UniAbrapp: Luiz Fernando Figueiredo ministra Aula Magna no Programa de Extensão sobre Gestão de Investimentos

Aula Magna com Luiz Fernando Figueiredo

A UniAbrapp iniciou a primeira turma do Programa de Extensão: Gestão de Investimentos na última terça-feira (26), com uma aula magna sobre ¨Cenários da Macroeconomia¨, conduzida por Luiz Fernando Figueiredo, Sócio-fundador e CEO da Mauá Capital e ex-Diretor do Banco Central do Brasil.

Programa pioneiro – Na abertura da aula, o Diretor-Presidente da UniAbrapp, Luiz Paulo Brasizza, destacou o pioneirismo e a completude do programa, que ao longo de seus três módulos cobrirá os principais conteúdos sobre investimentos, legislação e governança corporativa focados no ambiente das entidades fechadas de previdência complementar. ¨Os desafios que temos pela frente na área de investimentos são dantescos¨, notou.

Brasizza lembrou os diversos fatores que influenciarão o mercado neste ano, como um novo surto de covid-19 na China, o prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia, a inflação elevada no Brasil e no mundo, os juros em patamar de dois dígitos no país, a recuperação da Bolsa e as incertezas relacionadas ao cenário eleitoral. Ele adicionou que o curso também olhará para o futuro da área de investimentos, passando por temas como criptomoedas e o metaverso. ¨Este programa vem para abarcar todos esses pontos que citei e outros muito mais que serão levantados ao longo das discussões¨.

O Diretor-Presidente registrou agradecimentos especiais ao Coordenador do Programa, Silvio Rangel, a Diretora Acadêmica da UniAbrapp, Cláudia Trindade, a Gerente de Educação, Roberta Natale, e toda a equipe da Universidade pelo empenho e cuidado na montagem do programa.

Certificação em investimentos – Cláudia Trindade observou que a criação deste programa inédito estava há três anos no radar da UniAbrapp e é resultado de uma construção criteriosa e especializada no mundo de investimentos das EFPC, que passará, ainda, por todos os pontos da recém-lançada Resolução CMN 4994. Ela acrescentou que o curso, ainda que não seja especificamente um preparatório para a prova de certificação profissional em investimentos do ICSS, contemplará o conhecimento sobre os grandes assuntos abordados no exame.

A Diretora da UniAbrapp destacou que os atuais 58 participantes do curso abrangem desde conselheiros, diretores a gerentes, o que proporcionará uma rica troca de experiências em meio a uma crise tão resiliente e profunda. ¨Esperamos que essas 58 pessoas ajudem nossas entidades a superar esse momento de crise, com o retorno dos investimentos. Parabéns por estarem aqui, foi um primeiro grande passo dado¨.

Aula Magna – Luiz Fernando Figueiredo é Sócio-fundador e CEO da Mauá Capital, Diretor da Anbima, Presidente do Conselho do Instituto Fefig e Conselheiro da Associação Parceiros da Educação. Em sua aula magna, ele traçou o paralelo sobre como estava o cenário global antes da invasão militar da Rússia na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e as consequências deste evento para a atualidade.

¨Esse conflito acabou sendo um divisor de águas em relação ao que estava acontecendo no mundo¨, destacou Figueiredo. Ele contextualizou que, até então, as economias estavam em um processo de normalização, ainda sofrendo os resquícios dos impactos econômicos causados pela pandemia de covid-19. Esse cenário apontava para um crescimento global moderado, inflação em nível elevado em todo o mundo e o desafio dos Bancos Centrais de reduzir a inflação sem gerar recessão. ¨O mundo está vivendo um fenômeno de inflação que, diferente do Brasil, essa geração nunca viu¨, disse Figueiredo, ao citar o exemplo dos Estados Unidos, que registra inflação perto de 10% nos últimos 12 meses, patamar similar visto apenas em 1981.

Figueiredo avaliou que, após dois meses de conflito, a guerra entre Rússia e Ucrânia parece ainda estar longe do final. Esta teve como grande novidade, diferente de outros conflitos, uma forte resposta mundial de repúdio, em especial dos países do Ocidente, que se traduziu principalmente nas sanções econômicas impostas à Rússia. ¨O Ocidente congelou mais de US$ 1 trilhão de dólares em ativos russos fora da Rússia, entre reservas internacionais do governo e ativos de grandes oligarcas¨, disse o CEO da Mauá Capital. Ele acrescentou, ainda, a proibição feita ao Banco Central e à maioria dos bancos russos de participar do sistema internacional de liquidação, e a saída de grandes empresas do país.

Menor crescimento global – Quais os efeitos desse conflito para a economia global? Mais inflação e menos crescimento, resumiu Figueiredo. Ele observou que a guerra provocou a elevação dos preços das commodities (a Rússia é um dos maiores produtores mundiais de petróleo), aumento de custos nas cadeias globais, menor confiança para investimentos e redução do comércio internacional. As projeções de crescimento do PIB para os países da Europa e os Estados Unidos foram revisadas para baixo, enquanto as de inflação escalaram ainda mais.

¨Situações como essa, de menor confiança e maior inflação, tendem a gerar aperto das condições financeiras. É o empréstimo que fica mais caro para a empresa investir e o consumidor comprar a casa própria, por exemplo. E essas dificuldades para fazer as coisas geram menos crescimento¨, explicou Figueiredo. Esse cenário impacta mais países fragilizados, como os emergentes. ¨Quando o mundo desenvolvido pega uma gripe, pegamos uma pneumonia¨.

A menor confiança global não se limita ao que está acontecendo hoje, lembrou Figueiredo. Ele observou que a pandemia e a guerra acentuaram nos países o receio de depender de uma determinada nação para o fornecimento dos produtos que precisam, sendo que esta poderá ter potenciais problemas. Assim, a tendência é de um movimento no médio e longo prazo de ¨desglobalização¨ ou redução da globalização e de maior protecionismo, em que os países tenderão a depender menos de um único fornecedor, diversificarão suas opções, e se puderem farão a produção internamente.

Brasil é beneficiado – Com relação ao Brasil, Figueiredo destacou que ainda que o país tenha seus desafios de controle da inflação, este se beneficiará desse movimento global por ser um grande produtor de commodities. Só em petróleo, por exemplo, o país exporta US$ 10 bilhões por ano, por exemplo. Outro ponto positivo é a sua distância geográfica dos países em conflito. Esse cenário tem gerado revisões positivas para o crescimento do país neste ano, que saiu de 0% para em torno de 1%.

O aumento da inflação e o melhor desempenho das commodities também contribuirão para melhorar o resultado fiscal do país, que no ano passado foi o melhor desde 2013 e neste ano deve terminar superavitário. Adicionalmente, contratos já firmados na área de infraestrutura garantem investimentos de R$ 828 bilhões para os próximos 10 anos. ¨Eu trabalho no mercado há 40 anos e nunca vi um pipeline de investimentos desse tamanho¨, destacou Figueiredo, notando que cerca de 60 a 70% desse valor devem ser aplicados nos próximos dois a três anos, contribuindo para o crescimento do país.

Desafios para o próximo governo – Com relação ao cenário eleitoral para 2022, o CEO da Mauá Capital notou que a crescente polarização entre Lula e Bolsonaro nos resultados das pesquisas de intenção de voto para presidente diminuem a chances de uma terceira via, e geram incertezas sobre qual será o Brasil que virá após o pleito. ¨Apesar dos discursos dos candidatos, hoje existe a crença no mercado de que qualquer governo que vença a eleição terá que convergir para o centro. Porque temos um Congresso de maioria de centro-direita e que tem muita força. Para seguir com sua agenda, o novo governo terá que compor com o Congresso¨.

Outro desafio para o próximo governo será lidar com um país cuja economia há vários anos cresce muito pouco, possui uma imensa desigualdade social e ainda mantém um elevado nível na relação dívida bruta-PIB, com uma grande proporção de gastos públicos. ¨Precisamos parar de fazer muitas coisas e fazer aquilo que o país precisa: boa saúde, educação e segurança. Se o governo fizer isso, ele dará espaço para que todos possam crescer e se desenvolver¨, completou Figueiredo.

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