“Vocês estão prontos a investir em FIPs – Fundos de Investimentos em Participação outra vez ?” perguntou no fim da tarde de sexta-feira (3/5) aos debatedores o Presidente da Abipem, João Carlos Figueiredo, moderador no último painel do PrevInfra – Encontro Abrapp Abipem, voltado para o tema “Rumo ao Futuro: Estratégias Inovadoras das EFPCs em Investimentos de Infraestrutura”.
Henrique Jäger, Presidente da Petros, e Ricardo Pontes, Presidente da Funcef, responderam até com certo entusiasmo que sim, mas colocaram condições.
Jäger começou respondendo afirmativamente porque investimentos em infraestrutura podem oferecer rentabilidade acima dos títulos públicos, além de cumprir um papel anticíclico, mas alertou que “a insegurança jurídica não permite que se faça isso na velocidade que gostaríamos”. O próprio Jäger explicou que estava se referindo “ao perigo de se tomar decisões sob o risco do próprio CPF”.
Para que as entidades fechadas não percam o ciclo que se abre na infraestrutura, continuou Jäger, a seu ver é preciso antes de mais nada rever o arcabouço que rege a tomada de decisões e coloca sob risco os dirigentes e gestores das carteiras. Ele definiu como “arcabouço punitivista” e explicou a razão: no passado, foram punidos aqueles que estavam apenas fazendo a diversificação nos investimentos, algo que se esperava deles.
“Temos que construir um arcabouço jurídico que dê segurança à tomada de decisão”, resumiu Jäger.
Mas “as instituições evoluem” e algo já acontece na Petros. Já foram aprovados para 2024 investimentos em 4 FIPs, ao mesmo tempo em que a área de risco da Fundação vem sendo continuamente fortalecida. E “todos os ativos passam por processo de due diligence”, adiciona.
Jäger resume: “Criamos uma estrutura compatível com a responsabilidade do patrimônio que administramos, junto com uma governança robusta”.
E como é difícil pensar no futuro sem voltar-se para os investimentos que sejam social e ambientalmente responsáveis, além de contar com boa governança, Jäger encerrou informando que a Petros atualmente tem em curso um Plano Estratégico ESG com 75 ações em andamento.
Pontes foi outro que se mostrou animado em fazer novos investimentos em infraestrutura, usando os FIPs para isso. Aliás, adiantou que a Funcef já se movimenta nessa direção, com os cuidados que recomendam algumas das experiências nem sempre bem-sucedidas do passado.
Nesse sentido, explicou Pontes, as conversas estão acontecendo, tanto internamente quanto com o órgão supervisor e até mesmo com o mercado. “Conversamos com muita transparência com a área de risco de todos os comitês”, esclareceu ele, apontando uma especial atenção pelo arcabouço jurídico.
“A equipe toda já está reaprendendo e estamos olhando os resultados obtidos pelos gestores externos”, comentou.
Atualmente a Funcef conta com 24 FIPs em carteira, alguns deles ainda enfrentando problemas trazidos do passado. Há ainda debêntures. E se a Funcef pensa em mais, explica seu Presidente, é porque “precisa se preparar para o que se seguirá à queda dos juros. Sabemos que o cenário irá mudar um dia”.
E a Funcef preparar-se para esse futuro é algo, além de tudo, natural, considerando que “a Entidade está mais madura” e se mostra capaz de corrigir erros cometidos no passado. A Previc (Superintendência Nacional de Previdência Complementar) está melhor preparada e o Ministério da Previdência Social acompanha de perto.
Além disso, lembra Pontes, “está passando da hora de não ficarmos tão concentrados na renda fixa e particularmente nos títulos públicos”. Mas a Funcef sabe, notou Pontes, ser essencial diferenciar entre as necessidades dos vários planos que administra, sejam mais novos ou maduros.
Fernando Melgarejo, Diretor de Participações da Previ, reforçou, porém, a necessidade de tomar cuidados especiais com a análise das opções de investimentos nessa área. Melgarejo afirmou que a Previ não pretende retornar a investir em FIPs, porque o ativo precisa de mais segurança jurídica. No caso das recém-chegadas debêntures de infraestrutura, um cuidado básico será averiguar, além do retorno oferecido, também o rating.
Melgarejo volta a atenção para outros pontos, como a rentabilidade adequada ao perfil de cada plano, a liquidez casada com um caixa consistente e aderente às obrigações, empresas investidas que contem com quadros diversos, governança que traga segurança nas decisões e integridade dos gestores.
O PrevInfra contou com patrocínio ouro da Bocaina Capital; Pátria Investimentos; Perfin Infra; Vinci Partners; e XP Investimentos. Apoio: Fator e RJI Investimentos. O evento é organizado e realizado pela Abrapp e Abipem com o apoio institucional da UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta.
(A matéria foi modificada no dia 13/05/24 com informações corretas sobre a política de investimentos da Previ)