Na manhã do segundo dia do 13º Encontro de Previdência Complementar da Região Sul, que coincide com o Encontro Regional Sul da Abrapp, o tema da inovação foi abordado como um caminho para a perenidade das entidades fechadas de previdência complementar. O painel Gestão e Inovação – Desafios do Novo Modelo de Gestão para a Sustentabilidade teve como debatedores Marina dos Santos Vieira Fabro (Data A), Jairo Santana (Viking Prev) e Glewerson Caron (Fundação Copel).
Na abertura do painel, Marina mostrou o impacto que a disrupção digital causou no número de empresas do ranking Fortune 2000, do qual, 52% deixaram de existir desde então. Isso mostra o quanto a longevidade dos negócios está relacionada à inovação, que é eficiente ao trazer soluções para as dores dos clientes.
Ela explanou sobre a importância de apoiar e também administrar a inovação a partir de metodologias, na jornada de transformação digital das empresas. A tecnologia, nesse contexto, surge como uma resposta à necessidade de inovação. Marina disse que na Data A adota metodologias ágeis, OKRs e indicadores, com os esforços voltados para a utilização da tecnologia de modo escalável, para servir as pessoas.
“É importante investir em melhorias no que já existe, e saber utilizar esses dados. A tecnologia deve ser o apoio para o dia a dia. Aplicamos uma metodologia ágil, com sprints, encontros diários, semanais, reuniões de abertura e de fechamento”, contou.
Nesse processo, disse, é essencial o desenvolvimento de “validação de dados”, um algoritmo que pode ser utilizado nas migrações de ERP, que garante a segurança. “Começamos esses processos sempre ouvindo a necessidade do nosso cliente”, conclui.
# Deixar de desperdiçar é ganhar
A palestra de Jairo Santana, Diretor Superintendente da VikingPrev foi voltada à gestão lean, ou seja, voltado para melhoria contínua, com implementação de processos robustos. O objetivo desse modelo de gestão é permitir, que no futuro, a tecnologia seja implementada de forma estruturada. “Não adianta asfaltar pântano”, comentou.
Santana traçou um breve histórico da VikingPrev, fundação do Grupo Volvo no Brasil, que alcançou R$ 1 bilhão de patrimônio e mais de 6,4 mil participantes e assistidos em 2023. Pela natureza da atividade do patrocinador, que sempre teve como diretrizes o fomento de processos estruturados e padronizados em busca de produtividade, a entidade tradicionalmente manteve uma mentalidade enxuta.
“Em 2007, a patrocinadora criou o VPS (Volvo Production System) na planta do Brasil, que se espalhou pelo mundo. Trata-se de um sistema que se baseia em oito desperdícios básicos que devem ser evitados na produção. Alguns anos depois, o desafio foi o de trazer o conceito lean também para a área administrativa”, contou.
A empresa verificou que os mesmos desperdícios na linha de produção são aplicáveis à área administrativa, o que fez a VikingPrev entrar nessa jornada em 2019, inicialmente conhecendo os conceitos e ferramentas, após a verificação dos resultados positivos nas outras áreas em que o sistema foi adotado. “Precisamos evoluir sempre. Reduzir e registrar desperdícios, padronizar e medir processos. Valorizar as pessoas que trabalham com você neste processo. Nos consideramos ainda no começo dessa infinita jornada”, avaliou Santana.
De acordo com o programa, os desperdícios têm classificações: atividades que não agregam valor; atividades que não agregam, mas são necessárias e as atividades que agregam valor. Na hora de fazer essa avaliação, a entidade adota o conceito de Gemba, expressão japonesa que remete a ir ao lugar real, onde as coisas acontecem, além de ferramentas como o diagrama de espaguete, mapa de fluxo (MFV), Kaizen e Método A3.
As ações começaram, na prática, pelo layout da própria sede da entidade, nos quais identificaram a possibilidade de reduzir estoques, armários, melhorar as movimentações e aumentar a privacidade para o participante. Outro desafio foi melhorar o planejamento, no qual foi adotada a matriz A3, para medição de esforço versus impacto.
“Revisamos o desenvolvimento do processo de empréstimo da entidade, com o mapeamento do fluxo, para encontrar as atividades desnecessárias. Criamos um projeto e convidamos a área de tecnologia, para definir um estado ideal, no qual os participantes, em poucos cliques, pudessem realizar a análise de crédito, bem como a contratação do empréstimo, sem assinaturas desnecessárias, reduzindo movimentação”, contou.
O resultado dessa jornada de automatização do processo de empréstimo foi uma redução do custo anual de R$ 19.513 para R$ 6.377, com a diminuição do uso de horas nessa atividade de 70 horas por ano.
A entidade alcançou um nível de 97% de satisfação dos participantes. A jornada continuou em 2022, com sete melhorias implementadas e redução de 180 horas de trabalho, um ganho de eficiência que gerou uma economia de R$ 80 mil. “Conseguimos o VPS Silver pela patrocinadora em um processo de certificação interna e sabemos que não podemos baixar a guarda. Aquilo que não é desperdício hoje, pode se tornar amanhã”, finalizou.
# Gestão participativa
Caron, da Fundação Copel, abordou o papel da gestão participativa na jornada de inovação para a sustentabilidade. Entre os desafios do novo modelo de gestão para a sustentabilidade, ele citou o excesso de regras, comitês, burocracia e legislação, que acabam por se tornar entraves à inovação. Com isso, é mais difícil adotar processos que tragam redução de custos.
Caron também abordou a associação direta que se faz entre inovação e tecnologia. “Ao longo dos anos oferecemos aos nossos participantes muita tecnologia. O nosso público começou a perguntar: ‘Eu não sou digital, a Fundação Copel deixou de ser humana?’”
O questionamento fez a entidade implantar a Gestão Participativa, que consistiu na formação de grupos que têm representatividade frente aos clientes. Na Fundação Copel, existem 130 pessoas envolvidas na Gestão Participativa, dedicadas a ouvir mais, capacitar, empoderar, envolver e conectar.
Caron conta que foram realizadas mais de 50 reuniões para criar esse grupo, com a nomeação de “delegados” por todo o Estado. “O público reconheceu isso como muito importante. É necessário prover informação aos delegados, que se comunicam com os clientes. O envolvimento de participantes e assistidos aumentou, inclusive na venda de produtos e esclarecimento de dúvidas”, avaliou.
Segundo ele, entre os projetos para o futuro que a entidade estuda há a criação de um “PrevClub”, dedicado aos participantes, em um espaço imaginado de 7.000 m², com muitos serviços. “Um lugar onde saúde e previdência estejam interligadas em um sistema autossustentável”, finalizou.
O segundo dia de evento contou ainda com um debate sobre os novos desafios da gestão de investimentos para 2023, com a participação de Cristiane Becker (Fusan), Eduardo Jarra (Santander), Vitor Batista (Global X) e Carlos Garcia (Itajubá).
O 13º Encontro de Previdência Complementar da Região Sul conta com os seguintes patrocinadores: categoria Leonardo da Vinci – Bradesco Asset Management, SPX Capital e ASA Investments; categoria Picasso – 4UM Investimentos, SulAmérica Investimentos, TAG e Maps + Data A; categoria Tarsila do Amaral – NAVI, Quadra Capital, Aditus, ARX, Constância Investimentos, Vinci Partners, BV Asset, Itaú Asset e Sadra; apoio – BNP Paribas, BTG Pactual, Trígono, Ligga e Sanepar.