*Edição n° 455 (novembro e dezembro de 2024) da Revista da Previdência Complementar – publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp e UniAbrapp.
Por Martha Elizabeth Corazza
Empresas vão bem e há oportunidades ímpares para investir apesar da baixa no volume de capital disponível no mercado privado frente à concorrência com o juro elevado – Em plena vigência do novo ciclo de aperto monetário e dúvidas sobre o cenário fiscal, os investidores institucionais brasileiros mantêm suas reservas alocadas na renda fixa – 85% dos ativos totais dos fundos de pensão, segundo as mais recentes estatísticas, dos quais 80% estão aplicados em títulos públicos federais e o restante em crédito privado. Ao mesmo tempo em que reduzem a renda variável e os fundos multimercados, esses investidores procuram manter alguma diversificação no radar e começam a olhar com mais atenção para oportunidades em ativos alternativos, em especial fundos de crédito com estratégias mais sofisticadas, FIPs (Fundos de Investimento em Participações) e ativos de infraestrutura.
“Vivemos um momento de baixa no volume de capital disponível para o mercado privado, em parte devido à concorrência do juro elevado, mas as empresas vão muito bem e há oportunidades ímpares para investir”, avalia Renato Abissamra, sócio da Spectra Investimentos, casa especializada em alternativos que tem R$ 6,5 bilhões sob gestão.
Em 2025, ele não enxerga motivos para esperar muitas mudanças no rumo da taxa de juros brasileira ou melhora na liquidez desse mercado. “As questões fiscais preocupam e a dificuldade para sair do mercado secundário de ativos privados deve persistir. Tais ativos tiveram pequena captação este ano e não vejo apetite pela volta dos IPOs”, acredita o gestor. Apesar disso, Abissamra vê um próximo ano promissor para que investidores com horizonte de mais longo prazo explorem preços e oportunidades. “Porém, o período não será muito melhor em liquidez”, reitera.
Em 2024, entre os fundos que mais cresceram em captação, ele cita os de crédito special situations, que investem em ativos em disputa judicial ou distressed, ou sob a forma de FIPs (Fundos de Investimento em Participações) que investem em empresas distressed. Em seguida vieram os fundos de infraestrutura e só depois os FIPs de private equity e os fundos de venture capital.
À espera dos maiores – “Se os grandes fundos de pensão voltarem a investir no mercado privado, como estão ensaiando fazer, o ambiente poderá melhorar”, diz Abissamra. Ele lembra que a Funcef já anunciou a intenção de voltar a investir em FIPs de infraestrutura e a Petros aprovou esse tipo de alocação em sua política de investimentos, enquanto a Previ deve demorar um pouco mais a voltar.
“O ambiente de juro alto é positivo para investir em infraestrutura porque a base do custo de capital é elevada e os projetos precisam entregar retornos acima disso”, afirma Abissamra. “Isso porque, quando os juros começarem a recuar, o resultado atribuído a essas estratégias irá gerar uma valorização elevada, ou seja, para as EFPCs, faz todo sentido aplicar agora”, opina o gestor.
Em 2024, as principais teses investidas pelas fundações que mantém uma parcela de seus recursos em ativos privados foram os FIPs, assim como os fundos de infraestrutura e os fundos de investimentos florestais. “As fundações que mantiveram vivos os seus programas de investimento privado seguem com essa alocação viva da mesma maneira, sem retirar recursos da classe”, conta Abissamra. Há algumas EFPCs com excelentes programas de private equity, com boa disciplina e diversificação de safras e teses de investimento. Este ano, afirma o gestor, elas mantiveram a disciplina.
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