UniAbrapp: Aula magna dá início à 8ª turma do MBA em Gestão de Previdência Complementar

Devanir Silva

A aula magna com Devanir Silva, Superintendente-Geral da Abrapp, realizada nesta terça-feira (29), marcou o início da oitava turma do MBA Gestão de Previdência Complementar da UniAbrapp. Esta edição de 2022 é realizada em parceria com o Ibmec e segue em formato 100% online e ao vivo.

Milhares de vidas impactadas – Ao realizar a abertura da aula, o Diretor-Presidente da UniAbrapp, Luiz Paulo Brasizza, destacou que o MBA é a realização de um sonho da Universidade: oferecer aos profissionais do sistema o estado da arte no conhecimento sobre Previdência Complementar Fechada.

Brasizza citou alguns números que refletem a abrangência do trabalho feito pela Universidade Corporativa da Previdência Complementar desde 2015, quando foi criada: mais de 670 cursos realizados, com 20 mil participantes, 8 mil inscrições nos cursos EAD, e 600 profissionais habilitados por meio da certificação por capacitação realizada pelo ICSS, em parceria com a instituição de ensino. O “Projeto Previdência é Coisa de Jovem” que visa levar a cultura previdenciária às novas gerações, já teve mais de 19 mil visualizações de sua última live no Youtube.

Somente pelo MBA, mais de 200 pessoas já se formaram. Muitas das quais já ocupam posições estratégicas na alta gestão das entidades fechadas em que atuam, ressaltou Brasizza. E a UniAbrapp sonha ainda mais alto: iniciou os estudos para a criação de um mestrado e, mais adiante, poderá desenvolver um doutorado para o setor.

Cabeças pensantes do setor – “Vocês darão continuidade às EFPCs no Brasil”, ressaltou Brasizza, ao notar que a idade média dos atuais conselheiros das entidades é elevada e que a renovação será necessária. “Precisaremos ter pessoal novo, que venha com capacidade diferenciada. E vocês já deram um grande passo, ao abraçarem todas as nossas trilhas do conhecimento nesse MBA. Vocês serão as cabeças pensantes do setor no Brasil, no futuro”, afirmou o Diretor-Presidente da UniAbrapp.

Brasizza adicionou em sua fala a importância dos futuros gestores prepararem as entidades para um contexto de rápidas mudanças e avanços tecnológicos que transformarão profundamente os mercados, como inteligência artificial, criptomoedas e metaverso. Ele fez ainda um agradecimento especial ao Ibmec, grande parceiro da Universidade para a realização do curso, e o empenho de todo o time da UniAbrapp, representado por Roberta Natale.

O Professor Cristiano Corrêa, Coordenador do MBA, ressaltou que o Ibmec está há mais de 50 anos no mercado e tem um carinho especial pelo curso realizado com a UniAbrapp, tendo em vista a importância desse projeto para a sociedade e para a formação dos profissionais. “Temos um projeto 100% consolidado. Aproveitem bastante, pois o MBA irá transformá-los em gestores. Vocês serão as pessoas que estarão no futuro das entidades e provocarão os assuntos que hoje discutimos. Com muita felicidade, vimos isso acontecer com os alunos das turmas passadas e temos certeza de que assim continuará”.

Aula magna – O Superintendente Geral da Abrapp, Devanir Silva, ressaltou que esta turma do MBA é mais um exemplo da parceria vitoriosa entre UniAbrapp e Ibmec. Em sua fala inicial, ele lembrou que iniciou como participante do sistema em 1975, tendo sua adesão a um plano de previdência sido incentivada por Terezinha Rafael, então funcionária da Promon. “Eu era muito jovem quando me falaram sobre previdência privada. Agradeço à Terezinha até hoje, na época, a decisão não foi tomada por minha iniciativa, mas sou muito grato por isso”, contou.

Devanir observou que morou por um período no Chile, onde testemunhou as mudanças realizadas no sistema previdenciário local, resultando na delegação ao pilar de capitalização da iniciativa privada, sem a participação do Estado de bem-estar social, o que provocou graves desequilíbrios no modelo. Ao retornar ao Brasil, em 1983, foi convidado por Oswaldo Herbster de Gusmão, para se tornar Superintendente da Abrapp, que nasceu em um escritório da Promon. “Desde então, tive o privilégio de acompanhar muitas das mudanças da Previdência Complementar no Brasil”.

Ao comentar a última Reforma da Previdência, realizada em 2019, Devanir observou que esta trouxe mudanças paramétricas importantes, mas tem prazo de validade. Ele apresentou aos alunos a proposta de uma Reforma mais profunda, defendida pela Abrapp e elaborada pelo professor Helio Zylberstajn, da FIPE/USP, que é baseada em quatro pilares:  1) Renda básica do Idoso (Estado); 2) Repartição – com contribuição de um percentual de empregados e empresas, e contribuições equalizadoras para o estoque; 3) Compulsório de capitalização individual; e 4) Voluntário de capitalização.

“Vemos que nos países onde há equilíbrio do modelo, a estrutura é do tripé previdenciário. Aqui também devemos manter a primeira perna desse tripé, mas a dosimetria precisa ser revista”, complementou Devanir. Ele observou que o problema do atual modelo brasileiro não está em um déficit propriamente, mas nos gastos que hoje consomem 13% do PIB nacional, e que trarão desafios ainda maiores para as próximas décadas, considerando o rápido envelhecimento da população e a capacidade limitada do Estado para oferecer um benefício que assegure qualidade de vida para essas pessoas no futuro.

Conceitos básicos – Devanir deu continuidade à aula com a abordagem de uma visão geral e os regimes de previdência; a evolução histórica das EFPC no Brasil; os principais normativos; a estrutura do sistema de previdência complementar fechada; o funcionamento das EFPC; os tipos de planos; a gestão de investimentos; um panorama internacional; e trouxe um diagnóstico e desafios do sistema.

O Superintendente-Geral destacou o atual contexto de mudanças: novo modelo de trabalho, envelhecimento da população, organizações exponenciais, tecnologia, tendência de maior individualismo e mais espaço para serviços compartilhados. Ele apresentou então um modelo canvas fazendo um contraponto entre o modelo tradicional de Previdência Complementar.

Em seguida, o Superintendente-Geral destacou algumas tendências para o modelo que está por vir. Ele reforçou ainda a necessidade das entidades assumirem um novo papel, de aconselhadores financeiros com foco no ciclo de vida. Para isso, as lideranças de Diretores e Conselheiros devem ter atitude empreendedora e visão estratégica. As entidades teriam a função, então, de operadoras de planos para construção de patrimônio.

Ele abordou como exemplo de mudança, a instituição de planos voltados para os familiares de participantes. A própria Abrapp desenhou e lançou um fundo setorial com o objetivo de facilitar o fomento de novos planos família.

O contexto de fomento e retomada de crescimento do sistema de EFPC exige uma mudança no mindset dos dirigentes e profissionais, é necessário buscar um uso mais intensivo de tecnologia, ao mesmo tempo que se implanta um novo modelo de negócios mais voltado para as vendas e para o marketing digital. Ele ressaltou a importância de aproximar o uso da inteligência artificial para dinamizar o relacionamento com os participantes e novos públicos.

Devanir apresentou a agenda estratégica da Abrapp, que foi traçada com base em seis eixos: visão de negócio; sustentabilidade do legado; expansão e competitividade do sistema; cultura e construção de patrimônio futuro; fortalecimento da governança e qualificação profissional; e valorização do ambiente associativo.

(Débora Soares e Alexandre Sammogini)

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