A Previ possui uma área dedicada em seu site para as informações sobre os perfis, com explicações bastante didáticas sobre as opções. A Diretora de Planejamento destaca que a entidade divulgou mensalmente informações sobre o desempenho dos investimentos do plano como um todo e dos perfis, bem como foi dado um foco especial aos perfis nas divulgações de resultados.

“Adicionalmente, em fevereiro de 2021, foi lançada mais uma temporada do AtuaRacing, jogo desenvolvido pela Previ para disseminar conceitos sobre previdência e sobre os perfis de investimento, utilizando os conceitos de gamificação”, acrescenta a dirigente.

Gilberto reforça a importância de a educação financeira ser um trabalho contínuo, o que também vem sendo realizado pela Funpresp. Desde a escolha por um perfil, os participantes passam por uma análise cuidadosa que verifica, entre outros pontos, o nível de conhecimento acerca do tema e o apetite à risco. “Há protocolos bem formatados durante esse processo e manuais que tratam de detalhes do modelo adotado pela Funpresp numa linguagem amigável, a fim de auxiliar a decisão do participante”.

Adicionalmente, a Funpresp tem ampliado os mecanismos de transparência a respeito da gestão de investimentos, por meio de um detalhamento cada vez maior das informações da carteira no site, com a edição de infográficos e de um podcast com atualizações periódicas da conjuntura do mercado e do desempenho dos investimentos, completa Gilberto.

Principais dúvidas dos participantes – O Diretor de Investimentos da Funpresp nota que as principais dúvidas dos participantes em 2021 giraram, naturalmente, em torno do desempenho da carteira. “O ano desafiador do ponto de vista dos investimentos, fez com que participantes demonstrassem mais curiosidade sobre detalhes da gestão, e do nosso lado, também foi uma oportunidade de explicar o funcionamento do modelo de perfis e as estratégias de diversificação da carteira”, observa Gilberto.

A Diretora de Planejamento da Previ destaca que muitas dúvidas recorrentes são sobre os procedimentos para se efetuar as migrações no site ou app, questionamentos sobre o período de carência, sobre qual o melhor momento para migrar, bem como sobre rentabilidade, atualização das cotas, composição dos ativos investidos e sobre o questionário de análise do perfil do investidor (API). “Em 2021, surgiram muitas dúvidas ainda sobre a rentabilidade de perfis com investimentos em títulos públicos marcados a mercado, que tiveram maior volatilidade ao longo do ano”, completa Paula.

Fatores críticos para o sucesso – Gilberto destaca que a comunicação contínua e assertiva, além de respostas tempestivas aos participantes são aspectos essenciais para o êxito na implementação de perfis de investimento. Ele observa que a Funpresp entrou há pouco tempo na indústria e possui um público muito diverso. Por isso, é preciso um cuidado especial com a comunicação.

“É preciso deixar claro o que é conjuntural e o que é estrutural na carteira de investimentos da Fundação. Além de saber dosar a medida em que conceitos técnicos ligados aos perfis e ao comportamento dos mercados podem ser apropriados pela nossa comunicação para fortalecer a relação fiduciária entre participante e entidade”, observa o Diretor de Investimentos da Funpresp.

Ele ressalta que a adoção de perfis é um processo complexo, o que também exigiu adaptação de processos e contratação de sistemas em quase todas as áreas da Funpresp. Foram criadas comissões ampliadas que tratavam dos múltiplos aspectos da implementação. “Um conhecimento profundo sobre a ferramenta é passo necessário para sua perenidade”.

 Engajamento com os participantes – Paula Goto adiciona que para que um projeto de implantação de perfis de investimento tenha sucesso, especialmente em condições de mercado desafiadoras – como se espera em 2022 – é fundamental que a entidade busque um grande engajamento dos participantes.

“Para isso, além de ter um conjunto de informações claras e de fácil acesso, consideramos importante a ampliação dos canais para gestão dos perfis pelos participantes (site, app etc.) bem como de uma comunicação constante a fim de sensibilizar o associado sobre a importância de se manter uma gestão ativa sobre suas reservas previdenciárias”, destaca a Diretora de Planejamento da Previ. Nesse trabalho, levar ao participante o conceito de formação de reservas de longo prazo é primordial, completa a dirigente.

Dentre os principais resultados, após a implementação dos perfis, está o aumento da proximidade dos participantes com a entidade, que passam a fazer uma gestão mais ativa dos perfis e a acompanhar de perto os resultados da entidade, nota Paula.

Gilberto acrescenta que é nítido um maior engajamento dos participantes nas questões da entidade. “Participantes envolvidos são exigentes e uma ótima ferramenta de governança, pois ‘cobram’ bons serviços, transparência e resultados. Por outro lado, o maior envolvimento também foi uma forma de conhecermos melhor os participantes e suas demandas, favorecendo um alinhamento entre as estratégias de gestão e o que o participante espera”.

Adoção do modelo de ciclo de vida – A Previ e a Funpresp adotam o modelo de perfis data-alvo/ciclo de vida dos participantes. Gilberto explica que nesse modelo as questões demográficas são a principal variável para o enquadramento prévio do perfil. Dessa forma, por exemplo, o participante mais jovem é direcionado para uma carteira com maior exposição ao risco de mercado.

Ele acrescenta que contrato previdenciário é marcadamente de longo prazo e a volatilidade conjuntural dos ativos, que é levada em consideração pelo modelo de perfis, é um processo natural e distinto do de outras estratégias de investimento individual. “Nossos participantes já demonstram uma compreensão madura sobre o tema”.

Na Previ, que recentemente participou da cerimônia de boas-vindas a um novo grupo de funcionários convocados pelo Banco do Brasil (a estimativa para este ano são de 2.240 a serem chamados), são oferecidos quatro perfis nessa modalidade: os ciclos de vida 2030, 2040, 2050 e o recém-criado 2060 (lançado em janeiro).

Nesses perfis, o associado escolhe o período em que pretende se aposentar e a Previ faz a gestão do perfil, ajustando os investimentos ao longo do tempo, reduzindo os valores aplicados em renda variável e aumentando em renda fixa à medida que se aproxima o momento de receber os benefícios, explica Paula. Tais perfis se ajustam às necessidades dos participantes que não se sentem seguros na escolha do melhor perfil – ou quando trocá-lo – por temer uma decisão equivocada que possa impactar os benefícios futuros, especialmente em momentos de turbulência econômica.

“Outra mudança relevante que já fizemos neste ano foi tornar os ciclos de vida como ‘perfil padrão’. Ou seja, quando o participante se filiar ao Previ Futuro, ingressará automaticamente em um dos perfis data-alvo”, conclui Paula Goto.

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