Com mais de 500 participantes inscritos, o 1º Encontro Nacional de Inovação e Criação de Valor começou nesta quarta-feira (25). Histórico, o evento une os mais de 25 anos de experiência dos encontros de relacionamento e as iniciativas mais recentes com foco em tecnologia, sendo resultado da parceria entre a Comissão Técnica de Estratégias e Criação de Valor e da Comissão de Inovação e Tecnologia da Abrapp.
Inovação e foco no cliente – Em um mercado cuja competição se expande para fintechs, insurtechs e bancos digitais, a reinvenção das EFPCs é necessária para sua sustentabilidade. Essa mensagem foi enfatizada na abertura do evento, nas falas de José Roberto Peres, Diretor Executivo e responsável pela área de Inovação e Tecnologia da Informação, e de Rodrigo Sisnandes Pereira, Diretor Executivo e responsável pela área de Estratégias e Criação de Valor, que registraram a contribuição dos profissionais dos colegiados, incluindo as secretárias executivas Elayne Cachen e Marisa Bravi, e a equipe da Abrapp pela excelência do evento.
José Roberto Peres provocou a reflexão sobre a necessidade de as entidades incluírem a inovação em seus planejamentos estratégicos e criarem uma cultura comercial eficiente e competitiva (o que passa por um arcabouço legal adequado), com a necessária mudança de mentalidade da alta gestão. ¨As lideranças serão preponderantes para a implantação da transformação digital em nossas entidades. Os líderes deverão combinar competências tradicionais a novas competências para direcionar as EFPCs rumo ao futuro¨, destacou Peres.
O foco no cliente é questão de sobrevivência, acrescentou o Diretor Rodrigo Sisnandes. ¨Já cuidamos da longevidade das pessoas, entregando uma renda complementar, mas muitas vezes esquecemos de cuidar da longevidade da organização à qual fazemos parte. Não existe vitalicidade no nosso sistema sem a renovação da massa de participantes. Esse é o nosso desafio. Por isso, precisamos falar do cliente, esse novo público que vai buscar na previdência privada uma alternativa de proteção social e um futuro com qualidade de vida¨.
Quarto ciclo do sistema – O Talk 1 ¨Bem-Estar Futuro no Mundo Pós-Pandemia¨ contou com as participações do Diretor-Presidente da Abrapp, Luís Ricardo Marcondes Martins, e de Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da MAG Seguros e Presidente do Instituto de Longevidade MAG.
Durante sua fala, Luís Ricardo registrou a importância de Molina como referência para o sistema, estudioso que colaborou para marcos históricos, como a criação dos fundos instituídos, grandes veículos para o fomento do sistema, que logrou sair de um cenário de estagnação para crescimento. Esse sucesso é traduzido em números: hoje os fundos instituídos somam 630 mil participantes e mais de R$ 15 bilhões em reservas, citou o Diretor-Presidente.
São também grandes cases de sucesso do sistema os planos família (incentivados com o Fundo Setorial Abrapp), que totalizam mais de 40 planos, 20 mil familiares alcançados e R$ 350 milhões em patrimônio, e a previdência complementar do servidor público, que possui mais de 120 mil servidores federais protegidos e R$ 5,5 bilhões em reservas pelo Funpresp-Jud e pelo Funpresp-Exe, e, no caso da Prevcom, mais de 35 mil participantes e R$ 2 bilhões de patrimônio.
¨Hoje nosso segmento está vivenciando seu quarto ciclo: o ciclo da reinvenção e da inovação¨, destacou Luís Ricardo, notando que os três anteriores corresponderam à origem, modernização e consolidação. Ele acrescentou que o quarto ciclo veio para atender aos novos tempos, ao novo trabalhador e relações laborais. Essa fase requer ousadia e criatividade e tem como grande desafio a criação de planos mais flexíveis e de fácil compreensão para as novas gerações. E, ao mesmo tempo em que se trabalha para manter o legado de conquistas, é preciso reinventar para continuar a crescer e proteger o maior número de pessoas.
Janelas de oportunidade – A reforma da previdência trouxe a janela de oportunidade da maior conscientização da população sobre a importância de ter uma previdência complementar à do INSS, e a pandemia de COVID-19 trouxe a janela de oportunidade da quebra de tabus, valorização dos laços afetivos e busca por proteção social, na qual há o grande desafio de se transformar a poupança do medo em poupança da esperança, notou Luís Ricardo.
O Diretor-Presidente da Abrapp destacou as grandes pautas que estão na agenda da sistema, como o projeto de lei de harmonização entre entidades fechadas e abertas, a reforma tributária (em que a mobilização da Abrapp e de suas associadas possibilitou evitar retrocessos, mantendo o diferimento fiscal e a intributabilidade dos dividendos), e a flexibilização do PGA. Esta última pauta, ressaltou Luís Ricardo, é fundamental para que as entidades ganhem musculatura e façam os investimentos em tecnologia e vendas tão necessários para competirem no novo mercado que se abre.
Luís Ricardo ressaltou ainda a profissionalização do sistema, que conta com mais de 8 mil profissionais certificados pelo ICSS e mais de 15 mil capacitados pela UniAbrapp. ¨Estamos profissionalizados para disputar esse mercado e vencer, à luz do que fazemos muito bem: pagar benefícios, entregar. Temos uma missão histórica e precisamos proteger o maior número de pessoas. Estamos mostrando a importância e o protagonismo desse sistema que se reinventa para tratar de clientes, vendas e este novo momento, em que precisamos proteger esse novo trabalhador e o nativo digital¨.
Quebra do pacto intergeracional – Em sua fala, Nilton Molina, Presidente do Conselho de Administração da MAG Seguros e Presidente do Instituto de Longevidade MAG, destacou as mudanças em curso no mapa social mundial e os grandes desafios que a reflexão gerada pela pandemia trouxe à sociedade.
Com a redução gradativa da taxa de natalidade e o aumento da longevidade, o pacto intergeracional foi quebrado no mundo, notou Molina. A população brasileira, que hoje tem atualmente 15% de pessoas com mais de 60 anos, em apenas 30 anos verá esse percentual ser elevado para 30% da população com essa faixa etária. ¨Teremos no curtíssimo prazo uma sociedade envelhecida e que terá que ser sustentada¨, observou.
Essa mudança no mapa social já estava em curso, e considerando a digitalização pela qual o mundo atravessa, as consequências da inteligência artificial e tudo o que se estuda, há sim uma enorme preocupação em nível mundial com essa transformação. Uma das consequências é que a sociedade não terá mais recursos para financiar a velhice. ¨Se o pacto intergeracional foi quebrado, ou seja, a população economicamente ativa não tem mais capacidade de ela própria poupar para si e para os que não produzem renda, teremos sim uma sociedade envelhecida e um enorme problema, que é o financiamento da velhice¨, observou o Presidente do Instituto de Longevidade MAG.
Mudança de paradigma – Isso significa dizer que os indivíduos terão que ser os protagonistas da própria velhice, o que representa uma mudança de paradigma transcendental, notou Molina. Isso não se resume ao fato de que as pessoas terão que poupar mais e deverão elas mesmas acumular recursos para pagar por sua saúde. É preciso entender que os conceitos de aposentadoria do passado não valem mais. ¨As pessoas vão sim trabalhar enquanto tiverem plena autonomia física e mental¨, observou o especialista, acrescentando que em países ricos o que poderá ser oferecido é uma renda mínima aos que perderem a capacidade laborativa.
Nesse sentido, Molina concordou com a observação do Diretor-Presidente da Abrapp de que o sistema de previdência privada passa por um ciclo de reinvenção. Reinvenção que necessitará não só do engajamento dos operadores da previdência privada, mas também do Congresso Nacional, da Receita Federal e dos futuros Ministros da Economia para as políticas públicas que incentivem a poupança de longo prazo.
Três desafios – Essa reinvenção abrange três grandes desafios, segundo Molina. O primeiro está relacionado à formação da poupança de longo prazo, em um contexto em que será preciso convencer o jovem de que é mais virtuoso poupar para o médio e longo prazo do que gastar com a satisfação momentânea. O segundo desafio está relacionado à diminuição do emprego formal, ainda que o trabalho e a renda continuarão existindo, o indivíduo terá que, cada vez mais, pensar sozinho em seu próprio futuro. O terceiro desafio é a redução do número de patrocinadores que dividiam com o indivíduo o custo dos programas de benefício e seguro social, e os que restarem poderão ajudar a financiar os planos, mas não mais bancar os riscos.
O Presidente do Instituto de Longevidade ressaltou que há a grande tarefa – que não é fácil – de transmitir essa mensagem: ao jovem, a importância de começar a poupar desde o início de sua vida ativa, e à população de 40 e 50 anos o fato de que terá que trabalhar enquanto tiver capacidade laborativa – sendo que os que tiverem formado poupança ao longo da vida poderão ter a opção de trabalhar menos.
¨Esses são os grandes desafios que a reflexão que tivemos durante a pandemia nos trouxe. Por isso, aplaudo a nossa Abrapp pelo fato de criar um evento com o grande desafio de inovação e criação de valor¨, destacou Molina, notando que não há receita de bolo para responder ao tema proposto. ¨Temos enormes desafios pela frente e precisamos mostrar para a sociedade, principalmente os jovens, que o mundo do futuro será muito diferente em relação ao passado¨.
O Encontro de Inovação e Criação de Valor continua nos dias 26 e 27 de agosto. Acompanhe as matérias sobre os demais painéis no Blog Abrapp em Foco.
O 1º Encontro Nacional de Inovação e Criação de Valor é uma realização da Abrapp, com apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta. Apoio Ouro: AWS, MAG e Sinqia. Apoio Prata: CMCorp. Apoio Bronze: Mestra Informática. Apoio: Linhares Advogados Associados.
