Estratégias de alocação com gestão ativa e passiva no exterior e o mercado secundário de private equity foram assuntos do sexto e sétimo painéis do 11º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC. Com mais de 500 participantes, o evento presencial continua nesta quinta-feira (09), em São Paulo.
O painel ¨Estratégias de alocação: Transição de carteiras e gestão passiva¨ foi moderado por Édner Bitencourt Castilho, Coordenador da Comissão Técnica Sudoeste de Investimentos e Gerente Executivo da Vivest. Édner observou que a soma total dos investimentos dos fundos de pensão no exterior não chega a 2% das carteiras, ainda que o percentual dessa alocação varie conforme os tipos de planos.
Já é consenso que os investimentos globais precisam estar no radar dos gestores, em razão de motivos como diversificação, fronteiras eficientes e melhora da relação risco e retorno. ¨Agora precisamos trabalhar a estratégia e entender como as gestões ativas e passivas podem ser complementares nessa tomada de decisão¨.
Gestão ativa em ações globais – A visão de que existe sim espaço para as duas estratégias nas carteiras das entidades fechadas de previdência complementar foi reforçada por Tim Leask, Investment Specialist da J.P. Morgan Asset Management. Ele trouxe o histórico do índice global MSCI World, que gerou retorno médio de 10% ao ano na última década, e a perspectiva dos estrategistas globais de que esse retorno tende a ser menor nos próximos anos. ¨Qualquer valor adicional de alfa gerado acima do índice será um componente importante para os clientes¨.
Tim ressaltou que os gestores ativos globais têm, em teoria, mais chances de gerar alfa do que gestores regionais, em razão da quantidade de papéis disponíveis ao redor do mundo com diversificação em pelo menos 23 países. Com tantas opções disponíveis, a seleção dos gestores torna-se fundamental. O executivo da J.P. Morgan Asset recomendou, entre outras dicas, que os dirigentes das EFPCs atentem ao histórico de performance das gestoras e se possuem estrutura adequada para entregar esses retornos de forma sustentável. ¨O mundo é muito abrangente, complexo, e requer alto nível de pesquisa de longo prazo e gestores experimentados para gerar alfa¨.
Gestão passiva – A mudança estrutural mais importante no cenário de investimentos dos últimos anos foi o crescimento dos fundos de índices, destacou Timothy Edwards, Global Head of Index Investment Strategy da Dow Jones. Para se ter uma ideia, há 5 trilhões de dólares em ativos que seguem o S&P 500, e os fundos de índices reúnem 25% do total de recursos globais investidos. Segundo Timothy, o principal driver para isso têm sido a performance abaixo do índice por muitos fundos de gestão ativa.
Por meio de uma estratégia de gestão passiva, as EFPCs podem investir no exterior com custo menor e potencial de obter melhor retorno ajustado ao risco de suas carteiras. Além disso, observou o executivo, os fundos de índices têm a vantagem de maior transparência e liquidez para os investidores. ¨O ecossistema formado por diversos agentes, fundos de pensão, day traders, bancos de investimentos, todos negociando os índices, 24 horas por dia, ajuda a proporcionar essa liquidez e a transparência dos preços, com a confiança de que milhares de traders estão atentos ao valor desses ativos¨.
Mercado secundário de private equity
O sétimo painel do Seminário destrinchou as oportunidades para as EFPCs no mercado de secundário de private equity no Brasil e no exterior. Responsável por moderar o painel, Paulo Cesar Candido Werneck, Diretor de Investimentos da Petros, ressaltou a importância desses ativos, que possuem histórico de resultados positivos em fundos de pensão mundiais, com a alocação adequada. ¨No Brasil, o mercado secundário passa por um processo de aprendizados para todos. Tivemos um início conturbado, por isso a importância de estarmos juntos com o regulador, o que nos ajuda bastante a conduzir esse processo¨.
Mercado mundial em crescimento – Carlos Garcia, Cofundador da Itajubá Investimentos, que possui atuação internacional por meio da HCM Itajubá Capital, destacou que o mercado secundário de private equity possui uma grande correlação com o que acontece no mercado primário, acompanhando seu crescimento. No ano de 2021, o mercado secundário registrou recorde de transações, com 130 bilhões de dólares em negociação e a expectativa é que chegue a 500 bilhões até 2030. ¨Vemos vasto crescimento nessa indústria¨, notou Garcia, acrescentando que no ano passado mais de 40% das transações foram iniciadas por vendedores.
Entraves para desenvolvimento local – Renato Abissamra, Sócio da Spectra Investimentos, observou que o grande entrave para o mercado secundário se desenvolver no Brasil é, na prática, o desenvolvimento do mercado primário de private equity. ¨É preciso dar tempo ao tempo, ter estabilidade econômica no país, pois temos janelas de liquidez muito curtas¨, destacou. À medida que os investimento em private equity estacionarem na carteira de investidores institucionais, notou Renato, começa a se ter mais espaço para alternativas de liquidez no mercado secundário e o surgimento de players dedicados a essas transações, como ocorre internacionalmente.
Experiência das EFPCs – Carol Guarnieri, Gerente de Núcleo da Previ, trouxe a experiência da maior EFPC do Brasil com os investimentos em Fundos de Investimentos em Participações – FIPs. Carol destacou que a Previ começou a olhar para essa possibilidade como uma alternativa de liquidez para os FIPs que não estavam cumprindo seu papel no portfólio, com sucessivas prorrogações, o que gerava questionamentos do órgão fiscalização, aumento do risco para o cotista e o convívio com exigências e custos além do previsto. ¨O mercado secundário foi a alternativa de saída antecipada para liquidação de posições que passaram a ser indesejadas e podermos alocar o capital para outras estratégias que faziam mais sentido¨.
Raphael Alves, Gerente de Ativos ilíquidos da Petros, aprofundou as estratégias desenvolvidas pelas entidades para obter sucesso com a venda de FIPs no mercado secundário, como a venda em bloco e a formatação do processo de busca por compradores no exterior e tomada de preço com o acompanhamento de cada etapa pelos comitês, de forma transparente, antes da efetiva deliberação – o que deu conforto às duas partes, vendedor e comprador. Ele também destacou que a Petros adota o conceito de reciclagem de ativos e não de desinvestimento, uma vez que é natural que a entidade entrará e sairá de posições.
Com o olhar para o futuro desse mercado, Carol observou que no médio e longo prazo não haverá como as EFPCs ficarem de fora, dada a necessidade de diversificação do portfólio. Raphael complementou a necessidade de maior homogeneização das estruturas para os novos produtos de FIPs. Ele sublinhou ainda a importância da segurança jurídica, incluindo o conceito de responsabilidade limitada do investidor, já autorizado pela Lei de Liberdade Econômica, mas que ainda aguarda regulação em instrução a ser editada pela CVM.
Ao citar o potencial dessa vertente de investimento, Carlos Garcia lembrou que no mercado estadunidense, há 20 anos, havia 2.600 empresas listadas e 800 empresas de private equity. Hoje o número de listadas caiu pela metade e o de PE multiplicou por cinco. ¨Ou seja, para um fundo de pensão americano tornou-se quase impossível não investir nessa classe¨.
Acesse aqui o Guia de Boas Práticas para Investimentos em FIP pelas EFPC, lançado pela Abrapp.
Patrocínio – 11º Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC continua nesta quinta-feira, 9 de junho – confira a programação completa. Essa iniciativa conta com o apoio de grandes parceiros, cujas soluções e principais canais de contato podem ser conferidos nesta página especial. O evento tem o Patrocínio Black da XP Investimentos. Patrocínio Ouro: Aditus, AZ Quest, BBDTVM, Black Rock, BNP Paribas, Bradesco Asset Management, BTG Asset, BTG Pactual, Captalys, Claritas, DWS, Itajubá, JP Morgan, Kadima, MAG, Perfin, S&P Dow Jones, Schroders, Sparta, Spectra, Tag Investimentos e Vinci Partners. Patrocínio Prata: Aviva Investors e Trígono Capital. Patrocínio Bronze: ARX Investimentos, Carbyne Investimentos, Franklin Templeton, Mapfre Investimentos, Stepstone e Sul América Investimentos. Apoio: Fram Capital, Lis Capital, Pátria, RBR, SPX Capital e Trigger.
O Seminário Gestão de Investimentos nas EFPC é uma realização da Abrapp, com o apoio institucional de UniAbrapp, Sindapp, ICSS e Conecta.