O ano de 2025 inicia-se em um cenário macroeconômico desafiador e complexo, marcado por uma combinação de fatores que exige análise criteriosa e gestão disciplinada, para poder alcançar resultados sustentáveis.
No âmbito doméstico, as pressões inflacionárias continuam sendo um ponto de atenção. Com projeções de inflação acima do teto da meta estabelecida, o Banco Central deverá elevar a Selic em nível restritivo, próximo a 15%. Esse cenário, somado a uma taxa de câmbio desvalorizada, reflete preocupações fiscais estruturais que seguem impactando a confiança dos investidores e a dinâmica do mercado interno.
No contexto internacional, a escalada das tensões geopolíticas e comerciais tem aprofundado a instabilidade global. Conflitos territoriais e disputas políticas afetam o desenvolvimento de regiões estratégicas, enquanto blocos comerciais e parceiros tradicionais, como Estados Unidos, México, Canadá e China, reconfiguram cadeias produtivas e intensificam retaliações. Esses movimentos não apenas elevam os custos operacionais globais, mas também pressionam a recuperação econômica pós-pandemia em algumas regiões, já fragilizadas por sucessivas crises.
Como consequência, observa-se uma desaceleração sincronizada do crescimento global, inflação persistente e volatilidade nos mercados financeiros. Para gestores de recursos, especialmente no setor previdenciário, esse cenário exige não apenas resiliência, mas também uma visão estratégica capaz de transcender ciclos curtos de turbulência.
Destaca-se que nossa abordagem, enquanto gestores previdenciários, nos permite não apenas enfrentar desafios, mas também identificar e capitalizar oportunidades que emergem nesse contexto. Um exemplo seria a reavaliação das estratégias de casamento entre ativos e passivos diante de um momento de taxas reais atrativas nos títulos atrelados à inflação.
Além disso, temos a prerrogativa de utilizar o tempo a nosso favor. Essa perspectiva nos possibilita atravessar períodos de alta volatilidade sem perder de vista objetivos fundamentais: a preservação do capital, o equilíbrio atuarial dos planos e o atingimento de rentabilidades aderentes aos diferentes perfis de risco.
A personalização é um pilar essencial na Valia, uma vez que cada plano administrado possui características e necessidades específicas. Assim, nossas decisões são fundamentadas no equilíbrio entre risco e retorno, atuando de maneira estruturada e alinhada às necessidades de cada participante. Dessa forma, mitigamos riscos no curto prazo, ao mesmo tempo em que buscamos maximizar oportunidades em segmentos diversificados, assegurando um horizonte de investimentos sólido no longo prazo.
Nesse contexto, a diversificação em nossa estratégia de gestão configura-se como outro pilar fundamental. Ao distribuirmos recursos entre diferentes classes de ativos, setores e regiões geográficas, reduzimos a exposição a riscos específicos e aumentamos a resiliência das carteiras. Esta abordagem permite que, quando determinados mercados enfrentam turbulências, outros possam compensar eventuais perdas, mantendo a estabilidade do patrimônio. Como exemplo recente, vimos em 2024 a contribuição muito positiva da classe de investimentos no exterior, equilibrando os resultados consolidados da Valia em um ano difícil para os ativos domésticos
Reafirmamos, neste ano desafiador, nosso compromisso com uma gestão robusta, disciplinada e focada na proteção do capital. A solidez de nossa estratégia no longo prazo reflete um modelo de gestão que não apenas adota boas práticas de mercado, mas também promove segurança e sustentabilidade para nossos participantes. Estamos preparados para acompanhar as transformações dos mercados e capturar as oportunidades que surgirem no horizonte, sempre mantendo como prioridade a segurança financeira dos nossos participantes.
*Marcella Sleiman é gerente de Investimentos Mobiliários da Valia.