Perfil de investimento com educação previdenciária engaja participantes de EFPC

A implantação do perfil de investimento aliado à educação previdenciária tem se tornado um fator cada vez mais relevante para os participantes de EFPC, principalmente após a pandemia. O evento trouxe forte volatilidade aos preços dos ativos, diante da obrigatoriedade de as entidades adotarem a marcação a mercado, em setembro de 2020.

Nesse cenário, a vontade do participante de migrar de perfil foi acompanhada por uma comparação inequívoca com o plano PGBL de Entidades Abertas. Essa foi a experiência observada pelo Sicoob Previ, que atualmente tem um total de 203,1 mil participantes. A EFPC oferece o plano Multi-Instituído, voltado para cooperados, colaboradores, dirigentes de cooperativas e seus dependentes; e um plano Multipatrocinado, este exclusivo aos empregados das empresas patrocinadoras.

Desde a pandemia, a entidade promoveu alterações nos prazos permitidos para a migração entre os perfis de investimentos Conservador, Moderado e Arrojado. O participante passou a ter a possibilidade de solicitar a migração de perfil a cada 30 dias, pelo aplicativo, e não mais anualmente. O processo inclui questionário de suitability e assinatura de termo de consentimento, caso a escolha tenha sido por um perfil mais arriscado do que o recomendado. É um trabalho realizado em conjunto com educação previdenciária, para evitar que o participante tenha perdas permanentes de capital em trocas frequentes e decididas com base na rentabilidade passada.

Daniel Duarte Cardoso, Analista de Investimento da Fundação Sicoob Previ e membro da Comissão Técnica de Investimento da Região Centro-Norte da Abrapp, conta que a implantação do perfil de investimento aumentou o volume trabalho na entidade, e um risco de movimentação negativa pelo participante, mas foi uma adequação importante ao sistema, em linha com o que a Previdência Aberta já oferece. Em pesquisas internas para entender o volume de resgates, a rentabilidade era apontada como um motivo relevante.

Por outro lado, desde a implantação do perfil de investimento pela EFPC, em 2018, o número de participantes aumentou em 62%. O patrimônio administrado teve um incremento de 130% e hoje é de mais de R$ 2 bilhões. Segundo Cardoso, mais de 6,4 mil migrações de perfil foram realizadas desde então. Outro fator positivo foi atrair recursos de outros planos, com um volume médio anual de portabilidades externas recebidas de R$ 45,6 milhões.

Metodologia e perfis

A implantação do perfil de investimento na entidade foi um processo que envolveu várias áreas de forma integrada: Cadastro, Investimentos, Tesouraria, Previdencial, Contabilidade, Relacionamento e Comunicação. “Hoje trabalhamos com a metodologia de cotas diárias, o que requer eficiência operacional muito grande. Havia um anseio da diretoria e dos participantes por isso, pois no mundo da previdência aberta os perfis de investimento existem há mais tempo. Há uma Instrução Normativa da Previc que recomenda a aplicação do perfil de investimento, cuja atualização não deve ultrapassar os 36 meses. Em pesquisas, verificamos que muitas entidades que implantaram perfil de investimento permitem que as migrações ocorram uma vez por ano”, conta.

Cardoso diz que há uma estrutura na qual o participante em fase de contribuição pode escolher o perfil que deseja. Os que estão na fase de recebimento de benefícios devem estar obrigatoriamente no perfil Conservador. Atualmente, 98% do patrimônio do fundo Multi-Instituído do Sicoob Previ estão no perfil Conservador.

Como 2022 foi um ano bastante desafiador para a gestão de investimentos, há um estudo na entidade para criar um perfil SuperConservador, que deverá ter uma carteira com concentração em ativos pós-fixados. Hoje, no perfil Conservador, 40% estão alocados em títulos indexados ao IPCA, públicos e privados, que foram responsáveis pelos resultados negativos no ano passado, devido à maior volatilidade. “Para esse novo perfil, a meta atuarial estaria vinculada ao CDI. Para os demais planos, adotamos a meta de IPCA + 4,57% (Conservador), IPCA + 5% (Moderado) e IPCA + 5,4% (Arrojado)”, explica.

Migração e operação

O analista diz que a troca de perfil é parecida com um processo de portabilidade interna, com a migração de cotas realizada por gestão terceirizada, mensalmente. No operacional, no entanto, os pedidos de migração são enviados semanalmente para que a DTVM tenha o valor aproximado do que que será alterado no mês e programe as movimentações entre as carteiras.

Para evitar o risco de vender ativos em um mau momento de mercado, a entidade adota em sua política de investimentos percentuais máximos a cada classe de ativos, sendo de 30% e de 60% em Renda Variável para os perfis Moderado e Arrojado, respectivamente. “O limite máximo é superior, e assim evitamos o desenquadramento e necessidade de venda de ativos para ajustes da carteira, caso ocorram muitos resgates e migrações. Nesse caso, o gestor tem flexibilidade de fazer alocações e pode estar com uma proporção maior em Renda Variável sem ter comprado bolsa. Em janeiro, por exemplo, o perfil Arrojado tinha 20% em Renda Variável”, conta.

Quando o participante opta pela mudança, todo o saldo vai para o novo perfil. “Há uma discussão interna para criar multiperfis, pois o participante quer ser mais arrojado, mas não quer migrar tudo o que acumulou neste perfil. Às vezes quer apenas sentir como é”, comenta o analista. Segundo ele, como os participantes são muito sensíveis às reações de mercado, a educação financeira e previdenciária é um fator fundamental para evitar mudanças ao sabor dos movimentos atrasados de mercado e voltar o foco deles para o longo prazo.

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