Entrevista: “Transformação Digital deve estar na pauta de todos os boards da EFPC”

Felipe Luciano, Gerente de TI da Ceres e membro do GT Ad Hoc de Transformação Digital

Pioneiro no segmento, o Guia de Transformação Digital em EFPC foi lançado pela Abrapp na última segunda-feira (21). A obra foi realizada pelo Grupo de Trabalho Ad Hoc Transformação Digital. Nesta entrevista, Felipe Luciano, gerente de TI da Ceres e membro do GT, comenta as motivações para esse trabalho inédito e o valor que poderá agregar às associadas.

Qual foi a principal motivação para a elaboração do “Guia de Transformação Digital em EFPC”?

Felipe Luciano: Acelerado pela pandemia, o tema Transformação Digital – TD passou a ser prioritário em quase todos os segmentos da economia e, para alguns destes, determinante para sua própria sobrevivência. Nesse contexto, e dada a necessidade da maioria das entidades ainda estarem desenvolvendo ou planejando seus projetos de TI, elaboramos esse guia, traduzido para o segmento de previdência, pois consideramos que TD não é uma receita de bolo e merece adaptação de sua aplicação para cada negócio específico.

Portanto, esse guia ajudará a entidade a entender aspectos importantes da TD e como aplicá-la. O objetivo maior foi responder aos questionamentos a seguir, que são comuns ao iniciar uma transformação dessa natureza: O que é TD? Quais os impactos nas contratações de previdência (adesão)? Quem são os envolvidos? Qual a finalidade? Por onde começar?  Como executar? Que tecnologia ou metodologia usar? Quais os ganhos e benefícios? Quais os custos?

O e-book é pioneiro em seu formato de abordagem do tema para as EFPC? Quais são os grandes destaques ou inovações no conteúdo que valem ser ressaltados? 

Sim. O “Guia de Transformação Digital em EFPC” é o primeiro no segmento. Apesar de existir outros conteúdos relacionados a tecnologia, editados por outros grupos técnicos, acreditamos que o ineditismo desse Guia diz respeito não as tecnologias em si, mas como a combinação delas os frameworks, os métodos, as técnicas podem gerar grandes resultados para quem as aplica.

Sabemos também que esse não será o último, pois o tema Transformação Digital é muito amplo, ambíguo, complexo, volátil e incerto – dando, inclusive origem ao acrônimo que foi reverberado muito nos últimos dois anos, que é o “VUCA” – gerando nas EFPCs e em nós mesmos a necessidade de constante atualização à medida que nos aprimoramos no tema.

Eu destacaria o viés de construção do documento, trazendo o tema de forma leve e didática, com a utilização de exemplos reais aplicados por algumas EFPCs que estão vivendo esse processo de transformação. Aqui o foco não foi o conteúdo, que é vasto na internet, mas a sua aplicação em uma EFPC. O objetivo principal foi trazer um exemplo prático de como as estratégias de TD podem ser aplicadas, utilizando as metodologias e as tecnologias que já existem e que são consolidadas no mercado e que podem ser adotadas de forma simples e prática. Claro que, para algumas entidades, isso exigirá profissionais capacitados, consultorias ou uma estrutura dedicada, que estará também focada em resultados, estratégias e eficiência operacional.

Este trabalho foi construído de forma multidisciplinar? Quais profissionais integraram o grupo de trabalho? 

Sim, o GT Ad Hoc de Transformação Digital foi criado em julho de 2021 com a finalidade de trazer algo relevante para o nosso segmento, e contou com um time experiente e reconhecido no segmento, ao qual fazemos questão de elencar aqui:

  • Diretoria
    1. José Roberto Rodrigues Peres – Diretor Responsável
    2. Elayne Cachen – Secretária Executiva
  • Equipe executora
    1. Felipe Luciano – Gerente de Tecnologia na Ceres Previdência;
    2. Ivan Corrêa – Superintendente Adjunto da Abrapp;
    3. Glauco Milhomem – Diretor de Tecnologia e Operações na Quanta Previdência;
    4. Tatiane Rodrigues Baia – Gerente de Tecnologia da Libertas;
    5. Marcelo Côrtes da Cruz – Especialista em Riscos e Assuntos Regulatórios na Fundação Atlântico;
    6. Juleika Cristina Ferreira de Carvalho – Analista Contábil na Aceprev;
    7. Luiza Miyoko Noda – Gerência de Compliance na Copel;

Esses profissionais já estão envolvidos em processos de Transformação ou Inovação dentro de suas entidades, já integram ou integraram outros grupos de discussão e estão à disposição para contribuir ainda mais nessas iniciativas.

Quais são os principais benefícios que essa obra deixa para o nosso sistema?

Acreditamos que o maior benefício dessa obra seja o alerta em relação às mudanças impostas pela Transformação Digital e o risco que corremos ao ignorá-la. TD exige debate e iniciativas imediatas dentro de todas as entidades, pois é algo essencial para a sobrevivência do negócio. Portanto, esse guia apresenta caminhos para que a entidade vença o estágio inicial de inércia.

Esse guia também desmistifica a TD como algo inerente e limitado a Gerências de TI. Pelo contrário, esclarece que é uma iniciativa institucional, estratégica, que envolve toda a entidade e passa por mudanças culturais profundas, onde o foco está no cliente (participante), na eficiência para gerar resultados de economia, agilidade, satisfação, dentre outros aspectos que envolvem a evolução da maturidade de negócios de todas as áreas, de todos os profissionais.

TD é multidisciplinar, é estratégico, é tático e, também, operacional. TD deve estar na pauta de todos os boards da entidade. TD gera capacidade, que permite, dentre outras coisas, um salto de produtividade em patamares elevados para que a entidade possa acessar novos mercados e objetivos ainda nem imaginados. Neste guia, chamamos atenção para esses aspectos.

Ressaltamos que esse guia não é necessariamente sobre como fazer, até porque cada entidade tem a sua particularidade, seu nível de adoção e maturidade cultural diferentes. Dessa forma, deixamos aqui contribuições e dicas para cada uma buscar o seu melhor caminho a tomar.

Gostaria de deixar uma mensagem final?

Transformação Digital não é algo que se faz da noite para o dia, mas um processo que se inicia e não para mais; tem a ver com cultura, com capacitação, com o desenvolvimento de novas competências, novas funções, novas estruturas que precisarão ser viabilizadas. O mais importante é iniciar. Comece rápido, simples e vá evoluindo à medida que os primeiros resultados forem alcançados. Inicie com um processo que seja relevante para seu cliente (participante) e outro que seja relevante para a operação. Ou seja, faça algo com foco externo e outro com foco interno, assim as pessoas começam a ver resultados e vestem a camisa. Envolva “todos” nesse movimento.

Kaizen!!!

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