Entrevista com Alfredo Schmitt, presidente de um dos maiores programas socioambientais da América Latina

Alfredo Schmitt, presidente do Instituto SustenPlást

Em entrevista exclusiva ao Blog do Sindapp, Alfredo Schmitt, presidente do Instituto SustenPlást, apresenta um exemplo de mobilização setorial em torno da agenda ESG. A entidade, com sede em Porto Alegre (RS), realiza ações socioambientais e educativas relacionadas ao setor plástico brasileiro, como os programas “Tampinha Legal”, uma das maiores iniciativas socioambientais da América Latina, e também o “Copinho Legal”.

Seu objetivo é conscientizar a sociedade quanto à importância da economia circular, da logística reversa e da reciclagem com o descarte adequado pós-uso dos materiais plásticos.

Blog do Sindapp: O plástico muitas vezes é visto de forma negativa em relação ao meio ambiente. Existem movimentos, a exemplo do Plastic Free, advogando que as pessoas evitem o consumo do produto. Por outro lado, temos o Instituto SustenPlást buscando se aproximar da sociedade para desmistificar essa visão, através da educação e de programas socioambientais. O senhor poderia comentar essas iniciativas?

Alfredo Schmitt: Trabalho no setor petroquímico há 40 anos. Em 2014, eu e outros atores do setor criamos o Congresso Brasileiro do Plástico, evento pioneiro no país. Quando realizamos a segunda edição do evento, pensamos em fazer mais do que simplesmente convidar palestrantes. Nessa busca por algo mais, surgiu a ideia de criar um programa que coletasse tampinhas plásticas. Por quê? A tampa é a menor parte de uma embalagem. É comum ver recicladores nas ruas que, ao recolherem uma garrafa plástica, descartam a tampinha. Identificamos aí a oportunidade para realizar um trabalho transformador, que virou o “Programa Tampinha Legal”.

O plástico é uma matéria-prima que tem valor enorme. Ronald D. Sasine, palestrante que participou em duas edições do nosso Congresso, diz o seguinte: “O plástico é um material tão maravilhoso que, se não existisse, teria de ser inventado.” Por isso, achamos importante desmistificar crenças negativas relacionadas aos plásticos. É uma matéria-prima importante para toda a sociedade, tanto que está em produtos que utilizamos desde o início até o final das nossas vidas.

Como funciona o Programa Tampinha Legal?

Criamos o “Programa Tampinha Legal” em 2016 e, desde então, a iniciativa vem crescendo. Hoje é considerado o maior programa socioambiental de caráter educativo de iniciativa da indústria de transformação do plástico na América Latina. Já atingiu 401 milhões de tampinhas coletadas, 720 toneladas de plástico no total, que geraram aproximadamente R$ 1,48 milhão de recursos destinados a entidades assistenciais.

O funcionamento é muito simples: qualquer pessoa pode coletar e escolher para qual entidade assistencial cadastrada destinar as tampinhas. Em seguida, elas serão recolhidas pela entidade escolhida, levadas para a sua sede, onde são separadas por cor. Esse processo serve para valorizar o produto, para os envolvidos saberem que tudo tem uma destinação e para lhes propiciar uma atividade educativa.

Uma vez separado o material, a entidade o destina para um ponto de entrega onde as tampinhas são pesadas e depois entregues para a empresa recicladora que realiza o pagamento diretamente na conta dessas entidades; elas recebem de acordo com o que produzem. Ou seja, não existe assistencialismo; existe a criação de dignidade de uma atividade. Essa é uma maneira que encontramos de fazer o bem com um recurso que, do contrário, seria desperdiçado. Inclusive, o “Tampinha Legal” já é conhecido em muitos lugares como a moeda da solidariedade.

Clique aqui para ler o restante da entrevista no Blog do Sindapp!

Shares
Share This
Rolar para cima