O desafio de desenvolver a criatividade para promover a inovação foi abordado na palestra “Mentes em Movimento”, durante o evento Movimento 360, promovido pela Abrapp nos dias 13 e 14 de novembro, em formato virtual e ao vivo. O evento reúne especialistas, líderes e profissionais para discutir as tendências mais inovadoras nas áreas de comunicação, relacionamento e tecnologia. Com o apoio institucional de UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta, o Movimento 360 é uma nova versão do tradicional Encontro Nacional de Inovação e Criação de Valor, com ao todo 19 painéis, que também ocorrem de forma simultânea em uma programação dinâmica e interativa.
A palestra ministrada por Rodrigo de Barros, Facilitador, Consultor e Sócio da RDB Criatividade para Inovação, trouxe uma perspectiva sobre os desafios e as raízes da inovação no contexto corporativo. Ele propôs uma reflexão sobre o que considera um dos principais equívocos das organizações ao buscar a inovação: o foco excessivo nos resultados imediatos, em vez do estímulo à criatividade. Ele fez uma alusão ao de focar no ato de borrifar folhas de uma planta, em vez de nutrir o solo e as raízes para que ela se desenvolva.
Barros disse que uma prática comum das empresas é o de borrifar água nas folhas de uma planta, que é uma metáfora da busca por resultados rápidos, deixando de lado o cuidado com a terra e a semente, que seria a criatividade. “É a estratégia bombeiro, que reflete o esforço para apagar incêndios e resolver problemas urgentes, o que gera um ciclo de estresse e alta produtividade sem, no entanto, garantir inovação”, explica.
O palestrante definiu esse ciclo vicioso como o “looping da inovação”, no qual a própria busca pela inovação se torna um obstáculo. As empresas, segundo ele, estão constantemente sob pressão para entregar novos produtos e estratégias, e alimentam uma cultura de correria e ansiedade que inibe a verdadeira criatividade. “Esse excesso de pressão pode levar ao esgotamento emocional e psicológico dos colaboradores, afetando não só a saúde mental mas também a capacidade de inovação da organização”, disse.
Para ilustrar, Barros citou alguns dados: diariamente, mais de 120 mil caixas de ansiolíticos são vendidas no Brasil, o que mostra que há um fenômeno de exaustão relacionado ao ambiente de trabalho e às altas expectativas de performance e criatividade. Ele associou esse esgotamento ao conceito de “infoxicação” – o excesso de informação que gera uma sobrecarga cognitiva e limita o pensamento criativo.
De acordo com o palestrante, a chave para a verdadeira inovação está na criatividade, que definiu como “o mecanismo que coloca a mente em movimento”. Para ele, a criatividade é como um processo biológico e psicológico essencial, que depende mais de estímulos sensoriais e emocionais do que de pressão. Por isso, a inovação deve ser vista como uma consequência natural de um ambiente onde a criatividade é incentivada e cultivada de maneira saudável.
“A criatividade atinge seu auge quando há um equilíbrio entre habilidades e desafios”, afirma. Esse estado de “flow” não é alcançado sob pressão extrema, mas sim em um ambiente onde os colaboradores possuem as qualificações necessárias e são constantemente desafiados, porém com suporte adequado. Barros lembrou que a criatividade surge primeiramente do “sentir”, antes do “pensar”. Ao oferecer um ambiente de bem-estar emocional, as organizações possibilitam que seus colaboradores tenham ideias inovadoras. “As emoções e sentimentos são fundamentais para estimular a criatividade. O sentir é o principal gatilho da inovação”, destaca.
Inspirado pelo modelo das “três caixas” de Vijay Govindarajan, o palestrante propôs que as organizações identifiquem o que devem parar de fazer, o que devem manter e o que devem criar de novo. Essa estratégia, segundo ele, abre espaço para o novo e ajuda as empresas a deixarem de lado práticas que já não se adequam ao mundo em constante mudança. “Ao redirecionar o foco das “folhas” para as “raízes”, as organizações podem construir uma base sólida para inovação autêntica e sustentável”, conclui.
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