Previc apresentou resultado de pesquisa sobre utilização dos critérios ASG pelas EFPC

A Previc promoveu webinar para apresentação do relatório completo da pesquisa sobre os critérios Ambientais, Sociais e de Governança (ASG) nas decisões de investimentos das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (EFPC) nesta quinta-feira, 1 de julho. No evento foram apresentados os resultados da pesquisa realizada pela autarquia em janeiro de 2021, cujos resultados preliminares foram divulgados recentemente no Relatório Resumo Utilização dos Fatores ASG (clique aqui para acessar o relatório).

Na abertura do webinar, Lúcio Capelletto, Diretor Superintendente da Previc, destacou que a pesquisa foi realizada em um cenário que os critérios de sustentabilidade ganham maior relevância em escala mundial e também no Brasil. É cada vez mais frequente a inclusão dos riscos ASG nos processos de governança e nos processos decisórios de investimentos. “Os fundos de pensão como investidores institucionais também ampliam a preocupação e utilização dos critérios ASG”, disse Capelletto.

Ele introduziu a pesquisa, falando de sua abrangência e participação. Com participação opcional, o levantamento contou com as respostas de 93 EFPC respondentes, das quais 13 Entidades Sistemicamente Importantes. Os respondentes representam 32% do total de EFPC, mas em termos de patrimônio, somam R$ 700 bilhões – que representa cerca de 70% do volume de ativos do sistema. Foram 36 entidades com patrocínio público; 50 com patrocinador privado e sete instituidores.

José Carlos Chedeak, Diretor de Orientação Técnica e Normas da Previc, disse que a pesquisa teve o objetivo de subsidiar a autarquia na análise da situação atual para traçar as ações futuras neste campo. “A ideia foi coletar informações para verificar como podemos caminhar nesse processo. É um assunto que está ganhando força dentro de outros órgãos reguladores como por exemplo o Banco Central”, comentou. Por isso, a Previc também está se movimentando nessa direção. Outro objetivo da pesquisa foi verificar se o arcabouço regulatório atual é suficiente ou se exige aperfeiçoamento.

Ele disse ver com com bons olhos os resultados da pesquisa que mostram que as EFPC estão se adaptando de forma gradativa para introduzir conceitos ASG em seus processos de decisões e monitoramento de investimentos.

Resultados – O Coordenador Geral de Orientação de Investimentos das Previc, Fernando Folle, foi o responsável pela apresentação dos principais resultados da pesquisa durante o webinar. Primeiramente, o técnico apresentou o histórico e a evolução da regulação ASG do sistema, desde a Resolução 3792/2009 até a atual 4.661/2018, passando pelas instruções da Previc.

O levantamento foi realizado através de questionário com 20 questões, direcionada para as EFPC, e 15 frases afirmativas, voltadas para avaliação pessoal dos gestores. O questionário tomou como base uma pesquisa similar de 2017 realizada pelo CFA Institute, voltada para os gestores de recursos das assets. No caso da pesquisa da Previc, foi direcionada para os AETQs ou algum membro do time de investimentos das EFPC.

Os resultados mostraram que 85% das ESI (Entidades Sistemicamente Importantes) respondentes e 56% das não ESI utilizam ASG em suas análises de risco. Considerando o conjunto total de respondentes, 52 EFPC disseram utilizar os critérios socioambientais e de governança em seus processos de análise.

Daquelas que utilizam o ASG, a governança teve destaque com 98% de utilização, seguido pelos critérios ambientais e sociais, com 85% cada. A pesquisa traz informações também sobre a frequência de utilização, a estratégia e a motivação para a utilização dos critérios.

Daquelas que utilizam os critérios ASG na análise de risco, 59% utilizam ocasionalmente. O restante de 41% utiliza sistematicamente. Esse percentual sobe para 46% nas ESIs que utilizam os critérios sistematicamente em todas as análises.

Quanto às estratégias para o uso dos critérios ASG, a opção mais acessada foi a de “Integration”, com 565. Essa opção se refere à utilização dos critérios ASG integrados com as análises tradicionais. Outros 44% disseram utilizar a filtragem negativa; e 27%, responderam que recorrem à filtragem positiva. Cerca de 13% das EFPC que utilizam os critérios, assinalaram a estratégia “best in class” que aponta para a seleção de ativos com melhor desempenho socioambiental. Apenas 10% mencionaram o engajamento direto nas empresas investidas.

Para o grupo que apontou que não utiliza os critérios ASG, os principais motivos expostos foram a dificuldade de disponibilização informações pelas empresas (49%), dificuldade de comparação de dados (49%), baixa qualidade das informações (34%) e o alto custo de integrar as análises (29%).

Afirmativas – Além do questionário, a pesquisa também trabalhou com 15 frases afirmativas que foram direcionadas para a percepção individual dos gestores (AETQ ou membro da equipe). Alguns dos resultados apontaram que os 50% gestores concordaram total ou parcialmente que a regulação atual do setor na questão ASG é suficiente. Em relação à frase que indicava que a regulação deveria ser obrigatória, 72% discordaram total ou parcialmente.

A afirmação que as opções de produtos ASG no mercado são suficientes, teve 71% de respondentes que discordaram total ou parcialmente. E quanto à falta de padronização de informações prestadas pelas empresas, contou com 89% que concordaram total ou parcialmente.

Os resultados da pesquisa apontaram para algumas conclusões prévias. Uma delas é que o arcabouço legal atual é suficiente para a indução para a maior utilização de critérios ASG. Outra conclusão é que a escassez de informações e a falta de padronização dos dados publicados pelas empresas é um dos principais entraves para o avanço da maior utilização de critérios ASG pelos investidores. Em síntese, os resultados da pesquisa apontam que o arcabouço legal é suficiente e possíveis aperfeiçoamentos devem aguardar a evolução do restante da indústria e do mercado.

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