Entrevista: Compreender expectativas dos stakeholders é de extrema relevância para o novo posicionamento das EFPC

Foto de Michelle Santos Gimenes

Membros dos Conselhos Deliberativos e das Diretorias Executivas das entidades fechadas de previdência complementar poderão se valer dos insights do e-book ¨Visões e Interesses dos Stakeholders do Setor¨ para definir estratégias e novos desenhos de planos e produtos.

É o que explica nesta entrevista Michelle Santos Gimenes, Coordenadora da Comissão Técnica Sudoeste de Estratégias e Criação de Valor. O colegiado foi responsável pela condução de duas pesquisas, que capturaram as visões de 5.814 participantes e 87 respostas de patrocinadoras de EFPC sobre o segmento. Os resultados e sua análise podem ser acessados no e-book.

Blog Abrapp em Foco: O que motivou a Comissão Sudoeste de Estratégias e Criação de Valor a realizar as duas pesquisas que integram o conteúdo do e-book?

Michelle Gimenes: Um dos principais projetos estratégicos da Abrapp para os anos de 2021 e 2022 é trabalhar em um “Novo Posicionamento do Setor”. Como parte desse processo, entendemos ser de extrema relevância capturar percepções, dores, demandas e expectativas dos principais stakeholders do nosso Sistema.

Por isso, ao longo de 2021, a Comissão Técnica Sudoeste de Estratégias e Criação de Valor realizou pesquisas detalhadas junto às empresas patrocinadoras e aos participantes das Entidades associadas à Abrapp.

A que público se destina essa publicação? Quais grupos de profissionais da EFPC poderão melhor aproveitá-la?

As entidades de previdência, patrocinadoras e consultorias que estão envolvidas no tema de previdência. Os resultados podem ser de muito valor para os Conselhos Deliberativos que estejam definindo suas estratégias e reposicionamento de suas EFPC. Bem como para as Diretorias Executivas que estejam planejando novos desenhos de planos, novos produtos para seus participantes e precisem entender o perfil das novas gerações de participantes que as EFPC precisam atrair.

De que formas os insights revelados por esse trabalho tão abrangente podem ser utilizados para aprimorar processos nas entidades? Poderia citar alguns exemplos?

Os dados nas pesquisas podem ajudar o novo posicionamento do setor mostrando que realmente precisamos nos atualizar e que temos um mundo para modernizar. Podemos desde deixar nossos regulamentos mais flexíveis, até muitas oportunidades para aplicar educação previdenciária e financeira.

Na pesquisa notamos desde o tema da governança que foi abordado como ponto de melhoria até entendimento que precisamos passar para nossos participantes sobre conceitos de curto, médio e longo prazo.

Os resultados têm aplicação direta no redesenho das regras de resgate (ex: acesso a parte das reservas em caso de emergência), oferta de opções de perfil de investimentos (ex: perfil ESG) e comunicação com os participantes (Ex.: projeções de benefícios para incentivar ajustes no nível de contribuições ao longo da carreira).

Quais dados revelados pela pesquisa surpreenderam ou mais chamaram sua atenção e da Comissão, da parte das patrocinadoras?

Um dos pontos de maior preocupação para as patrocinadoras é o atendimento a futuras regulamentações. Esse tema apareceu em segundo lugar no nível de importância para a patrocinadora, à frente de ameaças cibernéticas e vazamento de dados, que ficaram em quinto e último lugar, respectivamente, como preocupação para as patrocinadoras. Causou surpresa a consciência e preocupação dos participantes com a governança de suas EFPC.

Levantou algumas sobrancelhas o descasamento entre as preocupações das Patrocinadoras (investir em novas soluções digitais, desenvolver soluções alinhadas com o desejo dos participantes) e aquilo que as Patrocinadoras indicam ser sua prioridade (redução de custos).

E no tocante às perspectivas reveladas pelos participantes?

Podemos citar alguns pontos que devemos nos atentar para tornar os planos mais atrativos. Na pesquisa, um dos principais itens de melhoria, objeto de sugestão pelos participantes, foi maior transparência ou rigor na governança. 

Outro item interessante é que a maioria dos participantes gostaria de ter acesso ao saldo acumulado para emergências, 49% dos que responderam gostariam de ter essa oportunidade, com isso, mostra que os participantes querem planos mais flexíveis. Trazer o que já acontece em outros países para Brasil.

Gostaria de acrescentar mais algum ponto não mencionado por esse trabalho ou deixar uma mensagem final?

Para finalizarmos, acho interessante trazer alguns pontos. Existe mais convergência do que divergência entre a visão das empresas e aquilo que seus empregados desejam com relação aos seus planos corporativos de previdência complementar.

As maiores oportunidades para buscar alinhamento, nos casos em que essas duas visões não coincidem, encontram-se naquilo que querem os participantes mais jovens, que compõem participação reduzida da população dos fundos de pensão quando comparada a dos participantes das faixas etárias mais elevadas.

A maioria das alterações necessárias para evolução dos desenhos dos atuais planos de previdência complementar, visando um casamento perfeito entre empresas e empregados, podem ser efetuadas dentro do marco regulatório hoje existente.

Clique aqui para acessar o e-book ¨Visões e Interesses dos Stakeholders do Setor¨.

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