*Edição n. 440 da Revista de Previdência Complementar – uma publicação da Abrapp, ICSS, Sindapp e UniAbrapp.
Por Flávia Silva
Nos EUA, o mercado aquecido não deve elevar níveis de “desaposentação”, mas nem tudo se resume a questões financeiras. No Brasil, a situação é bem diferente – Uma pesquisa do Centro de Pesquisa de Aposentadoria (Center for Retirement Research – CRR) do Boston College indica que a alta demanda por mão-de-obra observada atualmente nos Estados Unidos deverá ter pouco impacto sobre um eventual retorno de aposentados ao mercado de trabalho, fenômeno conhecido como “unretirement” ou “desaposentação”. Levantamento distinto indica, também, que os estadunidenses são levados a reduzir ou encerrar sua atividade laboral por uma série de motivos, como o desejo de se aposentar junto com o(a) parceiro(a). Naquele país, a decisão costuma envolver um planejamento robusto de longo prazo que dificilmente é abalado por fatores conjunturais; no Brasil, em contrapartida, a maioria dos idosos que permanece no mercado assim o faz por necessidade, já que muitos são arrimo de família.
Publicado em março deste ano, o estudo “Will unretirement help solve the labor shortage?”, de autoria de Geoffrey T. Sanzenbacher e Matthew S. Rutledge, assinala que, em média, 15 milhões de americanos com 55 a 70 anos se declaram aposentados. Ressalta, também, que em meio à maior abertura de postos de trabalho observada no país desde a virada do século, a possibilidade de retorno dessas pessoas ao mercado torna-se objeto de estudo relevante.
Os professores de Economia do Boston College utilizaram os dados populacionais do Birô de Estatísticas Trabalhistas dos EUA (U.S. Bureau of Labor Statistics), que permitem acompanhar a eventual volta dos trabalhadores ao mercado no ano seguinte à data de aposentadoria, bem como a variação das taxas de aposentadoria ao longo das últimas quatro décadas, em particular, durante períodos econômicos mais difíceis. (Continua…)
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